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Terça-feira, Março 19, 2024

Francisco de Paula Cândido Xavier

Conhecido simplesmente por Chico Xavier. Chico Xavier foi e é considerado o maior médium do Brasil e do mundo que já alguma vez existiu. 

Chico Xavier nasceu em 1910 na cidade de Pedro Leopoldo, no Estado de Minas Gerais, Brasil. Em 1959 mudou-se para Uberaba, também no mesmo Estado de Minas Gerais, e lá permaneceu até ao fim dos seus dias. Morreu em 2002, aos 92 anos de idade.

Chico Xavier

Com Chico Xavier o Espiritismo ou Doutrina Espírita – corrente filosófica com base nos estudos da Vida Espiritual – é amplamente divulgada através da sua vastíssima obra, seu exemplo de vida, assim como o seu vastíssimo testemunho da existência e da sobrevivência do espírito após a morte do corpo físico.

Nascido numa família humilde, apenas terminou o ensino primário. A sua mediunidade manifesta-se com apenas quatro anos de idade, com visões e mensagens dos espíritos. De tal modo essas visões e mensagens eram e foram comuns durante toda a sua vida, que ele vivia permanentemente e durante toda a sua existência entre os dois mundos, o espiritual e o terreno. Quando começam as visões e o contacto com a realidade espiritual, o padre e seu confessor prescreve-lhe um sem número de penitências e de contrições “para não mais ver espíritos e ouvi-los” – “visões e vozes do demónio”, dizia. Mas Chico Xavier nunca parou de ter visões nem de conversar com espíritos.

Com dezassete anos de idade, Chico Xavier é então apresentado ao Espiritismo por um casal espírita, José Perácio e sua esposa Carmen Perácio, e ouve as explicações sobre os “fantasmas” que ele via e o cercavam desde criança. Através deles conhece e estuda “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, e conhece uma palavra-chave: mediunidade. Tornando-se ele próprio no maior dos intérpretes dos espíritos na Terra.

Emmanuel

Aos 21 anos, em 1931, em Pedro Leopoldo, Chico Xavier tem o seu primeiro encontro com o seu mentor espiritual que o acompanharia por toda a vida. Sob o pseudónimo de Emmanuel, este mentor espiritual surge-lhe pela primeira vez “…à sombra de uma árvore, na beira de uma represa...”, como “um jovem imponente, com vestes sacerdotais e aura brilhante”. O diálogo entre ambos foi breve. Mas o suficiente para começar a tarefa proposta e gigantesca que daí por diante viria:

– Está mesmo disposto a trabalhar na mediunidade?

– Sim, se os bons espíritos não me abandonarem.

– Você não será desamparado, mas para isso é preciso que trabalhe, estude e se esforce no bem.

– O senhor acha que estou em condições de aceitar o compromisso?

– Perfeitamente, desde que respeite os três pontos básicos para o serviço.

 – Qual o primeiro ponto?

 – Disciplina.

 – E o segundo?

 – Disciplina.

 – E o terceiro?

 – Disciplina, é claro. Temos algo a realizar. Trinta livros para começar.

A Obra de Chico Xavier

Em 1932 foi publicado o famoso “Parnaso de Além-Túmulo” de Augusto dos Anjos, psicografado por Chico Xavier. Começaria assim uma extensa lista de obras psicografadas, mais de quatrocentas, ao longo dos 74 anos dedicados a servir de ponte entre vivos e “mortos”, ou seja, entre vivos e desencarnados. Mais de trinta milhões de exemplares psicografados foram vendidos em português, com traduções em inglês, japonês, espanhol, italiano, sueco, mandarim, russo, romeno e braile. Todos os direitos autorais dos seus livros são concedidos à Federação Espírita Brasileira (FEB) e cedeu em cartório todos os direitos autorais para organizações espíritas e instituições de caridade. “Os livros não me pertencem. Eu não escrevi livro nenhum. “Eles” escreveram.”, sempre repetia.

