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Segunda-feira, Março 18, 2024

Imagine completa 50 anos como o eterno hino da paz e da igualdade

Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Jornalista, assessor do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo

Na pós hecatombe verborrágica do ainda presidente Jair Bolsonaro, o dia 8 de setembro marca, desta vez de maneira positiva, os 50 anos de uma das canções mais executadas no planeta, o eterno hino da paz e da luta dos menos favorecidos por vida digna, Imagine, de John Lennon (1940-1980) e sua companheira de vida, Yoko Ono.

Imagine é muito mais do que um potente protesto contra a Guerra do Vietnã (1959-1975). Embora isso já bastasse para eternizar seus versos cantados. Transformou-se, contudo, num grito pela paz, pelos direitos humanos, pelo respeito à vida e à dignidade de todas as pessoas.

O mundo celebra a efeméride como uma importante vitória do talento de Lennon e Yoko sobre toda as atrocidades cometidas nas guerras imperialistas. Sobre todos os tipos de guerras. As guerras que promovem a fome, a miséria e a doença, tanto quanto as guerras explícitas com invasões armadas. Como disse Gabriel García Márquez (1927-2014) “toda guerra é burra”.

Após o fim dos Beatles, em 1970, Lennon, vivendo com Yoko, continuou a esbanjar talento, sempre emprestando sua voz para os que não têm como e onde expressar seus anseios, desejos e necessidades.

Imagine (1971), de John Lennon e Yoko Ono

Nesta canção atualíssima, os autores imaginam “todas as pessoas vivendo para o presente”. Assim não teriam tempo para pensar em acumulação de riquezas, não desejariam surrupiar as pessoas que só possuem a força de trabalho para sobreviver. Certamente o mundo seria outro. Mas a imaginação não cessa e o pensamento voa sempre. E que esse voo seja para a transformação do mundo em um lugar bom para se viver.

A força dessa canção, que não é estranha, é tamanha, tanto que para lembrar a efeméride, trechos de sua poesia foram projetados em diversos edifícios no mundo inteiro, como a Catedral de São Paulo, em Londres, Reino Unido, e a Praça Times Square, em Nova York, Estados Unidos.

Yoko distribuiu um comunicado dizendo que “John teria amado isto. Imagine incorpora o que acreditávamos juntos na época”. E “ainda estamos juntos agora, e ainda acreditamos nisso. O sentimento é tão importante agora quanto era quando foi escrito e lançado 50 anos atrás”.

Inclusive será lançado nesta sexta-feira (10), um disco duplo em vinil branco, com edição limitada. Negócios à parte, a legião de fãs do ex-Beatle, assassinado em 8 de dezembro de 1980, com apenas 40 anos e depois de cinco anos afastado das gravações, agradecem.

Projeção na Catedral de São Paulo, em Londres, na quarta-feira (8)

Mas não se pode parar de imaginar. Então, vamos com Lennon e Yoko imaginar “todas as pessoas vivendo a vida em paz”. Ninguém propagando a posse de fuzis em vez de comida. Ninguém invadindo países por causa de petróleo ou água. Ninguém desrespeitando os direitos trabalhistas. Ninguém controlando a vida de ninguém e todas as pessoas juntas construindo o mundo que se pode ter para todo mundo.

Portanto, “imagine que não existem posses. Sem necessidade de ganância ou fome. Imagine todas as pessoas compartilhando o mundo inteiro”, como eles cantaram e com seu canto encantam a todas as pessoas que sonham e que amam.

Mas é necessário ir além da imaginação como fez John Lennon, que dedicou a sua vida à arte, à luta pela paz, mas não a paz dos cemitérios, a paz dos corações e mentes livres, a paz que preserva a vida, os sentimentos e a natureza.

Cinquenta anos se passaram e Imagine ainda toca todo mundo que tem a certeza de um futuro onde não haja mais tempo a perder com coisas pequenas.

Imagine é a prova cabal de que o sonho só acaba quando acaba a vida. Então melhor é sonhar junto com quem deseja construir um mundo onde todos tenham trabalho, teto, comida, diversão, arte e saída para qualquer parte.

A percepção rara de John Lennon faz muita falta nestes tempos dominados pelo ódio ao diferente e aos direitos da pessoa humana. Lennon foi dessas pessoas imprescindíveis para a humanidade.


Texto em português do Brasil

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