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João de Sousa

Sábado, Abril 20, 2024

Os políticos

Vitor Burity da Silva
Vitor Burity da Silva
Professor Doutor Catedrático, Ph.D em Filosofia das Ciências Políticas Pós-Doutorado em Filosofia, Sociologia e Literatura (UR) Pós-Doutorado em Ciências da Educação e Psicologia (PT) Investigador - Universidade de Évora Membro associação portuguesa de Filosofia Membro da associação portuguesa de Escritores

Os políticos são isso mesmo, a política. Essa arma de arremesso difuso como o breu suave ao cair da noite e onde mais possam estar, mesmo que sentados tombarão como um tubarão nas redes de um miserável pescador adormecido no cansaço de tanta espera pelo peixe para amanhã nas prateleiras de um supermercado cansado.

Os políticos, que são os justos, conseguem destruir o mundo construindo cidades com a água suja dos seus bocejos, as suas águas descem bem devagarinho, vão por ali a baixo até nos sujarem os pés com as suas merendas quando comemos juntos à mesa a mesma refeição, fecham-nos os olhos, eles acreditam que assim conseguem mais paz para as suas sanidades convulsas de espirros em frente ao ecrã de plasma surreal enganar o marido num divórcio obtuso e sujo como a água, que sem caminho certo, encontra vítimas no lugar certo abafando-lhes a voz numa promessa vândala de sanidades apenas suas, somos afinal os escrúpulos zangados que os regozijamos com palmas e bandeiras para nos enfeitarem a campa.

Içamos irados a bandeira do sussurro, os salários são escapes de uma viatura sem cilindros a fumegar sentenças rua a baixo e a cima, a gente perde de repente a lucidez tal a escuridão que conseguem para nos deslumbrarem como mágicos num circo chamado assembleia só para eles e nunca se cansam, tal a vontade de nos verem arrumados numa cama de hospital a sangrar pelos olhos os vómitos do destino.

Os políticos são isso mesmo, a política. Essa arma de arremesso difuso como o breu suave ao cair da noite e onde mais possam estar, mesmo que sentados tombarão como um tubarão nas redes de um miserável pescador adormecido no cansaço de tanta espera pelo peixe para amanhã nas prateleiras de um supermercado cansado.

São efectivamente justos quando nos prometem, são de uma fé de pedra naquelas cadeiras de ouro como nós, povo, sentados nas alquimias vadias da espera numa esfera que rebola eternamente até que novos surjam e seguem o mesmo ritual de ar cansado para nos impressionarem com o trabalho desgastante no suor de cada sol do dia seguinte, a gente sabe e pensa, coisa nenhuma, a gente segue e pronto, gostamos mais de ouvir promessas que arremessar pedras contra os fariseus nestes céus a céu aberto de trincheiras de cacos para nos cortarem até uma palavra quando o nosso presente é dar-lhes sempre o mesmo e eles simplesmente contentes adoram e recordam como conseguiram vencer Camões no alto-mar dos infortúnios navegar sem rumo, o rumo que sentimos na pele como agnósticos confessos nas resmas varridas de papel avulso para as cerimónias de tomada de posse.

Benvinda felicidade eterna, assim sussurramos devagar não venha o diabo destruir-nos o sonho. Merecemos a prenda que oferecemos de olhos vendados com trapos velhos e sujos para nos convencermos que participamos no fim do nosso percurso. E a vida continua, ainda que parada na berma da estrada onde as osgas escorregam com pesos e afrontas contra as luzes de viaturas presidenciais. Durmo ainda assim um sono só meu para que possa ou consiga sonhar um mundo melhor. Com os políticos na mesinha de cabeceira a orarem por mim que já parti para a felicidade que tanto me apregoavam eles com as suas serenatas de bem feitores. Temos o que queremos amigo, acredita.


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