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Quinta-feira, Abril 25, 2024

Refugiados das mudanças climáticas

Nélson Abreu, em Los Angeles
Nélson Abreu, em Los Angeles
Engenheiro electrotécnico e educador sobre ciência e consciência. Descendente de Goa, nasceu em Portugal, e reside em Los Angeles.

Kivalina, no noroeste do Alasca está a cerca de 70 milhas acima do Círculo Ártico e a 1.000 milhas de Anchorage, capital deste estado norte-americano. 

Poucos lugares no mundo foram tão abalados pelas mudanças climáticas como Kivalina. O aumento das temperaturas  foi na ordem dos 50%. Também em consequência disso, o gelo marinho do Ártico retrocedeu para metade dos valores registados desde 1979, perdendo 75 bilhões de toneladas de gelo por ano.

Os habitantes de Kivalina vivenciam agora o que milhões de pessoas em todo o mundo estão prestes a enfrentar: eles são refugiados das mudanças climática.

Durante séculos, os indígenas norte-americanos sofreram um genocídio, sendo expulsos das suas comunidades. Segundo o  Corpo de Engenheiros do Exército Norte-Americano dentro de 10 anos muitos dos que aqui vivem serão obrigados a sair da região, pois este não será mais um local agradável para a vida humana.

Estima-se que em 2100, cerca de 13 milhões de pessoas que vivem em regiões costeiras dos EUA e centenas de milhões de pessoas em todo o mundo poderão ser deslocadas pelas mudanças climáticas.

Contra este pano de fundo assustador os cidadãos de Kivalina emergem como pioneiros improváveis nesta aterradora luta pelo ambiente.

Refugiados climáticos

O “Earth Institute” da Universidade de Columbia alerta para a necessidade dos governos agilizarem soluções que garantam aos refugiados climáticos condições de vida. Ainda, a  “Oasis Earth”, um grupo ambientalista de Anchorage, declarou que as mudanças climáticas são uma das maiores ameaças na história do Alasca. Mesmo que as emissões globais de carbono caíssem para zero, as alterações  climáticas continuariam a afectar este território. Tudo no Alasca está em risco – economia, cultura, segurança alimentar, oceanos – tudo. É horrível ver a desconexão entre a política do governo federal e estadual e as necessidades destas comunidades.

Reféns , quase que exclusivamente, da industria petrolífera e apesar  de existir uma óbvia crise humanitária, o governo republicano federal e do estado não reage adequadamente. Com a queda dos preços do petróleo os governos têm vindo a implementar uma política criminosa de cortes orçamentais. A ajudar a tudo isto, dificilmente, com um presidente como Trump, o povo do Alasca virá a receber  apoio suficiente para esta sua justa  causa.

De salientar que os habitantes de Kivalina se recusam a ser vistos como vítimas ou simples  espectadores, não permitindo que  os interesses da sua comunidade sejam ignorados.

Unidos e impulsionados por um sentido de responsabilidade global, as comunidades indígenas ao redor do mundo lutam juntos – até com antigos inimigos – como fizeram pelo acordo climático de Paris e  na tentativa de impedir oleodutos o Keystone XL.

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