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HomeOpiniãoO pacifismo ocidental e a tragédia síria

O pacifismo ocidental e a tragédia síria

A paz tem de assentar no humanismo. Não é possível deixar os outros tratar os refugiados como carne para canhão. Não podemos deixar que o pseudo-pacifismo conduza de novo a Europa ao desprezo pela vida humana.

  • 9 Março, 2020
  • Paulo Casaca, em Bruxelas
  • Posted in Opinião
  • 4

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  1. Verdade e memória

Nos últimos meses a limpeza étnica atingiu mais um milhão e meio de sírios, que se irão agora juntar aos 6,2 milhões de deslocados dentro da Síria estimados antes da crise, aos muitos milhões de refugiados – a Wikipédia estimava já cinco milhões em 2016 – às vítimas mortais que se estimavam em 450.000 em 2016 e que agora se situarão talvez no dobro. É importante notar que grande parte das vítimas foi assassinada metodicamente pela aliança Assad-russo-iraniana, num número estimado em quase 100.000 nos finais de 2018.

De uma população estimada em 21 milhões de habitantes em 2010, a Síria terá assim visto qualquer coisa como dois terços da sua população expulsa do seu lar ou morta, numa guerra cuja brutalidade não fica atrás do que de pior se registou no último conflito mundial.

Para nos darmos conta do desprezo a que o Ocidente e o seu suposto pacifismo votou as vítimas da guerra, basta termos em conta que a eliminação de um dos mais importantes personagens no planeamento da carnificina – Qasem Suleimani – foi vista maioritariamente no Ocidente como incorrendo no ‘risco de iniciar uma guerra’ motivando mesmo um grande movimento pacifista. Seria mais ou menos o mesmo do que reagir ao assassínio de Hitler (muitas vezes tentado mas, infelizmente, nunca consumado) como pondo em risco a paz no mundo e organizar um movimento de protesto.

Mas infelizmente os paralelos não acabam aqui e é aterrador verificar como a humanidade repete precisamente os mesmos erros que cometeu o século passado como se não tivesse memória ou a verdade fosse algo de fluído e moldável às circunstâncias.

Dois dos domínios em que isso me parece especialmente assim são a política de ausência e o tratamento dos refugiados.

  1. A política da ausência

A invasão do Iraque tem servido de fundamento para a política da ausência em vigor no Ocidente (de forma mais declarada na Europa ou no Canadá, mas igualmente nos EUA, em qualquer das últimas administrações, incluindo portanto a de Donald Trump).

É verdade que se tratou de uma guerra absurda, é verdade que a ganância petrolífera foi importante na sua montagem, é verdade que não se fazem democracias através de invasões, mas os principais problemas não estão aí.

O principal problema é que o Ocidente e em particular os EUA permitiram a infiltração dos seus sistemas educativo, informativo e político pelo Jihadismo, nomeadamente o iraniano. Foi esse Jihadismo que lançou a desinformação sobre as armas de destruição maciça; que fabricou a ficção do monstro Saddam entre pombas; que sabotou as possibilidades de recurso a verdadeiros dissidentes iraquianos; que invadiu o Iraque de forma discreta mas óbvia sob o beneplácito ocidental; e que convenceu o Ocidente a destruir o Estado iraquiano (o Exército e o resto) e a assegurar portanto o Caos, o terrorismo e a eclosão dos Guardas Revolucionários Islâmicos como única força organizada no terreno.

O principal drama do Iraque não foi a intervenção ocidental, foi dar o Iraque à Jihad iraniana, tornando também inevitável o desenvolvimento de outros movimentos jihadistas!

Numa leitura errada da realidade tirou-se a conclusão errada, a de que o melhor é nunca intervir. Foi assim que o Ocidente assistiu impassível ao assassínio massivo de todos os que protestaram contra o regime de Assad (e muitas vezes aqueles que eram apenas familiares) na sua esmagadora maioria defendendo a liberdade e a democracia e vindos de todos os grupos étnicos e religiosos.

