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Domingo, Outubro 6, 2024

Como agem os juízes?

Vitor Burity da Silva
Vitor Burity da Silva
Professor Doutor Catedrático, Ph.D em Filosofia das Ciências Políticas Pós-Doutorado em Filosofia, Sociologia e Literatura (UR) Pós-Doutorado em Ciências da Educação e Psicologia (PT) Investigador - Universidade de Évora Membro associação portuguesa de Filosofia Membro da associação portuguesa de Escritores

O Julgamento de Prometeu

Prometeu estava acorrentado a uma rocha no alto do monte Cáucaso, onde todos os dias uma águia devorava o seu fígado, que se regenerava à noite. Esse era o seu castigo por ter roubado o fogo dos deuses e dado aos homens, desafiando a vontade de Zeus, o rei do Olimpo.

Prometeu era um titã, um dos antigos deuses que governaram o mundo antes de serem derrotados pelos olimpianos, os novos deuses liderados por Zeus. Prometeu era considerado o benfeitor da humanidade, pois lhe ensinou as artes, as ciências e a civilização. Mas Zeus via os homens como seres inferiores e indignos do fogo divino, que representava o poder, a sabedoria e a criatividade.

Zeus ordenou que Prometeu fosse capturado e torturado eternamente, sem direito a defesa ou misericórdia. Mas Prometeu não se arrependia do seu ato, pois acreditava que tinha feito o bem aos homens e que Zeus era um tirano injusto e cruel.

Um dia, Hermes, o mensageiro dos deuses, foi enviado por Zeus para interrogar Prometeu. Hermes era o deus da comunicação, do comércio, dos viajantes e dos ladrões. Ele era astuto, eloquente e diplomático, capaz de persuadir e enganar com as suas palavras. Ele também era o único deus que podia transitar livremente entre o Olimpo, a Terra e o Hades, o reino dos mortos.

Hermes chegou ao monte Cáucaso e viu Prometeu acorrentado e ferido pela águia. Ele se aproximou e disse:

– Prometeu, eu vim em nome de Zeus, o senhor do Olimpo, para lhe fazer uma proposta. Zeus está disposto a perdoar o seu crime e libertá-lo das suas correntes, se você revelar o segredo que ele tanto deseja saber.

Ele também era o único deus que podia transitar livremente entre o Olimpo, a Terra e o Hades, o reino dos mortos.

– Que segredo é esse? – perguntou Prometeu, com um olhar desconfiado.

– Você sabe muito bem. Você sabe o que o destino reserva para Zeus e para os deuses. Você sabe quem será o filho de Zeus que irá destroná-lo, assim como ele destronou o seu pai Cronos, e Cronos destronou o seu pai Urano. Você sabe o nome do futuro rei do Olimpo. Diga-me, e eu lhe garanto que Zeus será magnânimo e clemente com você.

– Hermes, você é um deus inteligente e sagaz, mas também é um deus submisso e servil. Você obedece cegamente a Zeus, sem questionar a sua autoridade ou a sua justiça. Você não vê que Zeus é um déspota que oprime os homens e os deuses, que abusa do seu poder e do seu privilégio, que viola as leis e os direitos, que teme a mudança e a liberdade? Você não vê que Zeus é o verdadeiro criminoso, e que eu sou o verdadeiro inocente?

– Prometeu, você é um deus orgulhoso e rebelde, mas também é um deus tolo e imprudente. Você desafia a Zeus, sem medir as consequências ou as responsabilidades. Você não vê que Zeus é o protetor dos homens e dos deuses, que mantém a ordem e a harmonia, que respeita as tradições e os costumes, que sabe o que é melhor para todos? Você não vê que Zeus é o verdadeiro sábio, e que você é o verdadeiro culpado?

– Hermes, você é um deus que fala muito, mas que não diz nada. Você é um deus que não tem opinião própria, que apenas repete o que Zeus quer ouvir. Você é um deus que não tem consciência, que apenas segue o que Zeus manda fazer. Você é um deus que não age como juiz, mas como advogado.

Você é um deus que não me ajuda, nem me atrapalha.

– Prometeu, você é um deus que se cala muito, mas que esconde muito. Você é um deus que tem um segredo perigoso, que apenas revela o que Zeus teme saber. Você é um deus que tem uma vingança, que apenas espera o que Zeus não pode evitar. Você é um deus que não age como réu, mas como testemunha.

– Hermes, você é um deus que não me convence, nem me intimida. Você é um deus que não me oferece nada, nem me tira nada. Você é um deus que não me liberta, nem me aprisiona. Você é um deus que não me julga, mas que me condena.

– Prometeu, você é um deus que não me escuta, nem me responde. Você é um deus que não me ajuda, nem me atrapalha. Você é um deus que não me perdoa, nem me arrepende. Você é um deus que não me trai, mas que me desafia.

– Hermes, você é um deus que não sabe como agem os juízes. Você é um deus que não sabe como agem os deuses. Você é um deus que não sabe como agem os homens. Você é um deus que não sabe como age o destino.

– Prometeu, você é um deus que sabe demais, mas que não diz nada. Você é um deus que prefere sofrer em silêncio, do que se render à vontade de Zeus. Você é um deus que tem uma coragem admirável, mas que tem uma loucura incompreensível. Você é um deus que me intriga, mas que me frustra.

Hermes suspirou e se afastou de Prometeu. Ele sabia que era inútil insistir, pois Prometeu jamais revelaria o seu segredo. Ele voltou para o Olimpo e comunicou a Zeus o fracasso da sua missão. Zeus ficou furioso e jurou que Prometeu pagaria caro pela sua insolência. Ele ordenou que a águia aumentasse a sua ferocidade e que as correntes apertassem mais o seu corpo. Ele também enviou uma tempestade de raios e trovões para atormentar o seu espírito.

Prometeu, porém, não se abalou com as novas torturas. Ele continuou a resistir e a esperar pelo dia em que o seu segredo se cumpriria, e que Zeus seria destronado por um de seus filhos. Ele também continuou a confiar e a amar os homens, que ele considerava os seus verdadeiros filhos. Ele sabia que um dia eles seriam livres e felizes, graças ao fogo que ele lhes deu.

