Jorge Sequeira, candidato validado à Presidência da República, está a usar a campanha para marketing pornográfico à sua empresa, com vista a ser tão popular como o Tony Carreira da excitação. O homem é um perigo social, apesar de mais perigoso ainda é perceber que há milhares de pessoas que frequentam a igreja Sequeira e são esses que mandam em empresas, que são os obedientes empregados. É um bullshit man, um homem da treta. Não pessoalmente, que não se sabe o que o senhor faz lá na vida dele. Até pode ser uma pessoa íntegra e honesta Mas profissionalmente, enquanto orador, Sequeira é uma vergonha e contribui para uma sociedade hedionda, estúpida e subserviente.
Sequeira diz-se um orador motivacional, mas na verdade é um prelado da normalização comportamental, um domador de curiosos, um assassino de inquietudes. O seu discurso, que se pode ver nos vídeos da sua página, goza da puerilidade bacoca. Diz coisas com “se te derem um pontapé no traseiro, até isso te empurra para a frente”. Sem sequer entrar na tentação de dizer a Sequeira a antiga piada de estarmos a um passo do abismo e levarmos um pontapé que nos atira para a frente, tem que se rebater esta abominação que é o “motivacionismo” e o “team building“.
Quando uma empresa contrata um prelado para dizer estas imbecilidades está a preparar os seus trabalhadores para levarem um pontapé no traseiro e pensarem que é bom. Quando uma empresa (e estão lá como clientes o Banif, a EDP, a Sonae, etc.) contrata este tipo de discurso o que deseja não é motivar. Sequeira diz que a “dúvida” cria angústia. Ora, sem a dúvida não se encontra nada. Se não tivermos a dúvida “onde é que pus as chaves” por causa da angústia, nunca saímos de casa. Para Sequeira, que aparentemente gosta de propalar que tem que se pensar “fora da caixa”, o mais importante é mostrar no seu site as fotografia dele em primeiro plano a apontar para o queixo e para o infinito e, depois, em segundo plano, uma chusma de assalariados a fazer mimetismo do seu genial gesto.
Sequeira é esperto, nisso tem mérito. Diz disparates enormes, como atribuir a Nelson Mandela a frase “Mestre do meu destino / capitão da minha alma”, que é, na verdade, do poema Invictus, de William Ernest Henley. Como as suas audiências nunca leram nada, não sabem coisa nenhuma, são domadas pelo medo e pela normalização do “motivacionismo”, não lhe respondem.
Que Sequeira ganhe a vida a enganar meio mundo é lá com ele. Nada contra. Uma vez também fui a uma dessas sessões de “team building“, pediram-me para subir a uma cadeira e eu saí da sala e fui para o bar do hotel onde a patranha se passava. A melhor resposta das centenas de pessoas que são obrigadas a ouvir Bullshit Sequeira seria abandonar a sala e deixá-lo a ser o mestre da sua treta, o capitão do seu embuste.
O que me maça como cidadão é que Sequeira, ainda que com legitimidade legal, use a campanha para se promover, de forma descarada, dizendo enormidades e usando os recursos do Estado (igualdade de tratamento das candidaturas, capacidade de intervenção no espaço público) para se auto-promover. O candidato tem responsabilidades académicas e conhece bem os truques da mente, segundo o seu curricula. Não é justo que se aproveite de tal coisa para manipular os desatentos.
Para ser enganado, prefiro um daqueles prelados brasileiros do canal 232 da tv a cabo, embora Sequeira esteja muito próximo deles. Sequeira é um mimo para quem o contrata, na sua demanda permanente de normalização das pessoas, no combate à curiosidade e no espalhar da asneira e dos lugares comuns. Se pudesse, tirava-lhe um voto. Dos candidatos que aí estão, é o único que merece um voto negativo.
E um pontapé no rabo. A ver se anda para a frente.
[…] Source: Bullshit Sequeira, o candidato perigoso – Jornal Tornado […]