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Darwin, as leis da natureza e a história

“Marx e Engels saudaram com entusiasmo a publicação de “Origens das espécies” como “o livro que contém a base para a nossa visão da história natural”, como Marx anotou em carta a Engels, em 19 de dezembro de 1860. Mas também foram críticos severos do conservadorismo de Darwin. “

  • 20 Fevereiro, 2020
  • José Carlos Ruy, em São Paulo
  • Posted in Ensaio
  • 4

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Há duas tendências principais na naturalização da história, e elas estão ligadas ao pensamento de dois cientistas que revolucionaram a compreensão da vida e do homem: Charles Darwin e Sigmund Freud.

Eles deram, cada um a seu modo, cidadania científica à ideia da competição entre os homens e do conflito irremediável entre indivíduo e sociedade, e trouxeram essa ideia para o centro de suas análises.

A ousadia branda de Darwin

Neste capítulo vamos tratar das ideias de Darwin e a história. A ligação de Darwin com o pensamento conservador é contraditória com a ousadia de sua formulação científica. Ele se inspirou na obra do economista conservador Thomas Malthus – o reacionário teórico da superpopulação – para formular a ideia de luta pela vida. Em sua “Autobiografia“, Darwin escreveu que a leitura do “Essay on Population” (1798), de Malthus, lhe sugeriu a ideia de evolução por seleção natural: “ocorreu-me de súbito que, sob tais circunstâncias, as variações favoráveis tenderiam a ser preservadas, enquanto as desfavoráveis seriam destruídas. O resultado disso seria a formação de novas espécies” (Darwin: 2000).

Isto é, ele se inspirou na ideologia burguesa dominante e a incorporou à teoria da evolução, como Marx e Engels apontaram de imediato, entusiasmados com a descoberta de Darwin, de que a história também acontece na natureza.

Ideia de competição e sucesso do melhor adaptado que, muito tempo depois, levaria um especialista estadunidense – o biólogo Richard Lewontin – a registrar que a tese de Darwin “apresenta uma incrível semelhança com a teoria econômica e política do capitalismo inicial”. Ideias que Darwin conhecia pois ganhava a vida “a partir dos investimentos que acompanhava diariamente nos jornais”. O que fez “foi tomar a economia política do início do século XIX e expandi-la para incluir tudo da economia natural” (Lewontin: 2000).

Darwin foi, diz um autor contemporâneo, “um revolucionário brando” (Gould: 1992). Sendo um gigante do pensamento e da investigação científica, foi conservador do ponto de vista social e político. Suas descobertas foram decisivas para afirmar as convicções científicas perante a religião e para fundamentar o materialismo moderno na concepção da vida e da evolução.

Em “Darwin, a vida de um evolucionista atormentado”, os biógrafos Adrian Desmond e James Moore dizem que suas descobertas destronaram “a supremacia divina sobre a manifestação da vida”, embora com uma “acomodação” entre religião e ciência. (Desmond: 2000).

Como escreveu o biólogo Ernest Mayr (que Stephen Jay Gould considera o maior evolucionista de todos os tempos) “a publicação de ‘Origens’ [das Espécies] produziu uma mudança decisiva na relação entre ciência e religião”, particularmente na Inglaterra onde até 1859 “o criacionismo, a teologia natural, a morfologia criacionista idealística, e outras teorias explanatórias, nas quais Deus jogava um papel importante, eram consideradas teorias científicas legítimas”. Mayr diz que depois de Darwin “os argumentos religiosos rapidamente desapareceram das demonstrações dos cientistas” (Mayr: 1982).

Darwin foi politicamente conservador até o final de sua vida, tendo sido fiel às suas origens aristocráticas e formação religiosa. Em 1881 ele se declarou agnóstico a Edward Aveling (o genro de Karl Marx) e a um grupo de livre-pensadores; disse que se desligara completamente do cristianismo aos 40 anos de idade. Mas, em relação à crença em deus, Darwin insistiu que não atacava a religião da perspectiva da ciência. “Até o fim dos seus dias ele manteve um materialismo consistente na sua abordagem de história natural, mas se recusava a se pronunciar acerca da religião”, reconhecendo que “a ciência e a religião operam em esferas essencialmente diferentes, uma material, outra moral” (Foster: 2005).

