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Sexta-feira, Setembro 13, 2024

Acordo histórico põe fim a conflito armado entre FARC e Colômbia

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Juan Manuel Santos, Raul Castro e Timoleón Jiménez

O governo colombiano, representado pelo presidente Juan Manuel Santos, e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), representadas pelo líder guerrilheiro Timoleón Jiménez, assinaram esta quinta-feira (23/06) um acordo histórico que põe fim ao conflito armado entre a guerrilha e as forças oficiais que já dura há seis décadas no país.

A cerimónia, iniciada com o hino nacional da Colômbia, teve como principais actores, junto com Santos e Jiménez, Raúl Castro, presidente de Cuba, e Borge Brende, chanceler da Noruega, os principais mediadores dos diálogos de paz, além de Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, entidade que monitorizará a aplicação do acordo.

O Chile e  a Venezuela, países que acompanharam o processo, foram representados ao mais alto nível, pelos respectivos presidentes, Michelle Bachelet e Nicolás Maduro.

Representantes de outros países, como Estados Unidos, México e El Salvador, da União Europeia e de organismos como a CELAC também estiveram presentes na cerimónia.

“Este é o resultado de um diálogo sério entre duas forças, sem que uma tenha derrotado a outra. Nem as FARC, nem o Estado são forças vencidas. Este acordo não é produto de imposições de uma parte à outra”… “Fomos adversários, mas agora temos que ser forças aliadas, pelo bem da Colômbia”, afirmou Timoléon Jiménez na sua intervenção durante a cerimónia.

Juan Manuel Santos, salientou, no seu discurso que o cessar-fogo dará mais oportunidades aos colombianos e permitirá o regresso de famílias que deixaram as suas casas devido à violência do conflito entre o governo e a guerrilha.

“Este acordo levará a uma democracia fortalecida, onde todos cabemos, onde todos poderemos opinar, discordar e construir. Onde as ideias se defendem com a razão e jamais com as armas”, disse o presidente que, acrescentou não estar e jamais estará “de acordo com a visão política e económica das FARC para o país”. E salientou, “o que se reconhece hoje é a possibilidade de discordar e de ter posições opostas sem a necessidade de se enfrentar por meios violentos”.

Os números do conflito na Colômbia são avassaladores: os cerca de 60 anos de duração, resultaram em 200 mil mortos, e 6,9 milhões de deslocados.

Mas finalmente a paz parece estar próxima: esta quinta-feira, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo do país referendaram um acordo de cessar-fogo bilateral e definitivo.

O acordo é formado por quatro pontos principais:
Cessar-fogo (e das hostilidades) bilateral e definitivo;
Desarmamento das Farc;
Garantias de segurança e luta contra organizações criminosas responsáveis por homicídios e massacres ou que ameaçam defensores dos direitos humanos e movimentos sociais e políticos;
Combate a condutas criminais que ameacem a construção da paz.

Trata-se de um facto histórico: um compromisso assumido entre ambas as partes, estabelecendo como será feito o desarmamento das Farc para que se constitua como uma força política.

A BBC Mundo reporta afirmações intelectuais a propósito deste facto histórico:

“Nunca antes as Farc haviam aceitado desistir do uso de armas”, diz Andrei Gómez Suárez, professor da Universidade de Los Andes e membro da ONG Rodeemos el Diálogo.

“As Farc deram uma demonstração contundente de que é possível controlar essa máquina de guerra e violência que é a organização”, diz Jorge Restrepo, director do Centro de Recursos para Análise de Conflitos (CERAC), em referência ao cessar-fogo unilateral que a guerrilha mantém desde Julho de 2015 e que tem sido correspondido pelas forças do Estado com uma redução das ofensivas contra o grupo.

A esse elemento, acresce o facto de ambas as partes terem aceite renunciar ao uso da violência, acrescenta Jorge Restrepo.

Além disso, diz Suárez, o acordo detalhado nesta quinta-feira também é um avanço em relação ao crédito dado pelas Farc ao governo colombiano. “Eles confiam que o Estado pode oferecer garantias de segurança suficientes para renunciarem ao uso da violência.”

Outro factor importante é o relevo dado ao acordo, como é possível constatar pela presença de diversas autoridades internacionais na cerimónia, .

Faltam alguns passos para selar definitivamente o acordo com as Farc, e ainda não começaram as negociações formais com o Exército de Libertação Nacional (ELN), a segunda maior guerrilha do país.

Também persiste na Colômbia o problema gerado por grandes grupos criminosos armados.

Mesmo assim, o que aconteceu nesta quinta-feira deixará o país, mais do que nunca, perto da paz.

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