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Quinta-feira, Abril 25, 2024

A Parábola dos Figos

José Mateus
José Mateus
Analista e conferencista de Geo-estratégia e Inteligência Económica

Europa: A Parábola dos Figos

Mas o alemão Jeremias apressou-se a ditar as regras: igualdade de armas, igualdade de oportunidades e ninguém terá ajuda de quem quer que seja.

As regras pareciam simples e justas. E lá foram.

Jeremias, o alemão, com dois metros de altura, apanhava figos na copa das figueiras, a meia altura e no topo das árvores.

Pepe, o espanhol, com um metro e setenta e cinco de altura, apanhava figos na copa das figueiras e a meia altura das árvores.

Arquimedes, o grego, com um metro e cinquenta de altura, apanhava figos tão só na copa das árvores.

Jeremias, o alemão, sabendo que os seus amigos não chegavam ao topo das árvores, apanhava o máximo de figos possível na copa e a meia altura destas, deixando para depois os figos que se encontravam no topo das árvores.

Arquimedes, o grego, lembrou-se então de ir buscar um banco.

“Não pode ser, disse então Jeremias, o alemão, o combinado foi igualdade de armas e igualdade de oportunidades”. Nada feito, portanto.

Pepe, o espanhol, lembrou-se então de combinar com Arquimedes, o grego, que este subia para os seus ombros e quando estivesse cansado, trocariam de posição, e assim chegariam aos figos no topo das árvores.

“Não pode ser, disse mais uma vez Jeremias, o alemão, o combinado foi que ninguém terá ajuda de quem quer que seja”. E, portanto, nada feito.

No fim do dia, Jeremias, o alemão, tinha apanhado vinte e cinco quilos de figos; Pepe, o espanhol, dez quilos de figos e Arquimedes, o grego, tão só cinco quilos de figos.

Jeremias, o alemão, desatou, então, a insultar o espanhol e o grego e a chamar-lhes mandriões e preguiçosos. Não sabiam trabalhar, não eram organizados, nem diligentes, berrava o alemão.

Como Pepe, o espanhol, e Arquimedes, o grego, tivessem poucos figos, então Jeremias, o alemão, propôs comprar-lhes os figos. O alemão, daria ao espanhol, duas moedas pelos seus figos e ao grego, uma moeda pelos figos deste. Era pegar ou largar.

Pepe, o espanhol, e Arquimedes, o grego, sabiam que os seus poucos figos não lhes permitiam competir no mercado com o alemão Jeremias e a sua grande “produção”. Assim, entre receber algum dinheiro ou não obter nenhum, aceitaram vender os figos a Jeremias, o alemão, pelo preço por este oferecido.

Jeremias, o alemão, tinha que transportar até ao mercado, quarenta quilos de figos.

Então, invocou a amizade de Pepe, o espanhol, e de Arquimedes, o grego, e solicitou a solidariedade dos dois. Estes acederam e todos três lá levaram até ao mercado quarenta quilos de figos.

No mercado, só Jeremias, o alemão, tinha figos à venda. Exigiu por cada quilo de figos uma moeda e vendeu-os todos.

Nesse dia, Jeremias, o alemão, levou para casa trinta e sete moedas; Pepe, o espanhol, duas moedas; e Arquimedes, o grego, uma moeda.

Resta dizer que as figueiras eram Portuguesas…!

Conclusão

Assim funciona a economia de mercado, na perspectiva ordo-liberal da Alemanha, ou de como se a Europa, sem a Alemanha, não é possível, se torna, com esta Alemanha, de todo impossível!

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