 

O Julgamento de Sísifo

Sísifo era um rei mortal que governava a cidade de Corinto, na Grécia. Ele era famoso pela sua astúcia, pela sua riqueza e pela sua beleza. Ele também era famoso pela sua arrogância, pela sua ambição e pela sua maldade. Ele enganava, roubava e matava sem escrúpulos, e desafiava os deuses com as suas artimanhas.

Um dia, Sísifo matou um viajante que passava pelo seu reino, e roubou os seus pertences. O viajante, porém, era um emissário de Zeus, que levava uma mensagem importante para o deus do rio Asopo. A mensagem era sobre o paradeiro da filha de Asopo, Egina, que havia sido raptada por Zeus e levada para a ilha de Enone.

Zeus ficou sabendo do crime de Sísifo e ficou furioso. Ele enviou Tânato, o deus da morte, para buscar a alma de Sísifo e levá-la para o Hades, o reino dos mortos. Tânato chegou ao palácio.

 

O Julgamento de Orfeu

Orfeu era um poeta e músico mortal que vivia na Trácia, na Grécia. Ele era famoso pela sua voz e pela sua lira, que encantavam todos os seres vivos, inclusive os deuses. Ele era casado com Eurídice, uma ninfa da floresta, que era a sua grande paixão e inspiração.

Um dia, Eurídice foi picada por uma serpente venenosa e morreu. Orfeu ficou inconsolável e decidiu ir até o Hades, o reino dos mortos, para tentar trazer a sua amada de volta. Ele usou o seu dom musical para persuadir Caronte, o barqueiro que transportava as almas dos mortos pelo rio Estige, a levá-lo para o outro lado. Ele também usou o seu dom musical para apaziguar Cérbero, o cão de três cabeças que guardava a entrada do Hades. Ele chegou até o trono de Hades, o deus dos mortos, e Perséfone, a sua esposa e rainha.

Orfeu implorou aos deuses que lhe devolvessem Eurídice, e tocou a sua lira com tanta beleza e emoção que comoveu os corações de Hades e Perséfone. Eles concordaram em libertar Eurídice, mas com uma condição: Orfeu deveria sair do Hades sem olhar para trás, e só poderia ver Eurídice quando chegasse à luz do sol. Caso contrário, ele a perderia para sempre.

Orfeu aceitou a condição e seguiu o caminho de volta, guiado pela voz de Eurídice, que vinha atrás dele. Ele resistiu à tentação de olhar para trás, confiando na promessa dos deuses. Mas, quando ele estava quase saindo da escuridão, ele ouviu um grito de Eurídice, que parecia estar em perigo. Ele não aguentou e virou-se para ver se ela estava bem. Ele viu o rosto de Eurídice, que lhe sorriu com amor e tristeza, antes de desaparecer nas sombras. Ele havia quebrado a condição dos deuses, e perdido Eurídice para sempre.

Elas jogaram a sua cabeça e a sua lira no rio Hebro, mas ele não morreu.

Orfeu ficou desesperado e tentou voltar para o Hades, mas a entrada estava fechada. Ele gritou o nome de Eurídice, mas ninguém respondeu. Ele chorou e lamentou a sua sorte, mas ninguém o consolou. Ele voltou para a Terra, mas não encontrou alegria. Ele vagou pelo mundo, tocando a sua lira e cantando a sua dor, mas ninguém o ouviu. Ele renunciou ao amor e à vida, mas ninguém o compreendeu.

Um dia, Orfeu foi atacado por um grupo de mulheres selvagens, chamadas de Mênades, que eram seguidoras de Dionísio, o deus do vinho e da loucura. Elas estavam furiosas com Orfeu, pois ele se recusava a participar dos seus rituais orgiásticos e a honrar o seu deus. Elas o perseguiram e o apedrejaram, mas ele não reagiu. Elas o alcançaram e o esquartejaram, mas ele não sentiu. Elas jogaram a sua cabeça e a sua lira no rio Hebro, mas ele não morreu.

A cabeça e a lira de Orfeu continuaram a cantar e a tocar, levadas pela correnteza do rio. Elas chegaram até o mar, onde foram recolhidas pelas ninfas do oceano, que as levaram para a ilha de Lesbos. Lá, elas foram enterradas em um santuário dedicado às musas, as deusas da arte e da inspiração. As musas homenagearam Orfeu, reconhecendo o seu talento e o seu sofrimento. Elas também enviaram a sua alma para o Hades, onde ele finalmente se reencontrou com Eurídice. Os dois se abraçaram e se beijaram, e viveram felizes no mundo dos mortos, sem medo de se separarem novamente.

 

O Julgamento de Antígona

Antígona era uma princesa mortal que vivia em Tebas, na Grécia. Ela era filha de Édipo, o rei que matou o seu pai e casou com a sua mãe, sem saber da sua verdadeira identidade, e de Jocasta, a rainha que se enforcou ao descobrir o seu incesto. Ela tinha dois irmãos, Etéocles e Polinices, que se mataram em uma guerra pelo trono de Tebas, e uma irmã, Ismênia, que era a sua única companheira.

Após a morte dos irmãos, Creonte, o tio de Antígona, assumiu o poder em Tebas. Ele ordenou que Etéocles fosse sepultado com honras, pois ele defendeu a cidade contra o ataque de Polinices, que ele considerava um traidor. Ele também ordenou que Polinices fosse deixado sem sepultura, exposto aos abutres e aos cães, como um exemplo para os inimigos da cidade. Ele proibiu qualquer um de enterrar Polinices, sob pena de morte.

Antígona, porém, não aceitou a ordem de Creonte. Ela amava os seus irmãos igualmente, e acreditava que eles mereciam um funeral digno, conforme os costumes e as leis dos deuses. Ela decidiu desobedecer a Creonte, e ir até o campo de batalha, onde estava o corpo de Polinices. Ela cobriu o corpo com terra e o aspergiu com água, realizando os ritos fúnebres.

