
Virgínia Moura
1915 – 1998
Figura ímpar da Oposição Democrática à ditadura fascista, Virgínia Moura foi uma cidadã que, ao seu percurso de lutadora activa, corajosa e abnegada, juntava a cultura, os afectos e a modernidade, o que a tornava uma mulher diferente e cativante.
- 8 Março, 2017
- Helena Pato
- Posted in A Liberdade passou por aqui
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Foi presa por quinze vezes, nove vezes processada, três vezes condenada, agredida inúmeras vezes pela PIDE durante actos públicos de afirmação democrática.
Biografia
Apesar de ter sido rejeitada pelo pai e avós, teve uma infância feliz em S. Martinho do Conde.
“ Vivi ali uma infância feliz e alegre…Os habitantes dessa terra foram a minha primeira família. A verdadeira aceitou mal o meu nascimento e tanto o meu avô como os meus tios mais velhos cortaram relações com a minha mãe, durante dez anos”
Com dez anos prepara-se para entrar no liceu. A guerra acabara há pouco tempo, as consequências ainda se sentiam e as dificuldades económicas eram enormes. Para ir para o Liceu VM teve de obter notas suficientemente elevadas para poder beneficiar de uma bolsa de estudo. Nos anos 20 a família transfere-se para Vila de Conde e tudo passou a ser mais difícil. A mãe quase não saía de casa a não ser para dar aulas, e Virgínia Moura era rejeitada pelas colegas.
“A nossa vida não foi fácil. Lembro-me de ouvir colegas do Liceu dizerem, baixinho, que gostariam que eu fosse a casa delas, mas que tal não podia ser porque o meu pai não era casado com a minha mãe”
Nessa altura, Virgínia e a mãe receberam a visita de um familiar que a marcou: simpatizava com o socialismo, lia muito e emprestava-lhe livros que falavam de um outro mundo diferente.
“Saber da existência de países onde uma mulher não seria tratada como a minha mãe foi e como eu era…”
Com apenas 15 anos de idade participou numa greve estudantil, na Póvoa de Varzim, em protesto contra o assassinato pela polícia de um jovem estudante [chamado Branco].
Modificar a situação existente à sua volta

Eleições Presidencias de 1951
Virgínia Moura, Ruy Luís Gomes, Lobão Vital.
Em 1933 Virgínia Moura ligou-se ao PCP, e logo nesse ano participou na organização da secção portuguesa
Virgínia Moura colaborou em jornais como “O Diabo”, de Lisboa; “O Pensamento”, do Porto; e “O Trabalho”, de Viseu. Assinava os seus escritos como “Maria Salema”– o pseudónimo com que procurou iludir a polícia política e os censores. Contribuiu para promover a criação da Revista “Sol Nascente” e organizou conferências com participação de figuras destacadas da Cultura, tais como Maria Lamas, Teixeira de Pascoaes e Maria Isabel Aboim Inglês.
A sua intensa e corajosa actividade política contra o regime fascista levou-a,
Na Revolução foi uma participante entusiástica.
Depois do 25 de Abril e nas novas condições de liberdade, continuou a luta em defesa e consolidação do regime democrático e pelas “transformações capazes de assegurar em Portugal um regime socialista”.
Homenagens

Condecoração de Virgínia Moura com a Ordem da Liberdade, pelo PR General Ramalho Eanes. Fotografia de Maria Salomé Vasconcelos, a quem agradecemos
- 1996 – Nas comemorações do seu 80º aniversário foi homenageada no Palácio de Cristal, no Porto, tendo nessa altura sido lançado pelas edições \”Avante!\” o livro Virgínia Moura, mulher de Abril – Álbum de Memórias
- 1999 – Foi inaugurado um busto de Virgínia Moura, da autoria do escultor Manuel Dias, precisamente 50 anos após a sua primeira detenção pela PIDE. A escultura foi colocada em frente do edifício onde esteve sedeada aquela polícia e onde foi presa pela primeira vez.
- 2008 – Na passagem do 10º aniversário sobre a sua morte foi organizada uma exposição evocativa de Virgínia Moura no Centro Cultural de Rio Tinto, patente entre 28 de Junho e 12 de Julho
- Em Guimarães existem com o seu nome: o Agrupamento de Escolas Virgínia Moura, a Escola Básica Virgínia Moura e a Rua Engenheira Virgínia Moura.
- Virgínia Moura foi agraciada com a Ordem da Liberdade pelo PR General Ramalho Eanes e, ainda, com a Medalha de Honra da Câmara Municipal do Porto durante a presidência de Fernando Cabral.
- Em 2015, no centenário do seu nascimento, o PCP prestou-lhe homenagem com diversas iniciativas partidárias.
- SIGARRA Organizacional
- «MOURA, Virgínia. Edições Avante, Lisboa-1996»
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Antifascistas da Resistência