De todos os seus livros psicografados, é nos livros da autoria do espírito André Luiz (dezasseis no total) que se encontram as mais sérias e profundas informações sobre a Vida Espiritual, o Mundo Espiritual, e como se processa o intercâmbio entre o Mundo Espiritual e o nosso plano (Terra), assim como entre encarnados e desencarnados. Também sobre a reencarnação é nos livros de André Luiz que descobrimos todo o seu funcionamento, toda a sua dinâmica, as suas causas e finalidades. Faz parte desta coleção de livros, uma das obras mais populares, mais lidas e mais vendidas da literatura espírita que é o romance “Nosso Lar”. Adapatado brilhantemente para o cinema, o filme “Nosso Lar” foi visto por milhões de brasileiros e milhões de cópias do filme têm sido largamente difundidas.

Ao longo da sua vida, até idade avançada, Chico Xavier era muito procurado por famílias de toda a parte do mundo – sobretudo mães – que o procuravam no sentido de um sinal, de uma consolação, de que os seus familiares/filhos continuavam vivos. Muitos foram aqueles que receberam essas mensagens, escritas/ditadas pelos próprios familiares. “ O telefone não funciona de cá para lá, mas de lá para cá”, explicava Chico Xavier, quando nem todos que o procuravam recebiam notícias. 

O caso Maurício, entre outros

O Juiz que decide e absolve baseado numa carta psicografada de Chico Xavier

Corria o ano de 1979, e o Juiz Orimar de Bastos (sexta vara criminal de Goiânia) tinha em mãos o processo do jovem Maurício, que segundo a sua família havia sido deliberadamente baleado pelo amigo (José Divino) enquanto manuseavam um revólver, acabando Maurício por ser atingido, vindo a falecer. Seis anos demorou o processo, com a família de Maurício sustentando a tese que o filho havia sido morto intencionalmente. Durante esse período, os pais de Maurício resolvem ir até Uberaba para, através de Chico Xavier, buscar consolo e notícias do filho. E recebem uma longa carta de Maurício relatando como tudo aconteceu, minuciosamente, narrando que o revólver disparou inadvertidamente, sem que o amigo tivesse alguma intenção de matar. O Advogado de defesa junta essa mesma carta de Maurício aos autos. O interrogatório ao amigo que sobreviveu, José Divino, e a carta de Maurício coincidiam em tudo e nos detalhes todos. O Juiz também analisou a perícia feita pela polícia e que a carta de Maurício atesta e confirma de igual modo com todos os detalhes. Conclui-se então que não tinha havido intenção, dolo; a bala havia saído involuntariamente do revólver atingindo fatalmente Maurício. O Juiz Orimar de Bastos resolve assim absolver o réu, com base na carta psicografada de Chico Xavier. 

Algum tempo depois, o próprio Dr. Orimar de Bastos recebe uma carta psicografada de Chico Xavier, escrita por um ex colega, o Juiz Adalberto Pereira da Silva, que havia sido Juiz em Piracajuba, onde ambos trabalharam, contando as razões dele ter sido envolvido neste caso de Maurício. Como costumava dizer Chico Xavier: “ Já vivemos muitas vezes. Estamos com as pessoas certas para ajustarmos os nossos corações e solucionarmos os nossos problemas. Na reencarnação ninguém erra de endereço”.

A sua morte

Respeitadíssimo por todos, quando morreu, o então Governador de Minas Gerais, Itamar Franco, decretou três dias de luto oficial no Estado de MG, declarando:

Chico Xavier expressava em sua face uma imensa bondade, reflexo de sua alma iluminada”.

Também o então Presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso se pronunciou sobre Chico Xavier com esta nota:

Grande líder espiritual e figura querida e admirada pelo Brasil inteiro, Chico Xavier deixou a sua marca no coração de todos os brasileiros, que ao longo de décadas aprenderam a respeitar seu permanente compromisso com o bem estar do próximo.”

Muitos milhares de pessoas acompanharam o cortejo fúnebre e quando chegou para ser enterrado, o seu corpo foi recebido por milhares de pétalas de rosas lançadas a partir de um helicóptero da Polícia Rodoviária Federal.

O que fica

Uma vida repleta de amor, com os seus livros e as suas mensagens a ajudarem a consolar os vivos, a propagar a paz e a incentivar o bem, numa luta incessante pela evolução espiritual de cada um. Fazem eco em toda a comunidade espírita e não apenas espírita, as frases que ele repetidamente dizia:

Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”


Por opção do autor, este artigo respeita o AO90


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