Creonte ficou sabendo da ação de Antígona e ficou furioso. Ele mandou que ela fosse capturada e levada à sua presença. Ele a acusou de rebeldia e de desrespeito à sua autoridade e à sua vontade. Ele a condenou à morte, e ordenou que ela fosse enterrada viva em uma caverna, longe da cidade.

Antígona foi levada para a caverna, onde esperava pela sua morte. Ela não se arrependia do seu ato, pois acreditava que tinha feito o bem aos seus irmãos e aos deuses. Ela também não temia a morte, pois acreditava que se encontraria com os seus familiares no Hades, o reino dos mortos.

Um dia, Tirésias, o adivinho cego que revelou a Édipo o seu destino trágico, foi até Creonte e lhe trouxe uma mensagem dos deuses. Ele disse que os deuses estavam irados com Creonte, pois ele violou as leis sagradas do sepultamento, e que ele seria castigado com a morte de um dos seus filhos. Ele aconselhou Creonte a libertar Antígona e a enterrar Polinices, antes que fosse tarde demais.

Creonte, porém, não deu ouvidos a Tirésias. Ele achava que o adivinho estava mentindo ou sendo subornado. Ele desprezava os deuses e confiava na sua razão e na sua justiça. Ele manteve a sua decisão e ignorou o seu aviso.

Mas, logo depois, ele recebeu a notícia de que o seu filho Hémon, que era noivo de Antígona, havia se matado com a sua espada, ao ver Antígona enforcada na caverna. Ele também recebeu a notícia de que a sua esposa Eurídice, que era mãe de Hémon, havia se matado com uma faca, ao saber da morte do seu filho. Ele percebeu que Tirésias estava certo, e que ele havia provocado a ira dos deuses e a desgraça da sua família.

Creonte ficou desesperado e tentou se matar também, mas foi impedido pelos seus servos. Ele gritou e lamentou a sua sorte, mas ninguém o consolou. Ele pediu perdão aos deuses e aos mortos, mas ninguém o ouviu. Ele renunciou ao poder e à vida, mas ninguém o compreendeu.

 

O Julgamento de Medeia

Medeia era uma feiticeira mortal que vivia em Corinto, na Grécia. Ela era filha de Eetes, o rei da Cólquida, uma terra distante, onde ficava o velo de ouro, um tesouro sagrado dos deuses. Ela se apaixonou por Jasão, um herói grego que veio buscar o velo de ouro, e o ajudou a realizá-lo, traindo o seu pai e o seu país. Ela fugiu com Jasão e os Argonautas, os companheiros de Jasão, e viveu muitas aventuras e perigos com eles.

Um dia, Jasão decidiu abandonar Medeia e se casar com Glauce, a filha de Creonte, o rei de Corinto. Ele achava que Medeia era uma estrangeira bárbara e selvagem, que não se adaptava à cultura e à sociedade grega. Ele também achava que Glauce era uma princesa nobre e bela, que lhe daria prestígio e poder. Ele desprezou Medeia e os seus dois filhos, que ele teve com ela, e os expulsou da cidade.

Medeia, porém, não aceitou a traição de Jasão. Ela amava Jasão com toda a sua alma, e acreditava que ele era o seu destino e o seu salvador. Ela também odiava Jasão com toda a sua fúria, e acreditava que ele era o seu inimigo e o seu algoz. Ela decidiu se vingar de Jasão, e usar os seus poderes mágicos para destruí-lo.

Medeia fingiu se reconciliar com Jasão, e lhe pediu que intercedesse por ela e pelos seus filhos junto a Creonte, para que eles pudessem ficar na cidade. Jasão aceitou o pedido de Medeia, e conseguiu a permissão de Creonte, que lhe concedeu um dia de prazo para que eles se preparassem para partir.

Medeia aproveitou o dia para executar o seu plano. Ela enviou um presente para Glauce, um vestido e uma coroa de ouro, que estavam envenenados. Glauce recebeu o presente e o vestiu, pensando que era um gesto de amizade de Medeia. Mas, assim que ela tocou nas roupas, elas pegaram fogo e queimaram o seu corpo. Ela gritou de dor e correu para o seu pai, que tentou socorrê-la. Mas, ao abraçá-la, ele também foi queimado pelo veneno, e morreu junto com ela.

Medeia ainda não estava satisfeita com a sua vingança. Ela queria ferir Jasão no que ele mais amava, os seus filhos. Ela pegou uma espada e matou os seus dois filhos, que eram também os filhos de Jasão. Ela os esquartejou e os jogou no fogo, para que Jasão não pudesse enterrá-los.

Jasão ficou sabendo da morte de Glauce e de Creonte, e correu para o palácio, onde esperava encontrar Medeia e os seus filhos. Ele chegou e viu o fogo e o sangue, e ouviu o riso de Medeia, que estava em cima de um carro alado, puxado por dragões. Ela levava consigo os restos mortais dos seus filhos, e os mostrava a Jasão, que ficou horrorizado.

Jasão implorou a Medeia que lhe devolvesse os seus filhos, e a acusou de monstro e de assassina. Ele a condenou à maldição dos deuses e à infâmia dos homens. Ele ordenou que ela descesse do carro e enfrentasse a sua justiça e a sua ira.

Medeia, porém, não deu ouvidos a Jasão. Ela zombou de Jasão e o chamou de covarde e de traidor. Ela se gabou de ter cumprido a sua vingança, e de ter feito Jasão sofrer mais do que ela. Ela também se lamentou de ter perdido o seu amor, e de ter matado os seus filhos. Ela disse que ela era a única juíza e a única culpada.

Medeia se afastou de Jasão e voou para longe, levando os seus filhos mortos. Ela chegou até Atenas, onde foi acolhida pelo rei Egeu, que lhe deu proteção e asilo. Ela viveu em Atenas, mas não encontrou paz. Ela continuou a usar a sua magia, mas não encontrou felicidade. Ela continuou a amar e a odiar Jasão, mas não encontrou perdão.

