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Quinta-feira, Março 28, 2024

O Brasil perde Tereza Costa Rêgo

A artista plástica pernambucana expressou o imaginário popular e as mulheres de sua terra.

Em nota divulgada no início da tarde deste domingo, a família de Tereza Costa Rêgo anunciou a morte da pintura pernambucana. Os familiares agradecem as mensagens de condolências que mostram “o quão querida ela era por todos”. A família afirma também que “devemos sempre lembrá-la com amor, gratidão, alegria e saudade por tudo o que Tereza nos proporcionou em vida”. Por fim, pede compreensão aos amigos e amigas da família “para que ela possa, nos seu convívio, superar a imensurável perda”.

Tereza Costa Rêgo faleceu aos 91 anos, no Recife. Ela estava internada desde o sábado (25), na UTI coronariana do Hospital Santa Joana, em razão de um derrame seguido de parada cardíaca.

Com uma carreira reconhecida mundialmente nas artes plásticas, a artista chegou a dirigir o Museu Regional, o Museu do Estado e o Museu do Mamulengo. Ao lado de seu companheiro Diógenes Arruda, dirigente nacional do PCdoB, foi perseguida pela ditadura militar brasileira, tendo que se exilar no Chile e, posteriormenre, na França.

Sua vasta obra é notória por retratar o imaginário popular pernambucano e as mulheres de seu estado natal. Tereza tinha um ateliê em Olinda, onde residiu até pouco tempo.

O PV, que prestou homenagem à Tereza Costa Rêgo quando a artista completou 90 anos, rende sua homenagem a esta guerreira da arte brasileira e solidariza com a família, em particular com a jornalista Joana Rozowykwiat, que integrou nossa equipe por muitos anos.

 

“Um povo não existe sem cultura”

Em carta ao Coletivo de Cultura Tereza Costa Rêgo, a artista conclama à resistência contra a situação que o país atravessa.

Tereza Costa Rêgo (Foto: Daniel Rozowykwiat)

Em sua última manifestação pública, a artista plástica pernambucana falecida neste domingo (26), enviou uma carta ao Coletivo de Cultura Tereza Costa Rêgo, formado por artistas e trabalhadores da cultura de Pernambuco, lançado no dia 20 de julho. No estilo informal que marcou sua vida, Tereza fala de sua alegria e honra ao saber que um coletivo de cultura teria seu nome. Para ela, foi muito importante a iniciativa dos artistas “numa época dessa, com um ambiente político desses, com o clima emocional que o país atravessa nos últimos tempos”.

Tereza conclama “os artistas e o pessoal da cultura” a se unirem para ter mais força. “Ficarei muito feliz de ver os resultados, que eu sei que virão”, afirma ao se dizer também entusiasmada e enfatizar que “um povo não existe sem cultura”.

Lei a íntegra da carta:

Eu tive uma alegria muito grande e fiquei muito honrada quando soube que ia dar nome a um coletivo de cultura. Um coletivo de cultura no Brasil numa época dessa, com um ambiente político desses, com o clima emocional que o país atravessa nos últimos tempos, é uma coisa muito importante para o Brasil. 

Eu sou uma pessoa alegre, contente, não sou uma pessoa dramática. Mas a situação que vivemos hoje não está para brincadeira. Num cenário assim, é preciso se unir. Se os artistas e todo o pessoal da área da cultura se juntar, vai ter muito mais força. 

E eu ficarei muito feliz de ver os resultados, que eu sei que virão.  Esse coletivo de cultura vai ajudar a criar realidades que estão precisando ser colocadas na mesa. Um povo não existe sem cultura. Gostaria de dividir minha alegria com vocês, porque estou entusiasmada. Dar meu nome a esse coletivo é uma responsabilidade, que eu espero cumprir com dignidade. Um beijo em cada um de vocês, meus amigos. 


Texto em português do Brasil

Exclusivo Editorial PV / Tornado


 

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