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João de Sousa

Quarta-feira, Abril 24, 2024

Rui Rio. Uma mão cheia, de nada!

Rui Rio ganhou as eleições primárias no seu PSD e vai em meados de janeiro do próximo ano ao Congresso do seu partido fazer a festa da apoteose contra o velho aparelho do PPD que não só não conseguiu substituir ao longo de todo o tempo em que já é seu presidente como aquando das eleições autárquicas até apoiou candidatos dessa área de influência política já ao tempo seus opositores internos e atualmente presidentes e vereadores em autarquias como acontece na capital: Lisboa.

Conseguiu afastar alguns putativos candidatos a deputado nas listas concorrentes às anteriores eleições legislativas e afastará mais alguns nas próximas listas mas não se livrou de figuras que “sacudiu” para os salários dourados pagos por todos nós contribuintes financeiros do Parlamento Europeu e de onde emergiu o seu opositor interno apoiado pela estrutura dorsal do partido mas que não lhe valeu de nada até porque os ideólogos do modelo de eleição designado por primárias tem como objetivo primeiro anular o trabalho efetivo em favor do absentismo participativo. Uma evidência suficientemente conhecida por Rui Rio que como já é seu costume na andança pela atividade política se borrifou para o aparelho e fez uma campanha interna virada para as pessoas inscritas no seu PSD com direito a votar.

Paralelamente capitalizou a simpatia do eleitorado ao não ter feito qualquer oposição a um Governo estribado em conquistas sociais mas também no combate à pandemia que continua a assolar o mundo. Eleitorado esse a quem agora pede uma maioria absoluta já em 30 de Janeiro.

A conjuntura é – lhe favorável em face da previsível melhoria nos resultados da economia que depois de bater no fundo já só lhe resta melhorar nem que seja ao cêntimo a que temos de juntar o bolo inscrito no PRR – Plano de Recuperação e Resiliência mais os “trocos” sem juros a pagar e que lhe darão a folga necessária para privatizar setores vitais como são os negócios da saúde e da educação entre outros.

A tudo isto poderemos acrescentar o efeito negativo do constante massacre perpetrado por órgãos da comunicação social:

  • ao SNS – Serviço Nacional de saúde;
  • à justiça mais concretamente ao Ministério Público;
  • à escola pública através dos rankings de classificação e outros;
  • ao Estado enquanto garante da estabilidade macroeconómica;
  • outros;

E, para selar toda esta panóplia conjuntural com “chave de ouro” a sua figura e o seu posicionamento político  “ressuscitou” todos os defensores do “centrão” ligados ao Partido Socialista que sempre tiveram essa solução como sendo a ideal para Portugal e poderem assim varrer qualquer entendimento com a esquerda que abominam.

Rui Rio apostou tudo. Até o abandono da sua atividade política. Ganhou. Mas, terá o PSD ganho alguma coisa? Ou terá hipotecado por mais uns quantos anos a possibilidade de vir a ser Governo? Ou, quiçá, abriu espaço político para o crescimento da Iniciativa Liberal? Em 30 de janeiro do próximo ano saberemos.

Aquilo que me parece é que; de cambalhota em cambalhota o PSD vai perdendo protagonismo político por manter o seu posicionamento social em torno da defesa dos interesses de uma classe média em vias de extinção que arrasta consigo os seus defensores, onde se inscrevem muitos históricos do PS, e que resultará em “uma mão cheia, de nada” porque ao não conseguirem acompanhar a evolução das sociedades; as suas atuais exigências quotidianas; entre muitas outras alterações nos paradigmas de vida societária e económica; dão mostra de terem parado no tempo que já não é o existente e muito menos será o do futuro.


Por opção do autor, este artigo respeita o AO90

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