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HomeOpiniãoNão há Natal em Aleppo

Não há Natal em Aleppo

  • 20 Dezembro, 2016
  • Mendo Henriques
  • Posted in Opinião
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Natal é a festividade cristã em que um menino vem trazer a paz. Os meninos da Síria que conhecemos são Aylan Kurdi morto na praia, fugido de Kobani, cidade mártir das batalhas entre terroristas muçulmanos e forças curdas; e Omra Daqneesh numa cadeira de ambulância, coberto de sangue e poeira após um ataque aéreo russo…

Este será o Natal da nossa vergonha em Aleppo. Ninguém sai ileso. A começar pela mínima culpa do silêncio de quem escreve estas linhas, mas que há muito conhece o hino da resistência de Niemoeller. “Um dia vieram e levaram o meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei…” Sabemos como termina esta ladainha.

Falar sobre Allepo não exige ser especialista em geopolítica nem economia; exige compaixão. E essa escasseia entre quem presume saber o que passa com a massa de informações da net e wikileaks. Informação não substitui discernimento, e contagia e intoxica a massa de pessoas que quer encontrar um culpado… quando o grande culpado é a falta de solidariedade em tempos de chumbo, a falta de ética em sociedades doentes que deixam à solta o terrorismo, o vencedor da competição entre poderes brutais.


Um dia saberemos a verdade sobre Aleppo. Mas desde já sabemos que tudo começou há quase seis anos com a Primavera árabe, em março de 2011. Durante um ano, as pessoas saíam das mesquitas e protestavam contra Assad. Em resposta, o regime matou dezenas de manifestantes. Nas semanas seguintes, esses mortos eram usados ​​como mártires para inspirar novos protestos, e assim até à guerra civil.

A Primavera Árabe foi uma criação das populações árabes. Há muito racismo por detrás do argumento que foram os EUA e a Europa a conspirar: como se os tunisianos, líbios e egípcios fossem massas de gente ignara e prontos a serem manipulados pelos ocidentais. Foi genuína a revolta do estudante que se imolou pelo fogo na Tunísia; a dos tripolitanos que já não suportavam o jugo de Kadaffi; a dos egípcios que detestavam Mubarak, o carrasco e bom aliado dos norte-americanos. Claro que não houve Primavera Árabe na Árabia Saudita; e a do Iémen é esmagada noutra guerra remota.

O movimento de massas árabes ameaçou americanos e europeus. Mas os governos ocidentais alinharam com as novas forças emergentes e seu desejo de liberdade, entretanto muito frustrados. No Norte de África, alcançaram-se equilíbrios instáveis. Sobrou a Síria, sem petróleo nem gás e com um mosaico de religiões e etnias coladas pelo regime de exceção do regime Baath desde 1963.

Queremos culpados pela deterioração da situação da Síria em guerra civil? Um deles foi o próprio Assad, cujo regime começou a matar quem exigia um novo governo.

Queremos culpados? O Exército Sírio Livre com desertores do exército e civis guerrilheiros que iniciaram represálias contra o regime. É uma força sunita mas inclui Alauitas, uma corrente xiita a que pertence o próprio Assad.

Queremos culpados? Os jihadistas e outras forças islâmicas juntaram-se à luta contra Assad: a Frente de Nusra, controlada pela Al-Qaeda, apoiada com dinheiro e armas pela Turquia e Arábia Saudita, E muitos outros grupos menores com alianças mutantes. E por cima de todos, o califado terrorista DAESH ou IS.

Queremos culpados? Os EUA e a UE que, uma vez iniciada a guerra civil, ajudaram a “oposição moderada” do Exército Sírio Livre com armas e apoios aéreos.

Queremos culpados? A nova Rússia de Vladimir Putin que envia os Spetnaz a preparar o terreno e os aviões em bombardeamentos indiscriminados.

Queremos culpados? O islamo-fascista Erdogan que colocou a Turquia a ganhar com a espoliação das riquezas da Síria, e controlou o tráfico de refugiados para a Europa.

A lista de responsáveis é grande. Hillary Clinton recomendou as operações norte-americanas; os mercenários da Arábia Saudita e do Qatar na Jihad de Aleppo. A Arábia Saudita e Turquia, potências sunitas. O Irão, o poder xiita rival que controla o Hezbollah.

Quando os distúrbios da Primavera Árabe se desencadearam no início de 2011, a CIA e a frente anti-iraniana de Israel, Arábia Saudita e Turquia viram uma oportunidade de ganhar uma vitória geopolítica. Regime change, no jargão neoliberal de Washington. O embaixador americano Stevens, foi morto em Benghazi enquanto dirigia uma operação da CIA para enviar armas da Líbia para a Síria.

O califado do DAESH, ou ISIS é até agora o único vencedor da guerra civil síria. Mas é pouco provável que contra ele se consiga reconstruir um grande acordo dos culpados da guerra da Síria.

Até à queda de Aleppo, a regra era: a mudança de regime em primeiro lugar, o cessar-fogo depois.

Após a queda da Aleppo dos resistentes, a regra mudou. A política ocidental sofreu uma derrota. Assad cantou vitória com o apoio da Rússia e do Irão. Os mercenários enviados para derrubar Assad são jihadistas radicais com suas próprias agendas, agora derrotados em Aleppo mas há uma semana reconquistaram Palmira.

A manipulação da comunicação social é grande. Até parece que ninguém sabia, que uma boa parte da Síria já estava destruída; que muitas das centenas de milhares de mortos já tinham morrido; que os oito milhões de refugiados já se estavam a refugiar.

Ninguém sabia? Alguns denunciaram. A Amnistia Internacional avisou desde o início da repressão pelo regime de Assad em março de 2011. O Vaticano avisou sempre desde 2011. Os médicos e capacetes brancos avisaram. A Organização para os Refugiados avisou. Ninguém ligou.

Não vai haver Natal na Síria para ninguém. Um dia saberemos o que se passou na Síria, sobre quem inventou o DAESH, sobre o que a humanidade tem de pior ao destruir um país que era viável. Mas que haja Natal em nós, ao pensarmos ou rezarmos pelo quase meio milhão de mortos que a guerra já levou, dizendo Nunca mais, Aleppo!

Este artigo respeita o AO90

Nota do Director

As opiniões expressas nos artigos de Opinião apenas vinculam os respectivos autores.

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Mendo Henriques
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Professor na Universidade Católica Portuguesa

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