Carolina Beatriz Ângelo nasceu na Guarda no dia 16 de Abril de 1878.
Na cidade de Lisboa frequentou a Escola Médico-Cirúrgica, tendo concluído o curso de medicina com assinalável êxito.
Na sua carreira médica destaca-se o facto de ter sido a primeira mulher portuguesa a operar no Hospital de São José.
A actividade profissional de Beatriz Ângelo foi conciliada com uma intervenção política e social intensa e marcante.
Em 1909 fez parte do grupo de mulheres que fundou a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, defensora dos ideais republicanos, do sufrágio feminino, do direito ao divórcio, da instrução das crianças e de direitos e deveres iguais para homens e mulheres.
Na revolução de 5 de Outubro de 1910 tem associado à sua pessoa o simbolismo de ter participado na confecção das bandeiras hasteadas, obra de que foi encarregada por Miguel Bombarda. Já depois da implantação da república, esteve envolvida na fundação da Associação de Propaganda Feminista, em Maio de 1911.
Esta associação, que chegou a dirigir, teve origem na cisão da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas por questões relacionadas com a tolerância religiosa e o sufrágio feminino. No âmbito da Associação de Propaganda Feminista projectou a criação de uma escola de enfermeiras, o que é referido como mais uma manifestação da sua preocupação com a emancipação das mulheres.
Carolina Beatriz Ângelo revelou-se uma das figuras mais carismáticas do feminismo e do republicanismo da primeira década do século XX. Em, 1911, Carolina Beatriz, ao ler a lei prevista na Constituição de 1911 verificou que esta ao decretar quem tinha direito ao voto (“os cidadãos portugueses”), não especificava o sexo e a perspicácia desta médica, levou-a a lutar pelo seu direito ao voto já que era uma cidadã portuguesa.
No dia 28 de Maio de 1911 torna-se a primeira mulher portuguesa (primeira, também no quadro dos doze países europeus que viriam a constituir a União Europeia) a exercer o direito de voto e a legislação é imediatamente alterada, especificando que apenas os cidadãos portugueses masculinos poderiam votar.
As mulheres portuguesas tiveram de esperar pelo ano de 1931, e pela alteração à Lei que passou a determinar que, as mulheres, para votarem tinham de ter cursos secundários ou superiores, enquanto que aos cidadãos do sexo masculino bastava apenas saber ler e escrever.
No entanto, o sufrágio universal feminino só foi alcançado após o 25 de Abril.
Beatriz Ângelo foi sem dúvida uma mulher marcante na história portuguesa, com um percurso interrompido pela sua morte prematura. Morreu aos 33 anos, em 3 de Outubro de 1911.