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Sexta-feira, Abril 19, 2024

2015: O Ano do Salto Quântico

José Mateus
José Mateus
Analista e conferencista de Geo-estratégia e Inteligência Económica

José Mateus2015 foi o ano em que a política portuguesa deu um salto quântico. Com António Costa, o esclerosado sistema político-partidário português (que se mantinha inalterado desde 1975…) teve o seu momento quântico, neste final de ano. Subitamente e sem aviso, pelo que surpreendeu todos os distraídos que gostam de ser surpreendidos…Num repente, tudo se alterou. Algumas das consequências deste salto quântico ainda estão por aparecer mas outras já aí estão e são bem visíveis. Costa é primeiro-ministro. A esquerda reorganizou todo o seu espaço plural e obriga assim a toda uma recomposição da paisagem política portuguesa. Esta recomposição força, por sua vez, a surpreendida direita política a um processo de mutação de que já tivemos os primeiros sinais mas cuja conclusão ainda está longe e vai provocar muito choro e ranger de dentes. Cavaco é o grande derrotado desta história.

O homem que pretendeu utilizar o seu tempo em Belém para, inconfessadamente, reforçar a componente presidencial do regime (no que teria contado com o apoio da maioria dos Portugueses se tivesse sabido agir) sai de Belém pela esquerda baixa depois de ter sido obrigado a dar posse a um governo que abomina e que é chefiado por um dos homens que impôs o Parlamento como centro decisor do regime. Um Costa que em escassos meses impôs o exacto oposto do que um Cavaco, sem arte nem engenho, tentou ao longo de dois longuíssimos e arrastados mandatos.

2015 é o ano do salto quântico, da ultrapassagem da situação esclerosada do sistema político-partidário e da afirmação do Parlamento como centro decisor do regime. A resolução do esgotamento de um sistema partidário, já sem soluções para oferecer, só pode ser vista como positiva. Mas se a “parlamentarização” será uma coisa boa, durável e sustentável suscita dúvidas (tendo em conta certas tradições portuguesas…). E essa é a grande incógnita gerada pelo salto quântico orquestrado por António Costa, com os solistas Catarina Martins e Jerónimo de Sousa.

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