A geringonça é simples e não precisa de cérebros imensos para a perceber. António Costa, o primeiro-ministro, diz amiúde que sim ao PCP e ao Bloco.
Depois do “sim” manda os seus homens dizer “nim”. No fim, Mário Centeno e Pedro Nuno Santos lá convencem os partidos-pilar que “não”. E tudo corre bem.
Entre o “sim” e o “nim” há debates parlamentares.
Quando corre mal, e até agora não correu, o momento do “não” é um momento de nova proposta.
Isto é: Costa manda negociar o não que PCP e BE não desejam por uma nova medida, uma troca mais à frente, um apoio prometido a outra coisa.
É assim que surge a eutanásia ou a reversão dos contratos dos transportes públicos.
Quem pensa que PCP e BE estão lá para atrapalhar, engana-se. Quem está no Governo para morder António Costa é o PS, que tem ódio a algum PCP e inveja/ciúme do Bloco.
Por isso as bases estão com Costa mas desconfiam da técnica e da táctica de negociação. Antes de qualquer derrota nas autárquicas, no entanto, a grande massa socialista estará sossegada, porque quer mesmo a geringonça a funcionar.
O PSD e o CDS nem sequer são problema. Costa percebe bem que Cristas não morde e que o cadáver Passos está à espera que o tempo lhe entregue de novo o poder.
Passos não deseja governar, outra vez, em desmando de contas públicas. Queria mostrar-se o Pedro Bom, depois de termos visto o Pedro Mau. Tem uma certa razão: é inglório fazer o mal aos portugueses e não ter sequer dez minutos de glória a distribuir benesses.
Mas a História não paga a traidores e Pedro esteve, aparentemente, demasiado próximo dos que fizeram de Portugal “um protectorado”. Passos que agradeça a Portas a ambiguidade da mensagem.
Por isso, tranquilidade.