O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o novo ministro da casa civil do Governo de Dilma Rousseff (PT). A nomeação cria grandes expectativas, positivas e negativas, e responsabilidades maiores ainda: retomar com urgências as bases e ideais que fundaram o partido.
A decisão já estava em curso nas últimas 48 horas, alardeada em blogs e até mesmo na grande imprensa, mas só foi confirmada no final da manhã desta quarta-feira, 16, por interlocutores do Planalto, por lideranças petistas na Câmara e também por fontes ligadas ao ex-presidente.
Depois de mais de sete horas de negociação direta com a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai assumir a Casa Civil no lugar de Jaques Wagner. O presidente do PT, Rui Falcão, anunciou em sua conta no Twitter, que a posse de Lula acontece na próxima terça-feira (22).
A nomeação certamente acirrará os ânimos dos dois grupos que dividem os brasileiros: os que querem Dilma fora já e os que querem barrar o golpismo, que continua intenso. Mas a maioria do povo, que só ocupa as manchetes do noticiário principal quando é vítima de crime ou desgraça climática, parece estar junto com Lula: 1/5 da população está solidamente com o ex-presidente e pouco mais de 1/3 (37%, segundo o Datafolha) o reelegeria, hoje, nas urnas.
Feito notável para um líder que chegou a se tornar um “espectro” na cena atual da política, tratado como morto-vivo pela grande imprensa. Mas, se o espectro se arrastar até 2018, avisa o editorialista Saul Leblon, da Carta Maior, “um jornalismo caricato, de viés obscenamente antipopular, perderá momentaneamente monopólio da mediação com a sociedade . A sorte do país e o destino do seu desenvolvimento ganham uma janela de debate ecumênico.”
A nomeação de Lula como Ministro e os números do Datafolha deixam dois temas para reflexão imediata: os oposicionistas precisam acautelar-se contra a reação popular, que está mais atenta e protegida.
A outra reflexão cabe aos governistas e aos progressistas, que devem, antes que “tarde demais seja”, criar uma “agenda de mergulho urgente e sem volta às periferias e bases populares, de modo a nutrir a hesitação golpista de razões concretas para temer a rua”, nas palavras de Saul Leblon.