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Quinta-feira, Março 28, 2024

A beleza da simplicidade em As Pontes de Madison

Carolina Maria Ruy, em São Paulo
Carolina Maria Ruy, em São Paulo
Pesquisadora, coordenadora do Centro de Memória Sindical e jornalista do site Radio Peão Brasil. Escreveu o livro "O mundo do trabalho no cinema", editou o livro de fotos "Arte de Rua" e, em 2017, a revista sobre os 100 anos da Greve Geral de 1917

O filme mostra o fotógrafo no exercício de sua profissão. Através dele vemos que tal atividade requer um envolvimento pessoal com cada projeto.

Ao visitar o Estado de Iowa (EUA) para fotografar as famosas pontes cobertas para a revista National Geografic, o fotógrafo Robert conhece a dona de casa Francesca Johnson. Ela, ao se casar com um soldado americano, trocou a Itália pela América, e tem sua vida resumida a cuidar da casa e criar os filhos.

As Pontes de Madison é uma ode à simplicidade. Neste ponto o fotógrafo e a dona de casa concordam. Ninguém melhor do que eles para expressar tal beleza. Francesca segundo ela mesma, vive uma vida de “detalhes”. Detalhes esses que não escapam à percepção de Robert. Com seu olhar treinado de fotógrafo ele percebe a sedutora mulher que há em Francesca quando ela, do alto de sua maturidade, prepara o chá, seleciona os legumes, fala de si e dos seus com paciência e pudor.

O encontro de Robert e Francesca é comovente e profundo. A despeito dos seus contrastes – a provinciana dona de casa que não conhece muito além da cidade em que vive e o fotógrafo cosmopolita da National Geographic, com uma rica bagagem de experiências pelo mundo –, o filme nos convence de que eles foram feitos um para o outro.

Uma doce melancolia atravessa toda a história. Os pés no chão, o senso de responsabilidade e a pesada consciência das condições concretas deixam no ar a ideia de que já não há mais tempo para este amor. Ele chegou tarde.

O filme mostra o fotógrafo no exercício de sua profissão. Através dele vemos que tal atividade requer um envolvimento pessoal com cada projeto, e que, por ser um trabalho de concentração e individualidade, é fortemente marcada pelas idiossincrasias de cada profissional. Como contraponto, o filme mostra também uma mulher moldada pela vida como uma exímia dona de casa, condição esta que também é aprendida e que também tem suas peculiaridades.

As Pontes de Madison é uma adaptação do famoso romance The Bridges of Madison County, de Robert James Waller, que seria baseado em uma história real.

As Pontes de Madison
(The Bridges of Madison County)

EUA, 1995

Direção: Clint Eastwood

Elenco: Clint Eastwood e Meryl Streep


Texto em português do Brasil

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