O ano de 1936 começou com novas colaborações de Django, com Jean Sablon e Jean Tranchant. Em abril, o quinteto gravou novamente, o que se repetiria em outubro. Entre os temas gravados estavam “In the Still of the Night “, “Georgia on my Mind” e “Nagasaki”. Um artigo de junho de 1936, escrito por Edgar Jackson na revista londrina The Gramophone, dizia que “Reinhardt continua o mesmo mago da guitarra, Grappelli é ainda o único rival de Venuti e um melhor acompanhamento dos instrumentos disponíveis dificilmente pode ser imaginado”. Durante todo esse ano, Django teve várias colaborações e concertos com outros músicos. Em abril de 1937, o Quinteto do Hot Club de França gravou novo disco que incluía novas canções, entre elas “Tears”. No mesmo mês, Django gravou novamente com Coleman Hawkins e em setembro, lançou um disco em nome próprio, que incluía temas como “St. Louis Blues” e “Boucin’ Around (Rhythm in G Minor)”, acompanhado por Louis Gaste na guitarra e Eugène D’Hellemmes no contrabaixo. No final desse ano, o grupo gravou um novo disco, que incluía canções como “Minor Swing” e “My Serenade”.
O quinteto do Hot Club de França fez bastante sucesso na Europa. Um dos motivos para isso foi a combinação de cordas, até então pouco explorada. Musicalmente, o estilo do grupo aproximava-se muito do swing. Louis Vola, que tocava o contrabaixo, desenvolveu um método de tocar conhecido como “bomba manouche”, uma marca do estilo gypsy jazz. Ao mesmo tempo, as duas guitarras rítmicas forneciam uma base regular para a música. Django e Grappelli faziam os solos.
Quando a Segunda Guerra Mundial começou, o quinteto estava em tournée no Reino Unido. Django retornou a Paris, deixando sua esposa em Inglaterra. Grapelli permaneceu no Reino Unido durante toda a guerra. Reinhardt reconstruiu o quinteto com Hubert Rostaing no clarinete, em substituição do violino de Grappelli. Em 1943, Reinhardt casou-se em Salbris com Sophie “Naguine” Ziegler, com quem teve um filho, Babik Reinhardt, que se veio a tornar num respeitado guitarrista. Django sobreviveu à guerra sem ser preso, ao contrário de muitos ciganos que morreram nos “Porajmos”, o assassinato sistemático de várias centenas de milhares de ciganos europeus feito pelo regime nazi. Django foi alertado dos perigos que corria e fez várias tentativas para fugir da França ocupada, mas sempre sem sucesso. Alguns autores atribuem a sua sobrevivência a uma eventual proteção de nazis que gostavam de jazz, como o oficial da Luftwaffe Dietrich Schulz-Köhn, cuja alcunha era “Doktor Jazz”. No entanto, os problemas de Django aumentaram também pelo fato de que os nazis desaprovarem oficialmente o jazz. Nesse contexto, Django procurou outras direções musicais, tendo escrito um requiem para os ciganos e uma sinfonia. Como não sabia escrever música, o guitarrista ia improvisando a música e um assistente passava-a às pautas.
Depois da Guerra, Django juntou-se a Grappelli em Inglaterra. Daí foram para os Estados Unidos, onde fizeram uma tournée abrindo concertos para Duke Ellington e tocando no Carnegie Hall, atuando com músicos e compositores famosos como Maury Deutsch. Apesar do grande orgulho de Django em tocar com Duke, a verdade é que não se sentiu integrado na banda, pois tocou apenas alguns acordes no final do espetáculo, sem nenhum arranjo especial. Django estava acostumado a tocar o com seu irmão Joseph, que carregava a sua guitarra e a afinava para ele. Existem rumores de que Django recebeu um instrumento desafinado para tocar, ainda por cima diferente daquele com que usualmente tocava, a guitarra Selmer Maccaferri que ele tornou célebre.
Por outro lado, quando chegou a nova Iorque Django tentou encontrar-se com Charlie Parker e Dizzy Gillespie, mas infelizmente nenhum deles se encontrava no país. Para Django, o resultado da tournée americana não foi nada satisfatório e ele voltou para casa frustrado, embora mantendo o seu ritmo habitual de tocar e gravar com variados artistas.
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Por opção do autor, este artigo respeita o AO90
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