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Quarta-feira, Março 27, 2024

“Concha de Ouro” para filme brasileiro

José M. Bastos
José M. Bastos
Crítico de cinema

67º Festival Internacional de Cinema de San Sebastián: “Pacificado” foi o grande vencedor do Festival

À 67ª edição finalmente um filme falado em português venceu o Festival de San Sebastián. Apesar de ser realizado pelo norte-americano Paxton Winters, “Pacificado” é um filme brasileiro, com actores brasileiros e que retrata uma realidade muito presente e impactante da vida de uma grande parte da população do Rio de Janeiro. A comunidade do “Morro dos Prazeres” é a principal protagonista deste interessante trabalho sobre a vida nas favelas, as relações de poder em que se baseia a sua organização e os modos de subsistência dos seus habitantes. Gente pobre que vive do seu trabalho ou de expedientes mais ou menos lícitos e que disfruta, apesar da dureza das suas condições de vida, das mais belas paisagens cariocas.

“Pacificado”, filme brasileiro de Patxon Winters

A equipa de “Pacificado” com a ‘Concha de Ouro’

Não constando na lista dos principais favoritos a figurar no palmarés do Festival o certo é que o júri oficial presidido pelo renomado realizador irlandês Neil Jordan fez de “Pacificado” o grande vencedor desta mostra basca.

De facto, para além da ‘Concha de Ouro’ para o melhor filme, esta obra do cinema brasileiro conquistou ainda a ‘Concha de Prata’ para o melhor actor, Bukassa Kabengele, e o prémio para a melhor fotografia, de Laura Merians.

Bukassa Kabengele (melhor actor)

Laura Merians (melhor fotografia)

Outro grande destaque do palmarés foi “La Trinchera Infinita”, uma produção basco-andaluza, que obteve os prémios para a melhor realização e para o melhor guião, em ambos os casos um trabalho a três de Aitor Arregi, Jon Garaño e Jose Mari Goenaga.

A “La Trinchera Infinita” foi ainda atribuído o Prémio Irizar para o cinema basco.

“La Trinchera Infinita”

Aitor Arregi, Jon Garaño e Jose Mari Goenaga

Apontado como um dos principais favoritos para a ‘Concha de Ouro’ “La Trinchera Infinita” é um filme impressionante sobre um homem que em consequência das perseguições resultantes de casos acontecidos durante a Guerra Civil de Espanha vive durante 30 anos escondido na cave da sua casa. O actor Antonio de la Torre, por muitos apontado como o principal candidato ao prémio de melhor interpretação masculina, desempenha de forma admirável a figura deste ‘topo’, designação dada a inúmeros espanhóis que viveram uma situação idêntica à do personagem do filme e que só terminou com a publicação de uma amnistia no final dos anos 60.

Outros prémios oficiais

“Próxima”, prémio especial do júri

Alice Winocour

O Prémio Especial do Júri  foi para “Próxima”, filme franco-alemão de Alice Winocour em que Eva Green dá corpo ao papel de uma astronauta francesa que integra  a tripulação de uma missão da Agência Espacial Europeia e que se vê perante dois difíceis desafios. A missão propriamente dita e a separação durante longos períodos da sua filha de sete anos. “Próxima” é, sobretudo, uma homenagem às mulheres que até hoje fizeram parte de missões espaciais.

A “Concha de Prata” para a melhor interpretação feminina foi atribuída ex-aequo à espanhola Greta Fernández protagonista de “La Hija de un ladrón” de Belén Funes e à alemã Nina Hoss pelo seu desempenho no papel de uma professora de violino em “Das Vorspiel”/ A Audição,  filme franco-alemão de Ina Weisse.

E pronto. Foram estes os prémios da secção oficial de San sebastián/2019, uma selecção sofrível, com alguns trabalhos interessantes mas sem títulos que se impusessem de forma clara. O júri escolheu estes e a sua decisão é, obviamente, soberana.  Fora do palmarés ficaram outros filmes que, em nossa opinião, têm qualidade semelhante à dos premiados.

Uma referência muito especial merece a presença portuguesa na competição: “Patrick” de Gonçalo Waddington, promissora estreia na realização do conhecido actor. “Patrick” conta o regresso a Portugal, passados muitos anos, de um jovem desparecido e levado para o estrangeiro quando era ainda um pré-adolescente. Em Portugal, Patrick  já não o Mário de anos atrás, a mãe já não é a sua mãe e para esta o filho já não é o seu filho. Este é um filme de pessoas que viram as suas personalidades destroçadas. Diríamos que “Patrick” é a outra face da moeda que terá no verso “Alice” de Marco Martins. O filme de Gonçalo Waddington surpreendeu-nos pelo rigor da realização e pela contenção e maturidade dos intérpretes. Se calhar merecia outra sorte neste festival…

Outros prémios

Finalmente referimos outros filmes que foram premiados no Festival:

  • Prémio Novos Realizadores– “Algunas Bestias” de Jorge Riquelme Serrano (Chile)
  • Menção especial na secção Novos Realizadores– “Sestra” de Svetla Tsotsorkova (Bulgária/Qatar)
  • Prémio Horizontes– “De Nuevo outra vez” de Romina Paula (Argentina)
  • Menção especial na secção Horizontes– “La Bronca” de Diego Vega e Daniel Vega (Perú / Colômbia)
  • Prémio do Público– “Hors des Normes” de Olivier Nakache, Éric Toledano (França)
  • Prémio do Público / Filme Europeu – “Sorry We Missed Youl” de Ken Loach (Reino Unido/França/ Alemanha)
  • Prémio da Juventude– “Las Buenas Intenciones” de Ana Garcia Blaya (Argentina)

 


 

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