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Sexta-feira, Abril 19, 2024

Como acabar com a violência nas escolas?

Francisca Rocha
Francisca Rocha
Professora Francisca é dirigente licenciada de Assuntos Educacionais e Culturais da Apeoesp – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE) e de Finanças da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB

Estamos atônitos com o crescimento vertiginoso da violência dentro das escolas brasileiras, principalmente nas escolas públicas, alvo principal dos extremistas de direita. A bem da verdade, a violência tomou conta do Brasil nos últimos quatro anos, com incentivo grotesco do ex-presidente.

E como a escola, o conhecimento e as professoras e professores foram eleitos pela extrema-direita como inimigos, através das redes sociais eles propagam o ódio e a violência. Várias medidas são fundamentais para acabar com os sucessivos ataques às comunidades escolares.

Nenhuma delas passa por policial armado dentro das escolas, fardados ou não, como pretende o governador do estado de São Paulo. Exemplo claríssimo de que essa medida não funciona está nos Estados Unidos onde campeia os ataques em escolas.

Matéria da BBC News Brasil mostra que “os Estados Unidos vivem um paradoxo: o país nunca investiu tanto em medidas para aumentar a segurança escolar. E, ainda assim, nunca viu tantos massacres em escolas e universidades como nos últimos anos”, diz a reportagem.

Desde abril de 1999, foram ao menos 377 ataques a escolas nos EUA, de acordo com um levantamento feito pelo jornal The Washington Post. Em 2021, os EUA gastaram US$ 3,1 bilhões para conter a violência nas escolas, mas a situação só piora. Somente em 2022 ocorreram 47 ataques por lá e 42 em 2021.

“Uma pesquisa publicada em 2019 na revista científica Journal of Adolescent Health, que revisou 179 episódios de tiroteios em escolas americanas entre 1999 e 2018, concluiu que manter guardas armados na escola não reduziu o número de vítimas em massacres”, assinala a reportagem da BBC e “outro estudo financiado pelo Instituto Nacional de Justiça dos EUA e publicado em 2021 concluiu — depois de avaliar todos os casos entre 1980 e 2019 — que o número de mortes em escolas com guardas armados tendia a ser quase três vezes maior do que naquelas sem seguranças armados”.

O combate à violência nas escolas, portanto, passa por um amplo debate com toda a sociedade sobre a violência. Passa também pela regulação das redes sociais na internet, impedindo a disseminação de mensagens de ódio e de incitamento à violência.

As big techs precisam ser chamadas à responsabilidade e se ater às leis brasileiras. Toda postagem violenta deve ser imediatamente tirada do ar. Mas não somente a internet deve ser regulada. A mídia como um todo necessita de regulação porque há anos vem naturalizando a violência nas ruas, nas casas, em todos os lugares. Fica parecendo natural resolver as questões através da violência, de armas, de brigas. É preciso combater tenazmente a cultura do ódio, do preconceito e da força.

Em São Paulo, precisamos voltar com a figura do professor mediador, desarmado e muito mais preparado do que os policiais para a solução de conflitos. E insisto num amplo debate com toda a sociedade sobre a violência e sobre uma política nacional de segurança pública que atenda os anseios da sociedade. Que tenha polícias controladas socialmente.

Valorizar a educação como um meio fundamental para a melhoria de vida das crianças e jovens. Respeitar a escola e os profissionais da educação deve ser a norma de conduta da sociedade. Uma educação baseada no diálogo, na difusão do conhecimento sem tabus e no respeito à diversidade humana. É preciso ampla informação sincera e honesta da cultura da paz, do amor, do respeito a todas as pessoas. Dentro e fora das escolas.


Texto em português do Brasil

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