 

O Julgamento de Orestes

Orestes era um príncipe mortal que vivia em Micenas, na Grécia. Ele era filho de Agamêmnon, o rei que liderou os gregos na guerra contra Troia, e de Clitemnestra, a rainha que o traiu e o matou, com a ajuda do seu amante Egisto. Ele tinha uma irmã, Electra, que era a sua única aliada e confidente.

Após a morte de Agamêmnon, Clitemnestra e Egisto assumiram o poder em Micenas. Eles ordenaram que Orestes fosse exilado, pois eles temiam que ele vingasse o seu pai e reclamasse o seu trono. Eles também maltrataram Electra, que ficou na cidade, e a obrigaram a servir como escrava.

Orestes foi levado para a Fócida, onde foi criado pelo rei Estrofio, que era amigo de Agamêmnon. Lá, ele conheceu e se tornou amigo de Pilades, o filho de Estrofio, que era da mesma idade que ele. Os dois juraram lealdade e amizade eterna, e planejaram retornar a Micenas, para vingar a morte de Agamêmnon.

Um dia, Orestes recebeu um oráculo de Apolo, o deus da profecia e da razão. O oráculo dizia que Orestes deveria matar Clitemnestra e Egisto, para cumprir o seu dever de filho e de herdeiro. O oráculo também dizia que, se Orestes não fizesse isso, ele seria castigado com a loucura e a desgraça.

Orestes aceitou o oráculo de Apolo, e partiu para Micenas, acompanhado de Pilades. Eles chegaram à cidade, e se disfarçaram de viajantes, que traziam a notícia da morte de Orestes. Eles foram recebidos por Clitemnestra e Egisto, que fingiram lamentar a morte de Orestes, mas que na verdade se alegraram. Eles convidaram os viajantes para um banquete, onde pretendiam matá-los.

Orestes, porém, se antecipou ao plano de Clitemnestra e Egisto. Ele revelou a sua identidade e atacou os dois, com a ajuda de Pilades. Ele matou Egisto com a sua espada, e Clitemnestra com o machado que ela usou para matar Agamêmnon. Ele vingou o seu pai e recuperou o seu trono.

Orestes, porém, não se sentiu aliviado ou feliz com o seu ato. Ele se sentiu culpado e angustiado por ter matado a sua mãe, que era um crime abominável aos olhos dos deuses e dos homens. Ele foi perseguido pelas Erínias, as deusas da vingança, que o atormentaram com visões de horror e de sangue. Ele enlouqueceu e fugiu de Micenas, levando consigo Pilades.

Orestes vagou pelo mundo, procurando uma forma de se livrar das Erínias e de se purificar do seu crime. Ele foi até Delfos, onde ficava o templo de Apolo, para pedir a ajuda do deus que lhe ordenou a vingança. Apolo o acolheu e o protegeu das Erínias, que não podiam entrar no seu santuário. Apolo também lhe deu um novo oráculo, que dizia que Orestes deveria ir até Atenas, onde ficava o tribunal de Atena, a deusa da justiça e da sabedoria. Apolo disse que Orestes deveria se submeter ao julgamento de Atena, que decidiria o seu destino.

Orestes aceitou o oráculo de Apolo, e partiu para Atenas, acompanhado de Pilades. Ele chegou à cidade, e se dirigiu ao Areópago, a colina onde ficava o tribunal de Atena. Lá, ele encontrou as Erínias, que o seguiram e o acusaram de matricídio, o pior dos crimes. Elas pediram a Atena que o condenasse à morte, ou à tortura eterna.

Athena apareceu e ouviu as Erínias e Orestes. Ela disse que o caso era muito complexo e delicado, pois envolvia o conflito entre o dever de filho e o respeito à mãe, entre a ordem de Apolo e a lei dos deuses, entre a vingança e a piedade. Ela disse que ela não poderia julgar sozinha, e que ela convocaria um júri de cidadãos atenienses, que ouviriam as partes e votariam pela absolvição ou pela condenação de Orestes. Ela disse que ela seria a presidente do júri, e que ela teria o voto de desempate, caso houvesse um empate.

Athena organizou o júri e iniciou o julgamento. As Erínias apresentaram as suas acusações contra Orestes, e mostraram as provas do seu crime. Elas disseram que Orestes era um assassino cruel e impiedoso, que violou o laço sagrado entre mãe e filho, que ofendeu a ordem natural e divina, que provocou a ira e a dor dos deuses. Elas disseram que Orestes merecia a morte, ou o sofrimento sem fim.

Orestes apresentou as suas defesas contra as Erínias, e contou as circunstâncias do seu crime. Ele disse que ele era um vingador justo e obediente, que cumpriu o seu dever de filho e de herdeiro, que seguiu a ordem de Apolo, que era o deus da profecia e da razão, que restaurou a ordem e a honra dos deuses. Ele disse que ele não merecia a morte, ou o sofrimento sem fim.

Athena ouviu as Erínias e Orestes, e pediu ao júri que votasse. O júri votou, e houve um empate. Seis jurados votaram pela absolvição de Orestes, e seis jurados votaram pela condenação de Orestes. Atena teve de usar o seu voto de desempate, e ela votou pela absolvição de Orestes. Ela disse que ela era a deusa da justiça e da sabedoria, e que ela preferia a razão à emoção, a misericórdia à vingança, a vida à morte. Ela disse que Orestes estava livre das Erínias e do seu crime, e que ele poderia voltar para Micenas, em paz.

As Erínias ficaram indignadas e ameaçaram se vingar de Atena e dos atenienses, por terem desrespeitado as suas leis e os seus direitos. Elas disseram que elas trariam a fome, a peste e a guerra para a cidade, e que elas não descansariam até que fossem feitas justiça.

Athena, porém, não se intimidou com as Erínias. Ela disse que elas eram deusas antigas e respeitáveis, mas que elas precisavam se adaptar aos novos tempos e às novas leis. Ela disse que elas não eram mais as deusas da vingança, mas as deusas da justiça, e que elas deveriam proteger e abençoar a cidade, em vez de amaldiçoá-la. Ela disse que elas seriam honradas e adoradas pelos atenienses, e que elas receberiam oferendas e sacrifícios. Ela disse que elas seriam chamadas de Eumênides, as Benevolentes, em vez de Erínias, as Terríveis.

