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Sexta-feira, Abril 26, 2024

O porto de Praia da Vitória e a visita de Xi Jinping

José Mateus
José Mateus
Analista e conferencista de Geo-estratégia e Inteligência Económica

Os chineses publicitaram o seu interesse por Sines há bem uma década (pela mesma altura em que Obama andava muito entretido com o seu – falhado – “shift” para o Pacífico). Pelo mesmo tempo, começaram a incluir os Açores em “escalas técnicas” de viagens dos seus dirigentes máximos e a manifestar, pouco subtilmente, o seu interesse por bases naquele arquipélago (ao mesmo tempo que Obama mandava anunciar o seu desinvestimento nas Lajes…).

Este quadro de circunstâncias fez tocar algumas campainhas em Washington e alguns gritos alarmados de “red flag over the Atlantic”…

O interesse de Pequim em Sines continuou público mas os Açores quase desapareceram deste radar. Delegações chinesas vieram, entretanto, visitar Sines – sempre manifestando o seu interesse em criar ali um ponto de apoio à sua frota mercante e ainda à militar. A actual ministra do Mar também se deslocou algumas vezes à China (onde foi muito bem recebida e acarinhada e aproveitou para ir às compras).

Culminando este processo, o “imperador vermelho” Xi Jinping visita agora Lisboa, em início de Dezembro, como aqui tínhamos antecipado.

A energia (ou seja, o controlo da EDP e da REN pelo Estado chinês) é oficialmente anunciada como “prato forte” da agenda. Mas além da energia e do oficialmente anunciado que mais vem aí na agenda Xi Jinping? Sines, claro. Mas, cuidado, um porto pode ocultar outro…

Os chineses já terão percebido que o uso militar de Sines é uma impossibilidade (recorde-se que um governo português, com Sá Carneiro como P-M, recusou aos Estados Unidos o estacionamento de um porta-aviões ao largo de Sines…).

E se continuam a falar de Sines é para melhor ocultar o seu real interesse num outro porto de águas profundas, menos visível e mais no centro do Atlântico: Praia da Vitória, na ilha Terceira… sim, a mesma ilha da base das Lajes!

O modelo que Pequim tem mente para assegurar a “coexistência pacífica” com a presença americana é o do “sítio” onde a China instalou a sua primeira base naval no estrangeiro, junto a franceses, americanos e outros: Djibouti!

A escolha do modelo não podia ser mais esclarecedora…

 

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