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Terça-feira, Abril 23, 2024

Tem Opinião?

Beatriz Lamas Oliveira
Beatriz Lamas Oliveira
Médica Especialista em Saúde Publica e Medicina Tropical. Editora na "Escrivaninha". Autora e ilustradora.

Os Prós e os Contras

Somos atingidos (ou fulminados) diariamente com campanhas, mensagens, informações, sugestões. Todo este amálgama de informação pode influenciar, ou não, as nossas atitudes, as nossas tomadas de decisão, os nossos comportamentos?

De vez em quando, muito raramente, também nos pedem a nossa opinião. Eu fico de pé atrás. Mas deve haver quem fique nas pontas dos pés para debitar uma opiniãozinha.

Por exemplo, há programas na televisão em que se organiza um debate sobre um assunto, um problema, uma questão em foco. Aí, o apresentador convida algumas pessoas, dá uns tempos de microfone a cada uma (há umas a quem dá mais tempo, e há outras que interrompem mais, outras falam pouquinho, enfim, é o que temos como canto canoro). Debitadas as opiniões dos especialistas, sagrados pela televisão como sendo os mais abalizados, vai-se então depois pedindo a opinião dos expectadores que estão em casa sentados ou num banco de pau ou num sofá de pele bem curtida.

Se alguém quiser, e se tiver telefone, liga para lá, paga a chamada, e dá o seu sim ou o seu não. No fim há X sim e Y não. E há XY confusão.

Quem respondeu já se transformou num número, ou numa percentagem, mas vá lá! também já se transformou em membro de um clube – ou do clube dos sim ou do clube dos não. Ou membro do Clube dos exibicionistas.

A opinião de qualquer um de nós depende da informação sobre o assunto. Da interpretação dos dados que foram sendo apresentados durante o programa pelos argumentadores convidados,

Da nossa experiência anterior. Do grau de cultura. Da inteligência. Da sensibilidade. Da memória. Do nosso interesse maior ou menor no assunto em questão. Das nossas necessidades,  expectativas, do modo de sentir hoje, aqui e agora.

Dou a minha opinião instantânea.

Mas não tenho oportunidade de dizer porquê. Nem se a minha opinião vai mudar amanhã, se eu descobrir algum outro dado, outro aspeto sobre o mesmo assunto, que modifique toda a minha perspetiva.

A opinião dada fica congelada.

A minha opinião também depende de como eu vejo (ou sinto) o apresentador e os convidados: do meu juízo sobre as suas qualificações, habilidades, desempenhos. São simpáticos, bonitos, insinuantes? Gaguejam? Falam depressa, usam palavras difíceis, escondem-se atrás de números, estão bem vestidos?

As opiniões, as minhas, as suas, as tuas, são somadas e transformadas em números.

Como? Por quem?

E se esses números acabassem por ser utilizados contra mim? Ou contra alguém?

Eu, e os que comigo responderem «sim» ou «não», somos todos iguais? Somos homens ou mulheres? Novos ou velhos? Da cidade ou do campo? Cultos ou analfabetos? Gostamos todos das mesmas coisas?

As perguntas são neutrais?

Os convidados são escolhidos por serem os mais competentes? Os mais interessados no assunto? Por representarem grupos de pressão? Por serem os mais hábeis ou os mais inábeis?

Um debate na televisão será o melhor ponto de partida para de seguida nos perguntarem a nossa opinião? Como vai ser utilizada a nossa opinião e por quem?

É que nos pedem a nossa opinião tão poucas vezes, que até já ganhamos este jeito de perguntar:

Porquê? Para que a querem?


Por opção do autor, este artigo respeita o AO90


 

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