O entusiasmo crítico de Marx e Engels

Marx e Engels saudaram com entusiasmo a publicação de “Origens das espécies” como “o livro que contém a base para a nossa visão da história natural”, como Marx anotou em carta a Engels, em 19 de dezembro de 1860. Mas também foram críticos severos do conservadorismo de Darwin. O entusiasmo vinha do fato dele ter demonstrado que a natureza, como a sociedade, evolui através dos tempos, tem sua própria história – Darwin introduziu essa dimensão histórica na compreensão da natureza, à semelhança da há na vida social.

A severidade da crítica de Marx e Engels vinha de algumas limitações do pensamento de Darwin. A “concepção de história natural que emergia da análise de Darwin”, diz um comentarista moderno, permitiu “um entendimento dialético da natureza”, que se tornou, para Marx e Engels, “a chave do entendimento da relação entre o que ele chamava ‘a concepção materialista de natureza’ e a concepção materialista de história” (cit. in Foster: 2005).

A dialética, propôs Engels (que, anos mais tarde citou Darwin no discurso fúnebre que pronunciou em homenagem a Marx, no qual igualou as descobertas geniais dos dois pensadores), trabalha com os os opostos, sendo então o único método de pensamento adequado para a fase do desenvolvimento da ciência. (Engels: 1982; Foster: 2005).

Engels viu a teoria de Darwin como a prova prática “da conexão interna entre necessidade e acaso de Hegel”. Era uma visão dialética que se opunha ao determinismo típico do materialismo mecanicista do século XVIII, que buscava “livrar-se do acaso negando-o totalmente”, como escreveu o companheiro de Marx (cit. in Foster: 2005).

Em 1869, Marx escreveu a Engels sobre “A origem das espécies”: “Embora desenvolvido no rústico estilo inglês, este é o livro que contém a base, em história natural, para nossa tese” (cit. in Gould: 1992).

O centro da crítica é justamente a naturalização das relações humanas implícita naquelas teses. Marx foi claro: aceitou a teoria da evolução, mas não o método demonstrativo de Darwin (luta pela vida, seleção natural etc), que encarou como “uma expressão provisória, imperfeita, de um fato que se acaba de descobrir”. Engels sistematizou e aprofundou esta crítica ao dizer que “a teoria de Darwin baseada na luta pela vida é simplesmente a transferência da sociedade para a natureza inanimada, da teoria de Hobbes do bellum omnium contra omnes e mais ainda: da teoria burguesa da livre competição e da teoria malthusiana sobre a superpopulação”. É um caminho de mão dupla: “Uma vez levada a cabo essa proeza (…) é muito fácil transferir de volta essas teorias, passando-as da história natural para a história da sociedade; e, afinal de contas, é uma grande ingenuidade pretender, com isso, haver demonstrado essas afirmações como leis eternas da sociedade” (Foster: 2005).

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Referências

  • Darwin, Charles. A origem das espécies e a seleção natural. São Paulo. Madras, 2009.
  • Darwin, Charles. Autobiografia, 1809-1882. Rio de Janeiro, Contraponto, 2000
  • Desdemon, Adrian, e Moore, James. Darwin, a vida de um evolucionista atormentado. São Paulo: Geração Editorial, 2000.
  • Engels, Friedrich. Discurso Diante do Tumulo de Karl Marx, 17 de Março de 1883. Obras Escolhidas em 3 tomos. Lisboa/Moscou. Editorial “Avante!” Edições Progresso, 1982.
  • Foster, Johy Bellamy. A ecologia de Marx – materialismo e natureza. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2005.
  • Gould, Stephen Jay. Vida Maravilhosa – O Acaso na Evolução e a Natureza da História. São Paulo, Cia das Letras, 1990.
  • Gould, Stephen Jay. Darwin e os grandes enigmas da vida. São Paulo, Martins Fontes, 1992.
  • Lewontin, Richard. Biologia como ideologia: a doutrina do DNA. Ribeirão Preto (SP), Funpec, 2000.
  • Mayr, Ernst. O que é a evolução. Rio de Janeiro, Rocco, 2009
  • Mayr, Ernest. The growth of biological thought. Cambridge, Harvard University Press, 1982.

Texto em português do Brasil


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Jornalista e escritor.

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