Houve tempo em que o 1 de Abril era o dia das mentiras e os jornais colocavam, muitas vezes em “caixa alta” e na primeira página, uma mentira que de tão inacreditável logo se percebia ser a “peta” do dia.
Eram tempos em que era necessário respeitar as receitas de Goebbels, repetir mil vezes a mentira para que ela fosse tomada como verdade. Eram também tempos em que se reconhecia ser “mais fácil apanhar um mentiroso que um coxo”, em que a mentira era socialmente recriminada e era honroso honrar a palavra.
Hoje, vivemos tempos da pós-verdade. E esta veio para ficar, pois criou raízes na imprensa, consta dos verificadores ortográficos e em todos os dicionários. A mentira cedeu lugar à pós-verdade:
«Circunstância ou contexto, geralmente de ordem cultural ou política, em que a opinião pública e o modo como esta se comporta, se fundamentam mais em apelos emocionais falaciosos e na afirmação de convicções pessoais avulsas do que em factos objectivos e observáveis;
Tempo em que se verifica a desvalorização da verdade objectiva, atestada pelos factos e colectivamente estabelecida, e se toma por certo qualquer enunciado contraditório, de origem arbitrária, subjectiva e falaz»
in Infopédia
«Informação que se divulga ou aceita como facto verdadeiro devido à forma como é apresentada e repetida, mas que não tem fundamento real (ex.: estas pós-verdades negam anos de evidências científicas);
Que atribui mais importância a notícias falsas ou não fundamentadas do que à verdade objectiva (ex.: era pós-verdade; política pós-verdade).»
in Priberam