Após os atentados terroristas, desta manhã, no aeroporto e metropolitano de Bruxelas, na Bélgica, que causaram 34 mortos (estimativas até ao momento), o Observatório da Liberdade Religiosa, em Lisboa, emitiu um comunicado acerca do assunto, condenando os ataques e afirmando que os princípios religiosos estão a ser instrumentalizados em nome de interesses políticos.
Esta instituição tem como missão “a observação do fenómeno religioso, no respeito pelos princípios das liberdades associativa, individual e de consciência”. Entre os seus fundadores, consta Alexandre Honrado, colunista do Tornado. Segue-se o comunicado na íntegra:
“O “terrorismo” à procura do Terror…
Na manhã de 22 de Março de 2016, o “terrorismo” voltou à Europa e, uma vez mais, vitimou inocentes. Esta acção demonstra claramente como, alegando motivações religiosas, assassinos procuram limitar a liberdade religiosa, agindo em nome de ideais que, pretendendo instaurar o medo e a instabilidade, servem apenas a barbárie e dão forma a obscuros interesses políticos ou económicos.
Como dissemos em Janeiro de 2015, a propósito do atentado contra um jornal satírico em Paris, e reafirmámos na sequência dos devastadores atentados de Novembro na mesma cidade, não nos cabe emitir juízos de valor ou sublinhar em destaque acusatório quaisquer interpretações teológicas desta ou daquela crença.
“As palavras podem ser sombras ao pé da imagem agitada daqueles que as interpretam. Todavia, somos sujeitos da nossa época e dos seus valores. Não há como negar a realidade em que culturalmente nos integramos e da qual somos herdeiros. Pela experiência histórica, sabemos que a religião, capaz de construir relações de solidariedade e compaixão, contribuindo para o edifício ético, é usada como combustível de guerra. Se é um desafio para todos os que sustentam e se guiam pelos ideais da Liberdade baseados nos Direitos Humanos, é também, e sobretudo, um desafio individual e colectivo para quem se diz islâmico.”
Em nome da liberdade religiosa, o OLR manter-se-á fiel aos seus valores: respeito pelo princípio das liberdades associativa, individual e de consciência; facilitar processos de diálogo cultural, especificamente o diálogo entre estruturas de crença, promovendo o respeito pelas diferenças e a responsabilidade social, para uma cidadania plena e activa; sinalização e análise do Fenómeno Religioso; estímulo às práticas de cidadania a partir da observação dos direitos e deveres inerentes à Liberdade Religiosa, como a importância do estudo e produção de conhecimento isento relativo ao Fenómeno Religioso em todos os escalões de ensino reconhecidos oficialmente.
Na manhã de 22 de Março de 2016 assistimos ao cenário extremo do “terrorismo” à procura do terror, mas também, pela firmeza da cultura europeia das liberdades e da justiça, à sua incapacidade de gerá-lo.
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