As Erínias se acalmaram e aceitaram a proposta de Atena. Elas disseram que elas eram deusas flexíveis e generosas, mas que elas exigiam respeito e obediência. Elas disseram que elas protegeriam e abençoariam a cidade, se os atenienses fossem justos e piedosos. Elas disseram que elas seriam as Eumênides, as Benevolentes, se os atenienses fossem os seus amigos, mas que elas seriam as Erínias, as Terríveis, se os atenienses fossem os seus inimigos.

Athena agradeceu.

 

O Julgamento de Fedra

Fedra era uma rainha mortal que vivia em Creta, na Grécia. Ela era filha de Minos, o rei que possuía o Minotauro, um monstro metade homem e metade touro, que devorava os jovens que eram enviados como tributo de Atenas. Ela era casada com Teseu, o herói que matou o Minotauro, e libertou os atenienses do seu jugo. Ela tinha um enteado, Hipólito, o filho de Teseu e de Antíope, uma rainha das amazonas, que era um guerreiro e um caçador.

Um dia, Teseu partiu para uma viagem, e deixou Fedra e Hipólito em Creta. Fedra se apaixonou por Hipólito, e sentiu um desejo ardente por ele. Ela sabia que o seu amor era proibido e pecaminoso, pois Hipólito era o filho do seu marido, e ela era a sua madrasta. Ela também sabia que o seu amor era impossível e inútil, pois Hipólito era devoto de Ártemis, a deusa da caça e da castidade, e que ele desprezava as mulheres e o amor.

Fedra tentou resistir ao seu amor, e se manteve em silêncio e em segredo. Mas, ela sofria e se consumia com a sua paixão, e perdia a sua saúde e a sua beleza. Ela foi descoberta por sua ama, que era a sua confidente e conselheira. A ama tentou ajudar Fedra, e lhe sugeriu que ela se declarasse para Hipólito, e tentasse seduzi-lo. Ela disse que o amor era uma força poderosa e irresistível, que podia vencer qualquer obstáculo e qualquer preconceito. Ela disse que Fedra tinha o direito de ser feliz, e que Hipólito podia corresponder ao seu amor.

Fedra aceitou o conselho da sua ama, e se declarou para Hipólito. Ela lhe confessou o seu amor, e lhe pediu que ele a amasse também. Ela lhe ofereceu o seu corpo e o seu coração, e lhe prometeu o seu reino e o seu poder. Ela lhe implorou que ele fosse o seu amante, e que ele esquecesse o seu pai e a sua deusa.

Hipólito, porém, não aceitou a declaração de Fedra. Ele ficou horrorizado e enojado com o seu amor, e o rejeitou com desprezo e com raiva. Ele disse que Fedra era uma mulher louca e depravada, que violou o laço sagrado entre pai e filho, entre marido e esposa, entre deus e homem. Ele disse que Fedra era uma traidora e uma adúltera, que ofendeu a honra e a memória do seu pai, que era o seu herói e o seu modelo. Ele disse que Fedra era uma inimiga e uma blasfema, que desafiou a vontade e a lei da sua deusa, que era a sua protetora e a sua senhora. Ele disse que Fedra merecia a morte, ou o exílio eterno.

Fedra ficou desesperada e humilhada com a rejeição de Hipólito. Ela se sentiu culpada e envergonhada pelo seu amor, e perdeu a sua esperança e a sua dignidade. Ela foi dominada pelo ódio e pela vingança, e decidiu se vingar de Hipólito, e destruí-lo. Ela escreveu uma carta para Teseu, onde ela mentiu que Hipólito havia tentado violentá-la, e que ela havia se defendido. Ela se enforcou com um lenço, e deixou a carta ao lado do seu corpo.

Teseu voltou de sua viagem, e encontrou Fedra morta e a carta. Ele leu a carta, e acreditou na mentira de Fedra. Ele ficou furioso e triste com Hipólito, e o acusou de estupro e de assassinato. Ele o condenou à morte, e invocou a maldição de Posídon, o deus do mar e o seu pai, para que ele o castigasse.

Hipólito negou a acusação de Teseu, e jurou pela sua inocência e pela sua honra. Ele disse que ele era um filho fiel e um guerreiro virtuoso, que nunca tocou em Fedra, e que nunca desejou uma mulher. Ele disse que ele era um devoto de Ártemis, e que ela era testemunha da sua pureza e da sua lealdade. Ele disse que ele era vítima de uma calúnia e de uma injustiça, e que ele esperava a verdade e a justiça dos deuses.

Hipólito partiu de Creta, banido por Teseu, e seguiu para o seu refúgio, a floresta sagrada de Ártemis. Ele foi perseguido pela maldição de Posídon, que enviou um touro marinho para atacá-lo. O touro saiu do mar, e assustou os cavalos de Hipólito, que puxavam o seu carro. Os cavalos se descontrolaram, e arrastaram Hipólito pelo chão, ferindo-o gravemente. Ele foi socorrido por alguns pastores, que o levaram para o seu pai.

Teseu viu Hipólito ferido e moribundo, e sentiu pena e remorso. Ele foi informado por Ártemis, que apareceu e lhe revelou a verdade. Ela disse que Fedra havia mentido, e que Hipólito era inocente. Ela disse que Fedra havia sido vítima de Afrodite, a deusa do amor e da beleza, que havia feito Fedra se apaixonar por Hipólito, para castigá-lo por desprezá-la. Ela disse que Hipólito havia sido vítima de Posídon, que havia atendido ao pedido de Teseu, sem saber da mentira de Fedra. Ela disse que Teseu havia sido vítima de si mesmo, por ter acreditado em Fedra, sem ouvir Hipólito.

