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Quarta-feira, Março 27, 2024

Quem quer casar com a “carochinha”?

Nelson Oliveira
Nelson Oliveira
Psicólogo clínico, Mestre em Gestão Autárquica e membro de várias instituições desportivas e humanitárias

A expressão foi usada no último programa do Governo Sombra (TVI) para descrever a actual situação política do país, após a maior vitória eleitoral do PS numas eleições autárquicas, contrapondo com uma das maiores derrotas de sempre do PSD e o desastre eleitoral da CDU.É evidente para qualquer um que a actual solução governativa tem tido resultados positivos. Até os mais descrentes com esta solução governativa, onde me incluía, não podem negar as conquistas já atingidas nomeadamente em termos de resultados financeiros e crescimento económico.

A tudo isto acrescentamos uma oposição liderada pelo PSD que desde sempre recusou olhar de uma forma realista para esta nova realidade política, refugiando-se no passado e colando-se ao imaginário liberal que Passos Coelho e esta última vaga de líderes do PSD idealizaram e representaram.

Acontece que agora o PSD necessita de fazer crer aos eleitores que não é mais o partido liberal que, de livre e espontânea vontade se tornou, tentando conquistar novamente o centro e levando a cabo a verdadeira social democracia que rejeitou nos últimos anos, deixando esse espaço para o PS. Mas para isso falta-lhe quem seja efectivamente um social democrata, coisa rara no PSD de hoje, onde Rui Rio poderá ser a única pessoa que, sendo um crítico silencioso dos anos de Passos, Relvas, Marco António & Companhia, traga alguma esperança aqueles que ainda acham que o PSD ainda é mais que uma mera designação de Social Democracia e não um partido claramente de direita.

Por outro lado, a CDU virou-se contra o PS, culpando os socialistas pelo seu fraco resultado eleitoral que levou a perder bastiões comunistas como Almada. Jerónimo de Sousa voltou a propagar a “cassete”, havendo desta vez recados públicos (algo que muito se estranha no seio do Comité Central), excepção feita a uma avaliação isenta da sua própria liderança.

No meio de tudo isto está António Costa e o PS

Se nada se alterar significativamente (e sabemos que na política de um dia para o outro tudo altera), António Costa continuará como Primeiro Ministro.

Talvez seja isso que leve a que putativos e promissores candidatos à liderança do PSD tenham invocado razões pessoais para não se candidatarem. Talvez ninguém queira ser o líder que perderá contra António Costa. Talvez achem que é tempo do PSD voltar à sua origem ideológica e perdida Social Democracia e entregar o poder a Rui Rio que, como todos sabemos, tem mantido um largo e afável entendimento com António Costa ao longo dos anos.

Ora aí advém o título.

Neste momento e se tudo se mantiver, quer à direita, quer à esquerda, António Costa poderá ter soluções governativas estáveis – escolhendo quem lhe apetecer para governar o país. Seja no futuro com o BE (podendo quiçá prescindir da CDU), seja com o PSD de Rui Rio (formando um Bloco Central desejado por Marcelo Rebelo de Sousa), ou ainda, apesar de muito mais difícil, uma maioria absoluta para António Costa.

Vivemos tempos políticos interessantes. Vejamos o que nos diz o futuro e a realidade.

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