Já lá vão 66 anos desde que se ergueu o primeiro festival de Berlim
Dieter Kosslick, o presidente da Berlinale, recordou no editorial que abre o catálogo, que em 1951, o ano de inauguração da primeira edição do festival, “a Alemanha era um país inundado por refugiados”, seguramente muitos deles empregados nas muitas obras que o Plano Marshall permitiu para a construção da nova Europa e até pela visão de “uma Europa unida” de Jean Monet.
Mas também um tempo em que o cinema ajudou a sarar as feridas e a gerar um maior entendimento entre os povos. 66 anos depois, reforçou Kosslick, “o festival continua comprometido com essa tradição” com uma programação que se pretende que seja o espelho dessa diversidade cultural.
Será esse o desafio do júri liderado por Meryl Streep, a campeã das nomeações aos Óscares, embora aqui no papel de seleccionar, com os seus colegas, os próximos vencedores dos Ursos de Ouro. Apesar da actriz ter declarado que “é a primeira vez que participo como presidente de Júri num festival”, explicou que encontrou alguma experiência “na empresa onde trabalho chamada família. Por isso tentarei fazer o mesmo como Presidente do Júri”.
Independentemente das inúmeras surpresas que o festival nos reservar, merecem já a atenção os trabalhos dos nomes consagrados como André Téchiné (Quando n a 17 Ans), Gianfranco Rosi (Fuocoammare), Denis Cotê (Boris Sans Béatrice) ou Thomas Vinterberg (The Commune), bem como o novo olhar de jovens mas igualmente talentosos, como a francesa Mia Hansen-Love (L’Avenir), o americano Jeff Nichols (Midnight Special) ou até o português Ivo Ferreira (Cartas da Guerra).
Seja como for, o júri não deixará de levar em linha de conta o desejo de impor a tal diversidade cultural, possivelmente encontrando eco no novo filme do filipino Liav Diaz (A Lullaby to the Sorrowful Mystery), centrado na luta contra o colonialismo espanhol nas Filipinas, ou a proposta do tunisino Mohamed Bem Attia (Hedi), sobre escolhas pessoais que envolvem quebrar com um modo de vida, ou talvez até a realidade actual dos clãs maori na Nova Zelândia, captado pela câmara do veterano Lee Tamahori, em The Patriarch.
Vença quem vencer, we’re ready to get our kicks on Berlinale 66!
[…] Source: 66º Festival de Berlim | Preparados para o choque de culturas? – Jornal Tornado […]