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Quinta-feira, Abril 25, 2024

Bullshit Sequeira, o candidato perigoso

João Vasco AlmeidaJorge Sequeira, candidato validado à Presidência da República, está a usar a campanha para marketing pornográfico à sua empresa, com vista a ser tão popular como o Tony Carreira da excitação. O homem é um perigo social, apesar de mais perigoso ainda é perceber que há milhares de pessoas que frequentam a igreja Sequeira e são esses que mandam em empresas, que são os obedientes empregados. É um bullshit man, um homem da treta. Não pessoalmente, que não se sabe o que o senhor faz lá na vida dele. Até pode ser uma pessoa íntegra e honesta Mas profissionalmente, enquanto orador, Sequeira é uma vergonha e contribui para uma sociedade hedionda, estúpida e subserviente.

Sequeira diz-se um orador motivacional, mas na verdade é um prelado da normalização comportamental, um domador de curiosos, um assassino de inquietudes. O seu discurso, que se pode ver nos vídeos da sua página, goza da puerilidade bacoca. Diz coisas com “se te derem um pontapé no traseiro, até isso te empurra para a frente”. Sem sequer entrar na tentação de dizer a Sequeira a antiga piada de estarmos a um passo do abismo e levarmos um pontapé que nos atira para a frente, tem que se rebater esta abominação que é o “motivacionismo” e o “team building“.

Jorge Sequeira numa sessão de motivacionismo (DR Jorge Sequeira)
Jorge Sequeira numa sessão de motivacionismo (DR Jorge Sequeira)

Quando uma empresa contrata um prelado para dizer estas imbecilidades está a preparar os seus trabalhadores para levarem um pontapé no traseiro e pensarem que é bom. Quando uma empresa (e estão lá como clientes o Banif, a EDP, a Sonae, etc.) contrata este tipo de discurso o que deseja não é motivar. Sequeira diz que a “dúvida” cria angústia. Ora, sem a dúvida não se encontra nada. Se não tivermos a dúvida “onde é que pus as chaves” por causa da angústia, nunca saímos de casa. Para Sequeira, que aparentemente gosta de propalar que tem que se pensar “fora da caixa”, o mais importante é mostrar no seu site as fotografia dele em primeiro plano a apontar para o queixo e para o infinito e, depois, em segundo plano, uma chusma de assalariados a fazer mimetismo do seu genial gesto.

Sequeira é esperto, nisso tem mérito. Diz disparates enormes, como atribuir a Nelson Mandela a frase “Mestre do meu destino  / capitão da minha alma”, que é, na verdade, do poema Invictus, de William Ernest Henley. Como as suas audiências nunca leram nada, não sabem coisa nenhuma, são domadas pelo medo e pela normalização do “motivacionismo”, não lhe respondem.

Que Sequeira ganhe a vida a enganar meio mundo é lá com ele. Nada contra. Uma vez também fui a uma dessas sessões de “team building“, pediram-me para subir a uma cadeira e eu saí da sala e fui para o bar do hotel onde a patranha se passava. A melhor resposta das centenas de pessoas que são obrigadas a ouvir Bullshit Sequeira seria abandonar a sala e deixá-lo a ser o mestre da sua treta, o capitão do seu embuste.

O que me maça como cidadão é que Sequeira, ainda que com legitimidade legal, use a campanha para se promover, de forma descarada, dizendo enormidades e usando os recursos do Estado (igualdade de tratamento das candidaturas, capacidade de intervenção no espaço público) para se auto-promover. O candidato tem responsabilidades académicas e conhece bem os truques da mente, segundo o seu curricula. Não é justo que se aproveite de tal coisa para manipular os desatentos.

Para ser enganado, prefiro um daqueles prelados brasileiros do canal 232 da tv a cabo, embora Sequeira esteja muito próximo deles. Sequeira é um mimo para quem o contrata, na sua demanda permanente de normalização das pessoas, no combate à curiosidade e no espalhar da asneira e dos lugares comuns. Se pudesse, tirava-lhe um voto. Dos candidatos que aí estão, é o único que merece um voto negativo.

E um pontapé no rabo. A ver se anda para a frente.

 

 

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