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Quarta-feira, Dezembro 4, 2024

O XX Congresso do PCP e as primeiras impressões do Bruno

Rogério V. Pereira
Rogério V. Pereira
Estudou Engenharia Química no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa. Começou a trabalhar como Técnico de Organização Industrial e terminou no topo da carreira, como sénior manager, nas áreas da consultoria em organização e gestão.

 

Imagem: Pedro Soares/Fb
Imagem: Pedro Soares/Fb

Porque mal conhece Almada ofereci-lhe boleia. Deixei-o à porta e só lhe retomei o rasto quando no final se deu o reencontro. De regresso a casa, perguntei a sua opinião, lançando-lhe um “Que tal?”

– Nada me surpreendeu! A disciplina, o controlo, o rigor no cumprimento dos tempos das intervenções, os discursos…

– Bruno, o Congresso é o corolário de meses e meses de trabalho “em 2151 reuniões, plenários e assembleias, com a participação de mais de 20 mil militantes, num processo de discussão democrática, cimentando a unidade e coesão” e que já teve expressão neste primeiro dia de Congresso.

– Sabe?, interroga Bruno

– Diga.

– A maior surpresa deste meu primeiro Congresso, sou eu próprio! Julgava que depois de ouvir tanta intervenção, desligava. E não foi isso que aconteceu… e dei comigo a pensar que não houve nenhuma intervenção fraca. Talvez ao ler possa ter outra ideia, mas ouvir é outra coisa. Percebe-se que há força e energia na voz, que há convicção, que há vontade em seguir em frente, que há vontade… revolucionária!

E depois fomos comentando o discurso de abertura do Jerónimo, a sua estrutura cuidada, as frases construídas por palavras simples e directas, a dinâmica da leitura e a capacidade de, apesar da extensão, prender a assistência que sublinhava as partes mais fortes com prolongadas salvas de palmas. Falámos de quais as intervenções mais serviam para os nossos objectivos locais e ficou o compromisso de editarmos a intervenção do Bernardino Soares, na página lá de Oeiras.

Chegámos ao local onde tivémos de nos despedir, combinando a hora em que iria passar no dia seguinte. Fosse o trajecto um pouco mais longo e falaria ao Bruno do que o Público tinha publicado sobre o Congresso passado:

“Os congressos do PCP são diferentes, não só porque o que se passa na sala é importante, nem apenas porque os discursos são verdadeiramente políticos e programáticos, mas também porque o PCP é um partido diferente.

Todavia, essa diferença é feita de evolução e o PCP que sai do XIX congresso não é o PCP que chegou a Almada na sexta-feira, e muito menos o PCP de há uma ou de há duas décadas. Mais: o PCP pode até ser considerado um partido a anos-luz de diferença do que foi no passado. É hoje um partido que mantém toda a identidade e simbologia comunista, marxista-leninista, a sua matriz revolucionária, a sua natureza de classe e a sua atitude de vanguarda da classe operária e dos trabalhadores.”

«No Público, hoje» em 4 de Dezembro de 2012

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