Teseu pediu perdão a Hipólito, e lhe pediu que ele não morresse. Ele disse que ele era um pai infeliz e arrependido, que amava o seu filho, e que queria reparar o seu erro. Ele disse que ele era um rei injusto e culpado, que ofendeu o seu filho, e que queria restaurar a sua honra. Ele disse que ele era um homem triste e desesperado, que perdeu o seu filho, e que queria tê-lo de volta.

Hipólito perdoou Teseu, e lhe pediu que ele não sofresse. Ele disse que ele era um filho generoso e bondoso, que amava o seu pai, e que não guardava rancor. Ele disse que ele era um guerreiro valente e nobre, que honrou o seu pai, e que não temia a morte. Ele disse que ele era um devoto de Ártemis, e que ela o levaria para o seu reino, onde ele seria feliz.

Hipólito morreu nos braços de Teseu, que chorou e lamentou a sua sorte. Ele foi sepultado com honras, e recebeu o elogio de Ártemis, que o chamou de o mais casto e o mais amado dos homens. Ele também recebeu o perdão de Afrodite, que se compadeceu da sua desgraça, e de Posídon, que se arrependeu da sua ira. Ele também recebeu a memória de Fedra, que se redimiu da sua culpa, e a saudade de Teseu, que se reconciliou com o seu filho.

 

O Julgamento de Édipo

Édipo era um rei mortal que vivia em Tebas, na Grécia. Ele era filho de Laio, o rei anterior de Tebas, e de Jocasta, a sua esposa e rainha. Ele não sabia, porém, da sua verdadeira origem, pois ele foi abandonado pelos seus pais quando era um bebê, por causa de uma profecia que dizia que ele mataria o seu pai e se casaria com a sua mãe. Ele foi encontrado e criado por Pólibo, o rei de Corinto, e Mérope, a sua esposa e rainha, que lhe deram o nome de Édipo, que significa “pé inchado”, pois ele tinha os pés perfurados por um prego.

Um dia, Édipo ouviu de um oráculo que ele mataria o seu pai e se casaria com a sua mãe. Ele achou que o oráculo se referia a Pólibo e Mérope, e decidiu fugir de Corinto, para evitar o seu destino. Ele chegou a um lugar onde havia uma encruzilhada, e encontrou um homem que vinha em sentido contrário, em uma carruagem. O homem era Laio, o seu verdadeiro pai, mas ele não o reconheceu. Eles discutiram sobre quem deveria ceder a passagem, e acabaram brigando. Édipo matou Laio com a sua espada, sem saber que ele era o seu pai.

Édipo continuou a sua viagem, e chegou a Tebas, onde havia uma grande calamidade. A cidade estava sendo assolada por uma esfinge, um monstro com cabeça de mulher, corpo de leão e asas de águia, que devorava os habitantes que não respondiam ao seu enigma. O enigma era: “Qual é o animal que tem quatro patas de manhã, duas ao meio-dia e três à noite?”. Ninguém conseguia responder ao enigma, e a esfinge matava todos que tentavam.

Édipo se ofereceu para enfrentar a esfinge, e ouviu o seu enigma. Ele pensou por um momento, e respondeu: “O homem. Pois ele engatinha quando é bebê, anda sobre duas pernas quando é adulto, e usa uma bengala quando é velho.”. A esfinge ficou surpresa e furiosa com a resposta de Édipo, que era a correta. Ela se jogou do alto da montanha, e se matou.

Édipo foi aclamado como o herói e o salvador de Tebas. Ele foi recebido por Creonte, o irmão de Jocasta, que era o regente do trono, após a morte de Laio. Creonte ofereceu a Édipo o trono de Tebas, e a mão de Jocasta, a sua irmã e viúva de Laio. Édipo aceitou a oferta de Creonte, e se casou com Jocasta, sem saber que ela era a sua mãe. Ele reinou em Tebas, e teve quatro filhos com Jocasta: dois meninos, Etéocles e Polinices, e duas meninas, Antígona e Ismênia.

Édipo, porém, não se livrou do seu destino, que se cumpriu sem que ele soubesse. Ele foi descoberto por Tirésias, o adivinho cego que revelou a Laio a profecia que ele tentou evitar. Tirésias foi chamado por Édipo, que queria saber a causa de uma nova praga que assolava a cidade. Tirésias disse que a causa era o assassino de Laio, que estava em Tebas, e que era o próprio Édipo. Édipo não acreditou em Tirésias, e o acusou de mentiroso e de conspirador. Ele disse que Tirésias estava aliado a Creonte, que queria tomar o seu trono.

Édipo iniciou uma investigação para descobrir a verdade, e interrogou várias testemunhas. Ele descobriu que Laio foi morto na encruzilhada, onde ele matou um homem. Ele descobriu que ele foi abandonado pelos seus pais, e que ele foi criado por Pólibo e Mérope, que não eram os seus pais verdadeiros. Ele descobriu que Jocasta era a esposa e a mãe de Laio, e que ela era a sua esposa e a sua mãe.

Édipo ficou horrorizado e enlouquecido com a verdade, que confirmava o oráculo e a profecia. Ele se sentiu culpado e desgraçado pelo seu destino, que ele não pôde evitar. Ele foi até o quarto de Jocasta, e a encontrou morta. Ela se enforcou com um lenço, ao saber da verdade. Ele pegou um alfinete do vestido dela, e furou os seus olhos. Ele se cegou, para não ver mais a sua vergonha e a sua dor.

Édipo pediu a Creonte que o expulsasse de Tebas, e que cuidasse dos seus filhos. Ele disse que ele era um rei maldito e infeliz, que matou o seu pai e se casou com a sua mãe, que ofendeu os deuses e os homens, que provocou a peste e a morte. Ele disse que ele era um homem sem visão e sem rumo, que não sabia quem era e para onde ia. Ele disse que ele era um enigma vivo, que ninguém podia resolver.