O regime conseguiu transformar a revolução civil numa Jihad contando para esse efeito com o facto de 80% da população original do país ser árabe sunita, libertando os líderes jihadistas enquanto executava os líderes não confessionais, e com a decisão ocidental de entregar à Turquia o papel de líder da oposição síria, com o argumento extra de que apenas tinha de se preocupar com os Jihadistas que na altura atacavam já o território europeu (a dissidência da Al-Qaeda).

O Ocidente não só não se opôs, como de certo modo incentivou a invasão da Síria pelo Irão e a Rússia que reimpuseram um regime que estava prestes a perder Damasco. O Ocidente manteve uma posição mínima no terreno com o não assumido mas consciente cálculo de deixar as facções jihadistas e os seus patronos degladiar-se mutuamente.

Convém não esquecer que o mesmo cálculo foi feito antes da segunda guerra mundial quanto ao confronto Nazi-Soviético (nem tudo o que o revisionismo de Putin reclama é falso) com os desastrosos resultados conhecidos.

A política da ausência foi largamente acentuada com o desprezo pela Defesa; levou a que o cenário sírio se possa estender agora à Líbia e, depois disso, ninguém sabe até onde, e, nos últimos anos resultou na chamada ‘crise dos refugiados’, tema que já abordei aqui no Tornado várias vezes e que voltou agora às primeiras páginas.

  1. Os refugiados, carne para canhão do Jihadismo

O empurrar dos refugiados sírios – maioritariamente árabes sunitas que passaram pela lavagem ao cérebro jihadista – para a Europa sempre foi vista por ambos os impérios Jihadistas em competição (o iraniano e o turco) como excelente pela desestabilização que estes iriam provocar no curto prazo e pelo reforço das suas posições na Europa.

A limpeza étnica da Síria – activamente prosseguida pelos Jihadistas pró-turcos contra as minorias e pelo Jihadismo pró-iraniano contra a maioria árabe sunita – pode assim transformar-se numa dupla vantagem por ambos os contendores. A Europa fez aquilo que tem feito há décadas, que é pagar aos Estados para conter a emigração.

A Turquia, que tem sido o menos hábil e menos estratégico dos contendores, sofrendo pesadas baixas na guerra e enfrentando um profundo descontentamento popular com a sua política (apesar dos constrangimentos, ainda há eleições na Turquia e o Governo pode vir a perdê-las) resolveu aumentar a sua pressão sobre a Europa, enviando os refugiados para a fronteira com a Grécia, imitando táticas de utilização de civis como carne para canhão que tiveram algum sucesso em Gaza contra Israel.

E é esta mesma Europa que relutantemente abriu algumas portas no passado que agora as fecha, no que é a consequência necessária da opção ‘pacifista’ que tomou, por não ter compreendido que uma coisa é procurar a paz, outra, é incentivar a guerra a pretexto de querer a paz.

A paz num mundo de guerra constrói-se reforçando os meios de defesa, não optando pelo desarmamento e menos ainda por confiar inteiramente em outrem para a defesa, insultando ainda por cima esse mesmo outrem.

A paz não pode assentar tão pouco no apaziguamento dos que querem a guerra, porque isso só a estimula, mas assenta antes na construção de uma sólida aliança com os que querem a paz, uma aliança onde há condições e concessões, mas que é para ser levada a sério. A Europa precisa de uma aliança com o mundo árabe, aliança não para deslocalizar para este o antissemitismo europeu, que é a única coisa que se tem feito até hoje, mas para formar uma aliança de progresso e de desenvolvimento.

A paz tem de assentar no humanismo. Não é possível deixar os outros tratar os refugiados como carne para canhão. Não podemos deixar que o pseudo-pacifismo conduza de novo a Europa ao desprezo pela vida humana.

Há que encontrar forma de proteger todos os que fogem da guerra, mesmo que essa protecção tenha de ser exercida contra os seus pretensos protectores.


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Paulo Casaca, em Bruxelas
Paulo Casaca, em Bruxelas

Foi deputado no Parlamento Europeu de 1999 a 2009, na Assembleia da República em 1992-1993 e na Assembleia Regional dos Açores em 1990-1991. Foi professor convidado no ISEG 1995-1996, bem como no ISCAL. É autor de alguns livros em economia e relações internacionais.

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