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Sexta-feira, Abril 26, 2024

E se o Estado Islâmico dispusesse de uma arma de destruição maciça?

José Carlos S. de Almeida
José Carlos S. de Almeida
Professor de Filosofia do ensino secundário. Licenciado em Filosofia e em Direito.

Ameaça GlobalExistem livros para todas as ocasiões, para todos os espaços, para todos os intervalos de tempo. Se só disponho, naquele dia, de meia hora livre, talvez opte por um romance light, mas nunca por um ensaio; se disponho do serão poderei “pegar” num clássico, mas é discutível optar por um policial.

E o que se diz para os géneros, pode-se dizer para o tamanho das letras, para a mancha gráfica das páginas, para a motivação inicial com que me “lanço” numa dada leitura. Mesmo lendo Slavoj Zizek ou Zygmunt Bauman à noite, não me recuso a mergulhar na leitura de um thriller. E não me arrependo.

Ora, a vantagem daquele que tenho agora entre as mãos, é que, sem sacrificar o ritmo trepidante da acção, que sempre se busca neste género e que me entusiasma verdadeiramente, constitui um manancial de informação sobre as actividades e os objectivos do Estado Islâmico na sua luta contra o mundo ocidental e os EUA em particular.

Neste sentido, e tratando-se de um autor que não só nos tem dado bestsellers que tratam de temáticas sobre a política internacional, como é, ele próprio, um especialista nas questões do Médio Oriente. Por outro lado, também ajuda à elaboração duma narrativa bem informada e bem fundamentada, como no caso vertente, o facto de tratar-se dum herói que é correspondente do The New York Times e que se movimenta no Iraque ou na Síria com contactos essenciais no terreno e junto dos serviços de inteligência.

Assim, o leitor, ao mesmo tempo que acompanha as actividades do jornalista James Bradley Collins, vai aprofundando o seu conhecimento sobre o conflito complexo que se instalou naquela zona do globo. E toda essa movimentação se justifica porque se teme que uma facção do Estado Islâmico tenha obtido armas químicas que estariam num esconderijo na Síria.

A ameaça, que se situaria numa escala de destruição em massa, nunca vista até aqui, mesmo tratando-se duma hipótese ficcional, não é totalmente descabida. O perigo de descontrolo em relação aos arsenais de armas de destruição maciça acontece com mais probabilidade em períodos de instabilidade política nas respectivas regiões.

Pode acontecer na Síria, mas já aconteceu nalguns territórios da ex-União Soviética e aquando, precisamente, da dissolução da federação soviética e do regime político que a sustentava. Ficou conhecido o perigo que recaiu sobre os arsenais de armamento nuclear na Ucrânia, quando a direcção político-militar se desmoronou.

A instabilidade política que tem resultado de intervenções militares desastrosas por parte das potências ocidentais tem acabado por fomentar as actividades terroristas e o clima de terror e insegurança que se tem adensado a ocidente.

Estamos precisamente perante uma situação em que o feitiço se vira contra o feiticeiro. O que nos vale são estes aprendizes do dito, que heróica e abnegadamente conseguem reverter as ameaças, mesmo globais.

Joel C. Rosenberg, Ameaça Global, Clube do Autor, 2016, 406 pp.

 

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