Depois, mais sério, embora em tom rápido, disse aos presentes:
– Muito obrigado rapaz! Eis um presente bonito e significativo. O que acham? Vamos, entre todos, comprá-lo e pendurá-lo atrás do balcão?
Como se estivesse a cobrar pedaços de vida o “Picasso” viu a sua obra, depois de concluída, render-lhe 499 euros. Agora, aquela paz totalitária e só dele, figura saudavelmente na parede do bar.
Eu, sinceramente, não entendo essa arte, nem alguns dos seus significados, embora a laranja no Deserto à luz da Lua, vista de perfil, não me pareça mal.
Muita malta fixa na tv para vibrar com um pouco agitado jogo do Sporting, que somou mais uma derrota. Como é admirável assistir ao grande amor dos portugueses pelos fracassos alheios.
Musicalmente a temática desta noite foi Pedro Abrunhosa. Um tal Luís e uma tal Olga, ambos de ambição imensa, maior que Marte, interpretaram o seu vasto reportório. Os clientes entraram na festa como se estivessem num iate em pleno alto mar, baloiçando-se nas cadeiras que transformavam os seus ocupantes, em parte integrante do espectáculo.
O momento zen dá-se quando uma rapariga, naquela idade da nossa indecência, saltou para o colo do seu par e terá tido um orgasmo, pela forma, traída, como revirava os olhos enquanto o duo entoava o tema “Ilumina-me”!
Enquanto isso, muitos olhos, quais câmaras de filmar, faziam zooms sucessivos aos generosos seios dela.
A Sara não apareceu, como combinado, para trocarmos mais um sofrido beijo. Estou mais desconfiado do que um gato, em como depressa não terei notícias.
Como um pensamento destes não é próprio para consumo humano, lá foi mais uma tacinha de branco.