Uma “justiça” demasiado politizada condenou ontem Sarkozy a 3 anos de prisão (um deles efectivo). Quando se está a um ano da campanha presidencial, há que reconhecer aos senhores juízes uma especial argúcia na escolha dos timings…
Com esta condenação (a um ano das “presidenciais”, repetimos, a um ano), a direita francesa perde o único líder susceptível de bater Macron. “Je vous ai compris”, dir-lhes-ia o senhor general De Gaulle.

Depois disto, aos senhores juízes, não se lhes pode reconhecer ponta de inteligência política nem qualquer réstia de capacidade para avaliar o efeito da sua jogada (neste timing, repetimos, neste timing) no tabuleiro político. Quem ganha com esta decisão dos senhores juízes não é Macron, ao contrário do que eles tenham podido ‘pensar’. É, sim, Marine Le Pen que assim viu a “justiça” abrir-lhe uma auto-estrada para o palácio do Eliseu.

Sem Sarkozy disponível (porque agora condenado), uma parte substancial do eleitorado popular de direita vai, finalmente, votar Marine e, provavelmente, vai passar-se de armas e bagagens (como há anos já o fez o eleitorado popular comunista…) para o campo do Rassemblement National e por lá ficar (como ficou esse eleitorado do PCF).
Ao mesmo tempo, aquele eleitorado de esquerda (ex-PS, etc.) que, em 2017, tinha salvado Macron de ser derrotado por Marine, faz saber que, em 2022, não voltará a “fazer barragem” para salvar Macron.

Do mesmo modo que Sócrates ter sido encerrado em Évora (por gente que a opinião pública identifica com a “direita”…) foi decisivo para levar o PCP e o BE para dentro da área de governo, esta decisão destes senhores juízes (gente que a opinião pública identifica com a “esquerda”…) pode ter mudado o tabuleiro político francês para o resto da década.
Duas conclusões:
- Em matéria de cálculo político, os senhores juízes são uns “inocentes” e, portanto, constituem um risco. Deveriam ter sempre presente o caso de Di Pietro e da grande operação “Mãos Limpas” cujo resultado mais pesado foi a destruição do sistema político italiano (DC, PC e PS desapareceram) e a sequente entrega da Itália a um inenarrável Berlusconi, seus amigos e suas festas ‘bunga-bunga’.
- Marine não pode esquecer-se de lhes agradecer e enviar uns ramos de flores.

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