Face aos resultados do referendo, o Parlamento inglês tem de acolher ou não esta decisão. Na Inglaterra democrática tudo aponta para que este resultado seja acolhido.
A recolha de assinaturas para a repetição do referendo (façam-se tantos até que a minha opinião ganhe) já mereceu uma resposta do Primeiro Ministro (PM) afirmando que não haverá repetição. Um bom exemplo de responsabilidade democrática.
A UE, pelas vozes da Alemanha, França e Itália, já “intimou” a Inglaterra a accionar rapidamente os mecanismos de saída.
Mereceu a resposta firme do PM Inglês de que caberá à Inglaterra, e só a ela, decidir quando accionará o célebre artigo 50º.
Uma afirmação de soberania e de orgulho a que, em Portugal, vamos estando pouco habituados (recordemos as intervenções públicas de João Salgueiro que, infelizmente, são uma excepção no panorama de “bom aluno” que nos impingiram).
A Inglaterra vai definir a colaboração que pretende ter com a UE e em função disso estabelecerá a sua estratégia para as negociações. Tem que equacionar, entre outras, as questões da Escócia, do País de Gales e de Gibraltar.
Metodologicamente parece-me inatacável.
Do outro lado a UE quer minimizar os efeitos de incerteza nos mercados e evitar flutuações que lhe sejam desfavoráveis o que é legítimo. Quererá também tirar espaço de manobra a eventuais tentações de novos referendos dentro do seu espaço.
É o posicionar das partes que procuram marcar o terreno objecto de negociação. O que, eventualmente, representará uma postura menos séria são as tiradas políticas, radicalizadas, que poderão ter como resultado o crispar de posições que não interessam a nenhuma das partes.
É o caso, por exemplo, da extrema direita francesa e não só e da posição, no mínimo oportunista, do BE em Portugal.
Há outra dimensão que tem que ser equacionada: a geo-estratégica.
Com a saída de Inglaterra temos uma França fraca e uma Alemanha forte que já estendeu a sua influência para leste (as apressadas extensões da UE para leste serviram para fortalecer a Alemanha e o seu sonho de domínio).
Recorde-se que reunir a “nação alemã” sob o domínio de Berlin era o sonho de Hitler.
Fazer frente à Alemanha levará a uma colaboração França-Russia?
Não acontecerá pela primeira vez.
A questão estará em saber se, no ano de 2016, será possível uma aliança deste tipo.
Vamos ver o que nos trará o Brexit.