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Sexta-feira, Abril 26, 2024

Rosa, africana em Europa: Não somos Cobaias!

Isabel Lourenço
Isabel Lourenço
Observadora Internacional e colaboradora de porunsaharalibre.org

Num vídeo no facebook que já é viral, Rosa, uma jovem mulher africana que reside na Europa dá uma resposta contra as tentativas ocidentais de testar a vacina Covid-19 na África (vídeo).

A jovem não fala apenas da ideia infame de utilizar os africanos como cobaias para possíveis testes como denuncia o saque dos recursos africanos, o CFA e as suas implicações e o neocolonialismo ocidental.

A indignação de Rosa vem na sequência de uma entrevista na passada quarta-feira no canal televisivo LCI com Camille Locht, diretor de investigação do Inserm, o instituto nacional de saúde francês e Jean-Paul Mira, director da unidade de cuidados intensivos do hospital Cochin em paris. Jean-Paul Mira sugeriu testes de utilização da vacina BCG contra o coronavírus em africanos.

Segundo ele “… não devíamos fazer estes estudo em África, onde não há máscaras, tratamento ou cuidados intensivos, um pouco como se faz, aliás, para certos estudos da SIDA ou com prostitutas? Tentamos coisas porque sabemos que elas estão altamente expostas e não se protegem”.

Locht concordou: “Você está certo. Estamos a pensar num estudo paralelo em África de maneira semelhante. Acho que já existe um pedido e que, se ainda não saiu, será publicado e pensamos seriamente nisso. Também não rejeitamos um estudo na Europa ou na Austrália”.

 

Protestos, e o pedido de desculpa

Devido aos múltiplos protestos, entre outros de jogadores de Futebol de renome como Didier Drogba ex-jogador do Chelsea e Eto’o ex-jogador do Barcelona.

Mira fez uma declaração onde lamentava o sucedido: “Quero apresentar as minhas desculpas a todos os que ficaram magoados, chocados e se sentiram insultados pelas observações que exprimiu desajeitadamente na LCI esta semana”.

 

 

Testes em África não é novidade

Os testes de farmacêuticos e vacinas em África não são novidade. Inúmeros ensaios que seriam impensáveis no Ocidente são feitos à revelia em África muitas vezes “disfarçados” de ajuda. Várias ONGs já têm denunciado que as grandes farmacêuticas utilizam as populações do campos de refugiados como um centro de experiência e cobaias.

Uma das maiores atrocidades que as mulheres do Zimbábue sofreram nas mãos do regime da Rodésia na década de 1970 foi a administração de Depo-Provera, uma droga anticoncepcional que mais tarde provou causar, entre muitos efeitos colaterais, amenorreia.

A droga, dada à força a mulheres negras que trabalhavam nas fazendas comerciais brancas e foi apenas proibida em 1981, um ano após a independência do Zimbábue.

Talvez a mais brutal de todas as experiências médicas anti-éticas realizados em africanos por empresas farmacêuticas multinacionais tenha sido o ensaio clínico do medicamento Trovan, da Pfizer (farmacêutica multinacional americana), em Kano, capital do estado de Kano, no norte da Nigéria.

Nos anos 90, durante uma epidemia de meningite na cidade de Kano, o medicamento Trovan foi administrado como parte de um ensaio clínico ilegal, sem a autorização do governo da Nigéria, nem o consentimento dos pais das crianças nas quais o teste foi realizado.

Onze crianças morreram devido às experiência e muitas outras ficaram cegas, surdas ou com danos cerebrais irreversíveis.

Em Janeiro de 2009, o Tribunal de Apelações dos EUA decidiu que as vítimas nigerianas e as suas famílias tinham o direito de entrar com uma acção judicial contra a Pfizer nos EUA sob o Estatuto de Tortura de Estrangeiros. Um acordo de US $ 75 milhões foi alcançado com o Estado de Kano, alguns meses depois. Até aos dias de hoje experiências ilegais são realizadas em África pelas multinacionais que muitas vezes se “mascaram” de organizações não governamentais de ajuda humanitária.


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