Acaba de sair, aqui em Brasília, uma edição extraordinária do Diário Oficial (equivalente do nosso Diário do Governo) em que se publica já o acto de nomeação do ex-presidente Lula para o cargo de ministro-chefe da Casa Civil, equivalente a primeiro-ministro.
Com esta publicação, Lula readquire foro privilegiado e as investigações que estavam na primeira instância da Lava Jato em Curitiba, no Paraná, passam a ser responsabilidade do Supremo Tribunal Federal, em Brasília.
A pressa em publicar a nomeação revela que existia ao mais alto nível preocupação de que Lula pudesse ser detido a qualquer momento.
Moro acusou o toque e momentos antes dessa publicação, abriu o segredo de justiça, revelando a gravação de um telefonema entre Dilma e Lula, feita hoje pela Polícia Federal, na qual a presidente informa Lula de que lhe vai enviar o documento de nomeação para ele poder utilizar caso seja necessário, isto é, se ainda houver tentativa de o prender.
O país está dividido e a luta política via judiciário e imprensa prossegue, com a oposição a contestar a nomeação de Lula nos tribunais.
Um juiz do Supremo – Gilmar Mendes – conhecido pelo seu desamor ao PT, já se pronunciou, consideração a nomeação de Lula uma “bizarrice” sem paralelo nos anais do país.
A “novela” brasileira, portanto, prossegue, com novos episódios e golpes de teatro praticamente diários – às vezes mais do que um por dia.
O perigo é que os ânimos esquentem e acabem por gerar violência.
Neste momento, convocada pela oposição,decorre uma manifestação em Brasília junto ao palácio do Planalto, temendo-se que possa haver confrontos e até tentativa de invasão das instalações da presidência.