Creonte atendeu ao pedido de Édipo, e o expulsou de Tebas. Ele o acompanhou até a saída da cidade, onde ele se despediu dos seus filhos e das suas filhas. Ele abençoou as suas filhas, Antígona e Ismênia, que choraram e o abraçaram. Ele amaldiçoou os seus filhos, Etéocles e Polinices, que brigaram e o abandonaram. Ele partiu de Tebas, guiado por Antígona, que se ofereceu para acompanhá-lo. Ele vagou pelo mundo, sem destino e sem esperança, até que morreu em Colono, uma cidade próxima a Atenas, onde foi acolhido e sepultado por Teseu, o rei de Atenas, que lhe deu honra e amizade.

 

O Julgamento de Cassandra

Cassandra era uma princesa mortal que vivia em Troia, na Ásia Menor. Ela era filha de Príamo, o rei de Troia, e de Hécuba, a sua esposa e rainha. Ela era irmã de Heitor, o herói que defendeu Troia contra os gregos, e de Páris, o príncipe que raptou Helena, a rainha de Esparta, e causou a guerra de Troia. Ela era sacerdotisa de Apolo, o deus da profecia e da razão, que lhe deu o dom de prever o futuro.

Um dia, Cassandra se apaixonou por Apolo, e prometeu se entregar a ele, se ele lhe desse o dom da profecia. Apolo aceitou a promessa de Cassandra, e lhe deu o dom de prever o futuro. Mas, Cassandra se arrependeu da sua promessa, e recusou se entregar a Apolo. Apolo ficou furioso e magoado com Cassandra, e lhe deu uma maldição. Ele disse que ela poderia prever o futuro, mas que ninguém acreditaria nela. Ele disse que ela seria uma profetisa desprezada e ignorada, e que ela sofreria com a sua visão.

Cassandra tentou resistir ao seu dom, e se calar sobre o futuro. Mas, ela não conseguia controlar as suas visões, que lhe vinham em sonhos ou em transe. Ela via o futuro de Troia, e de seus habitantes, e tentava alertá-los sobre os perigos e as desgraças que os esperavam. Ela previu a queda de Troia, e a morte de seus pais, de seus irmãos, de seus amigos, e de si mesma. Ela previu a chegada do cavalo de madeira, que escondia os soldados gregos, e a destruição da cidade, que seria incendiada e saqueada.

Cassandra, porém, não foi ouvida nem acreditada por ninguém. Eles achavam que ela era uma louca e uma mentirosa, que inventava histórias para assustar e confundir. Eles desprezavam Cassandra e a insultavam, e a chamavam de pássaro de mau agouro, de boca de cão, de língua de serpente. Eles ignoravam Cassandra e a rejeitavam, e a proibiam de falar e de profetizar. Eles riam de Cassandra e a zombavam, e a desafiavam a provar as suas profecias.

Cassandra ficou isolada e infeliz em Troia, sem amigos e sem consolo. Ela sofria com as suas visões, e com a sua solidão. Ela clamava por Apolo, e lhe pedia que lhe tirasse o dom e a maldição. Mas, Apolo não lhe respondia, e não lhe atendia. Ele a deixava sofrer, e a observava de longe.

Um dia, Cassandra viu a sua última visão, e a mais terrível. Ela viu a entrada do cavalo de madeira em Troia, e a saída dos soldados gregos de dentro dele. Ela viu o massacre dos troianos, e o incêndio da cidade. Ela viu a morte de seus pais, que foram assassinados por Neoptólemo, o filho de Aquiles, o maior dos heróis gregos. Ela viu a morte de seus irmãos, que foram mortos em combate, ou levados como escravos. Ela viu a sua própria morte, que seria causada por Agamêmnon, o rei dos gregos, que a levaria como sua concubina.

Cassandra correu para o templo de Atena, a deusa da justiça e da sabedoria, que era a protetora de Troia. Ela se agarrou à estátua da deusa, e lhe pediu que a salvasse, ou que a matasse. Ela disse que ela era uma princesa desgraçada e infeliz, que previu o futuro, mas que não pôde mudá-lo. Ela disse que ela era uma sacerdotisa ofendida e traída, que amou o deus, mas que foi amaldiçoada por ele. Ela disse que ela era uma profetisa incompreendida e ignorada, que falou a verdade, mas que não foi escutada por ninguém.

Atena ouviu Cassandra, mas não pôde ajudá-la. Ela disse que ela era uma deusa justa e sábia, mas que ela não podia interferir no destino dos homens, que era determinado pelos deuses. Ela disse que ela era uma deusa protetora e bondosa, mas que ela não podia impedir a guerra e a violência, que eram escolhas dos homens. Ela disse que ela era uma deusa testemunha e conselheira, mas que ela não podia forçar os homens a ouvirem e acreditarem, que eram responsabilidades dos homens.

Atena se afastou de Cassandra, e a deixou à mercê dos gregos, que invadiram o templo. Eles a arrancaram da estátua da deusa, e a violentaram. Eles a levaram para o navio de Agamêmnon, que a escolheu como sua presa. Eles a levaram para a Grécia, onde ela seria escrava e concubina de Agamêmnon. Eles a levaram para a morte, que seria causada por Clitemnestra, a esposa de Agamêmnon, que o mataria, e a mataria também.

 

O Julgamento de Aquiles

Aquiles era um herói mortal que vivia na Grécia. Ele era filho de Peleu, o rei de Ftia, e de Tétis, uma ninfa do mar, que era filha de Nereu, o velho do mar. Ele era o maior dos guerreiros gregos, que lutaram na guerra contra Troia, para recuperar Helena, a rainha de Esparta, que foi raptada por Páris, o príncipe de Troia. Ele era o dono da armadura e da espada de ouro, que foram feitas por Hefesto, o deus do fogo e da metalurgia. Ele era o amigo e o amante de Pátroclo, o seu primo e companheiro, que era o seu braço direito e o seu coração.

Um dia, Aquiles se desentendeu com Agamêmnon, o rei dos gregos, e o líder da expedição contra Troia. Agamêmnon tomou de Aquiles a sua escrava Briseida, que era a sua amante e a sua consolação. Aquiles ficou ofendido e furioso com Agamêmnon, e o acusou de tirano e de ladrão. Ele se recusou a lutar na guerra, e se retirou para a sua tenda, junto com os seus soldados, os mirmidões. Ele pediu a sua mãe, Tétis, que intercedesse por ele junto a Zeus, o rei dos deuses, para que ele favorecesse os troianos, e castigasse os gregos.

