Amanhã, 13 de Janeiro, a emblemática Livraria Lello & Irmãos, no Porto, completa 110 anos de existência, e para assinalar a data, a entrada será gratuita. O francês Ernesto Chadron fundou a livraria em 1869, na Rua dos Clérigos, mas com o imprevisto falecimento do proprietário aos 45 anos de idade, a firma foi adquirida por Lugan & Genelioux, Sucessores. Algum tempo depois, Mathieux Lugan ficou como único proprietário.
Em 1891, a Livraria Chardron adquiriu os fundos de três casas livreiras portuenses. Três anos depois, Lugan vendeu a antiga livraria Chardron a José Pinto de Sousa Lello, que tinha aberto um estabelecimento livreiro em 1881, na Rua do Almada. Lello associou-se a seu irmão António, manteve a Chardron e em 1898 a nova sociedade recebeu o fundo bibliográfico da Livraria Lemos & Companhia.
A 13 de Janeiro de 1906, é inaugurado o novo edifício da Lello & Irmãos, com projecto do engenheiro Francisco Xavier Esteves, situado no número 144 da Rua das Carmelitas. Trata-se de um edifício do estilo neogótico portuense, com bustos de Antero de Quental, Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco, Teófilo Braga, Guerra Junqueiro e Tomás Ribeiro, destacando-se ainda o vitral que ostenta o monograma e a divisa da livraria: “Decus in Labore”. A grande escadaria que dá acesso ao primeiro piso é outro dos destaques.
O espaço viria a ser restaurado em 1995, tendo o serviço sofrido alterações para se manter actualizado conforme os avanços da tecnologia, e foi ainda criado um espaço de galeria de arte e de tertúlia que se tem afirmado como pólo cultural da Invicta.
Mais de mil turistas visitam todos os dias a livraria, pelo que em 2015 foi criada uma taxa de entrada na mesma, de três euros, valor que é descontado na compra de livros. O edifício da Livraria Lello foi considerado pelo jornal britânico The Guardian a terceira mais bela livraria do mundo, enquanto o escritor espanhol Enrique Vila-Matas a proclamou a mais bela do planeta, título também dado pela cadeia de televisão CNN. A revista norte-americana Time considerou a Lello uma das 15 mais interessantes do mundo e a editora australiana Lonely Planet elogiou o edifício como sendo “uma pérola da arte nova”, comparando a escadaria a “uma flor exótica”.