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Quinta-feira, Abril 18, 2024

Sobrevivência de Portugal em Perigo

Jorge Fonseca de Almeida
Jorge Fonseca de Almeida
Economista, MBA, Pos-graduado em Estudos Estratégicos e de Segurança, Auditor do curso de Prospectiva, geoeconomia e geoestratégia, Doutorando em Sociologia

Portugal

A estagnação de Portugal provocada pela moeda única está a afectar dramaticamente a demografia empurrando o país para a morte lenta. O Eurostat alerta que nas próximas décadas Portugal pode ficar reduzido a cerca de metade da população actual.

Existe uma estreita relação entre evolução, demografia, investimento e crescimento económico.

Imaginemos uma cidade/região/país em que a população começa a diminuir. As casas vazias acumulam-se, bairros inteiros deixam de ter jovens pelo que as escolas fecham lançando professores e funcionários no desemprego, não se justifica a existência de correios nem de tribunal nem de farmácia nem de comércio, pelo que a diminuição da população gera desemprego e este gera emigração e um maior recuo na população. É um ciclo descendente lento mas auto-alimentado e que não cessa se não for travado por políticas públicas.

Já conhecemos bem esta história. Basta vermos o interior de Portugal. Agora o fenómeno alastra às zonas litorais.

Com o declínio populacional o investimento económico ganha outra estrutura, não mais é vantajoso apostar no mercado interno que está em constante diminuição, centrando-se as empresas nos mercados externos simultaneamente mais difíceis mas mais atractivos.

Investimentos cruciais dirigidos aos nacionais deixam de se realizar porque a perspectiva é que não venham a ter futuro. O investimento de longo prazo cede às aplicações de curto prazo mais seguras. Quem quer apostar num país em decadência?

Mas, à medida que a massa crítica deixa de existir, o perfil de especialização baixa, não se encontrando no mercado pessoal especializado numa série de áreas, o que reduz ainda mais as possibilidades de investimento. Ao ciclo de redução populacional junta-se então o ciclo de falta de investimento e, consequentemente, de empobrecimento.

Portugal está a entrar num ciclo pernicioso deste tipo.

As recentes projecções do Eurostat, organismo estatístico da União Europeia, apontam que a população do nosso país continue a sua curva descendente atingindo os 9 milhões de habitantes por volta de 2050 e continuando a descer até aos 7 milhões em 2080.

Projecções Eurostat

Cenário central

Ano População (em Milhões)
1960 8,9
1981 9,8
2010 10,6
2015 10,4
2020 10,1
2030 9,8
2040 9,4
2050 9,8
2060 8,2
2070 7,6
2080 7,1

Cenário sem imigração

Ano População (em Milhões)
1960 8,9
1981 9,8
2010 10,6
2015 10,4
2020 10,2
2030 9,8
2040 9,3
2050 8,6
2060 7,8
2070 7,0
2080 6,4
 No entanto se Portugal se fechar aos imigrantes, como está a acontecer nos últimos anos em que não chegam pessoas de outras nações e as que cá estavam se vão embora devido às deploráveis condições salariais, então Portugal acabará com uma população de cerca de 6 milhões de pessoas em 2080, atingindo já em 2030 os 9,8 milhões que tinha em 1981. Um desastre ainda maior.

No espaço de uma vida Portugal perderá entre 3 a 4 milhões de habitantes regressando ao nível da primeira metade do século XX. Nesse momento Portugal será largamente inviável como país independente tornando-se uma região pobre com uma população diminuta e com grande percentagem de pessoas com mais de 65 anos.

Que fazem as autoridades em face deste problema? Que medidas têm sido tomadas para evitar este declínio. Nenhumas. Que política de imigração temos? Que política de retenção de portugueses implementamos?

O que vemos ultimamente é a atracção de reformados franceses que se mudam para Portugal pelo menor custo de vida que aqui encontram. Não serão estes, contudo, a promover o crescimento demográfico de que o país tanto necessita.

Nota do Director

As opiniões expressas nos artigos de Opinião apenas vinculam os respectivos autores.

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