Tétis atendeu ao pedido de Aquiles, e foi até o Olimpo, onde ficava a morada dos deuses. Ela se ajoelhou diante de Zeus, e lhe pediu que ele desse a vitória aos troianos, e que ele fizesse os gregos sentirem a falta e a necessidade de Aquiles. Ela disse que Aquiles era o seu filho querido e sofrido, que tinha uma vida breve e dura, que era o melhor dos homens e dos heróis, que merecia a glória e a honra. Ela disse que Aquiles estava triste e magoado, e que ele precisava de justiça e de reconhecimento.

Zeus aceitou o pedido de Tétis, e deu a vitória aos troianos, que avançaram sobre os gregos, e os fizeram recuar até os seus navios. Ele deu destaque a Heitor, o filho de Príamo, o rei de Troia, e o irmão de Páris, que era o maior dos guerreiros troianos, e o rival de Aquiles. Ele fez Heitor matar muitos gregos, e incendiar muitos navios. Ele fez Heitor matar Pátroclo, que vestiu a armadura de Aquiles, e foi para a batalha, para tentar salvar os gregos, e para agradar a Aquiles.

Aquiles ficou sabendo da morte de Pátroclo, e ficou inconsolável e irado. Ele chorou e lamentou a perda do seu amigo e do seu amante, que era a sua vida e a sua alma. Ele se arrependeu e se culpou pela sua birra e pela sua vaidade, que causaram a sua desgraça e a dos gregos. Ele decidiu voltar para a guerra, e vingar a morte de Pátroclo, e matar Heitor. Ele pediu a sua mãe, Tétis, que lhe desse uma nova armadura, e uma nova espada, para que ele pudesse enfrentar Heitor, e derrotá-lo.

Tétis atendeu ao pedido de Aquiles, e foi até o Olimpo, onde ficava a forja de Hefesto, o deus do fogo e da metalurgia. Ela pediu a Hefesto que fizesse uma nova armadura e uma nova espada para Aquiles, que fossem belas e resistentes, que fossem dignas do seu filho e do seu herói. Ela disse que Aquiles era o seu filho amado e valente, que tinha uma vida curta e gloriosa, que era o pior dos inimigos e o melhor dos amigos, que merecia a vitória e a fama. Ela disse que Aquiles estava bravo e determinado, e que ele queria justiça e vingança.

Hefesto aceitou o pedido de Tétis, e fez uma nova armadura e uma nova espada para Aquiles, que eram as mais belas e as mais resistentes que ele já tinha feito. Ele fez um escudo, que tinha a imagem de todo o mundo, com o céu, o mar, a terra, os deuses, os homens, os animais, as plantas, as cidades, as guerras, as festas, as estações, as estrelas. Ele fez um elmo, que tinha a imagem de um leão, que rugia e cuspia fogo, que representava a força e a fúria de Aquiles. Ele fez uma couraça, que tinha a imagem de uma águia, que voava e agarrava uma serpente, que representava a rapidez e a astúcia de Aquiles. Ele fez uma espada, que tinha a imagem de um raio, que brilhava e cortava o ar, que representava o poder e a justiça de Aquiles.

Hefesto entregou a nova armadura e a nova espada a Tétis, que as levou para Aquiles. Aquiles vestiu a nova armadura e pegou a nova espada, e se sentiu renovado e confiante. Ele foi para a guerra, e liderou os gregos, que se animaram e se fortaleceram com a sua presença. Ele matou muitos troianos, e incendiou muitas torres. Ele matou Heitor, que o enfrentou em um duelo, e o arrastou pelo chão, amarrado ao seu carro. Ele vingou Pátroclo, e recuperou a sua armadura, que estava com Heitor. Ele vingou os gregos, e recuperou a sua honra, que estava com os troianos.

Aquiles, porém, não se sentiu satisfeito ou feliz com a sua vitória. Ele se sentiu vazio e triste pela morte de Pátroclo, e pela sua solidão. Ele se sentiu culpado e cruel pela morte de Heitor, e pela sua vingança. Ele se sentiu fadado e infeliz pelo seu destino, e pela sua morte.

Um dia, Aquiles viu a sua última visão, e a mais triste. Ele viu Príamo, o pai de Heitor, que veio até ele, disfarçado de mendigo, e lhe pediu que lhe devolvesse o corpo de Heitor, para que ele pudesse enterrá-lo com dignidade. Ele disse que Aquiles era um herói nobre e generoso, que sabia respeitar os mortos e os deuses. Ele disse que Heitor era o seu filho amado e honrado, que merecia um funeral decente e sagrado. Ele disse que ele era um pai sofrido e humilde, que só queria chorar e se despedir do seu filho.

Aquiles se comoveu com o pedido de Príamo, e lhe devolveu o corpo de Heitor, para que ele pudesse enterrá-lo com dignidade. Ele disse que Príamo era um rei sábio e bondoso, que sabia pedir e agradecer. Ele disse que Heitor era um guerreiro valente e nobre, que merecia um funeral decente e sagrado. Ele disse que ele era um filho triste e arrependido, que só queria chorar e se despedir do seu pai.

Aquiles abraçou Príamo, e chorou com ele. Ele se lembrou de Pátroclo, e de Peleu, e de Tétis. Ele se lembrou de Heitor, e de Príamo, e de Hécuba. Ele se lembrou de Troia, e de Grécia, e de si mesmo. Ele se lembrou da guerra, e da paz, e da morte.

Aquiles morreu em Troia, pouco depois, vítima de uma flecha envenenada, que foi disparada por Páris, o irmão de Heitor, e o raptor de Helena. A flecha acertou o seu calcanhar, que era o seu único ponto vulnerável, pois era o único lugar que não foi banhado pelas águas do rio Estige.

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