Marcelo morde. Estávamos à espera do dia, mas nunca mais chegava. Foi esta terça, no meio de uma frase sobre qualquer coisa, que o Presidente da República avisou PSD e PS.
O primeiro tem de ter novo líder antes ou depois das autárquicas.
O PS tem de cumprir o calendário austero, ou Marcelo põe Catarina de castigo, Costa a falar sozinho e ignorará, como sempre, Jerónimo.
Com a afirmação “Depois das autárquicas veremos o que é que se passa”, O Presidente matou dois coelhos: o Coelho líder e o coelho da direita.
Quanto ao primeiro, já sabemos os amores que os liga. Quanto ao segundo, agradou ao eleitorado que o elegeu, um bocado farto de o ver de mão dada com essa esquerdalha – a esquerda escumalha, entenda-se.
Esta tensão que Marcelo introduz na política pode nem ser verdadeira, mas era preciso agitar as águas.
Este Presidente dá-se mal com a pasmaceira. Já disse que o optimismo de Costa era irritante e agora deu-lhe um ano para provar o que vale.
Parecem coisas soltas, mas não são. O que Marcelo está a fazer é a apertar o PS, como lhe compete. Nos primeiros seis meses foi tudo paz. Agora o Presidente vai ser examinador. Como se esperava.
Curioso, no entanto, será ver como Marcelo lidará com o PSD, uma vez que ainda não parece haver grande canal de comunicação nem líder a seguir ao líder. Rio bem se esforça, mas transformou-se num pormenor, apenas. Aos restantes Morais Sarmento, José Eduardo Martins e Paulo Rangel parece que ou não querem ou não sabem. Ou não podem, à espera da bandeirinha do Presidente.
Convinha haver oposição e que essa não fosse Marcelo. Fica mal ao professor andar a fazer de juiz, jurado, concorrente, entretainer e melhor amigo. Cai-lhe a dentadura de tanto uso.
É só uma ideia.