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Sábado, Abril 27, 2024

A economia Palestiniana | Enquadramento

Arnaldo Xarim
Arnaldo Xarim
Economista

A realidade económica que irá resultar desta nova etapa na conflituosa relação israelo-palestiniana não deverá constituir outra novidade que não a da continuação das restrições e impedimentos israelitas à actividade económica palestiniana e ao agravamento das vulnerabilidades a que aquelas populações há muito vêm a ser sujeitas, e isto é a opinião do insuspeito Banco Mundial.

Segundo o mais recente relatório do Banco Mundial sobre a economia palestiniana, esta deve continuar a funcionar abaixo das suas potencialidades sob as restrições israelitas, que incluem o encerramento de fronteiras, a limitação total ou parcial de exportações, importações, comércio, câmbio, alimentos, água, energia (combustíveis e electricidade), entre outros pontos sensíveis à sobrevivência dos palestinianos, que datando de Setembro deste ano não reflecte minimamente a situação actual.

No continuamente retalhado território palestiniano (mal-grado inúmeras resoluções condenatórias pela ONU, tem persistido a instalação de novos colonatos judaicos nos territórios palestinianos, com a consequente criação de “zonas de protecção” e de “corredores” que continuam a reduzir a área efectivamente disponível e controlada pela Autoridade Palestiniana) vivem 5 milhões de pessoas, distribuídos entre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, estreita nesga de terra com uma área de 365 km2, habitada por quase 2,5 milhões de pessoas, entaladas entre Israel, o Egipto e o Mar Mediterrâneo, sendo regularmente apresentada como a maior prisão a céu aberto do mundo. A organização deste território remonta ao final dos confrontos de 1948, tendo desde então conhecido variadas formas de administração (palestiniana, egípcia e até israelita). Após a desocupação israelita em 2005 e a realização de eleições que resultou em administrações diferentes para a Cisjordânia (OLP) e Faixa de Gaza (Hamas) que se agravaram as condições de estrangulamento e empobrecimento ditadas pelas severas restrições de Israel à economia e aos direitos de deslocação dos cidadãos, que deixam 80% destes abaixo do limiar de pobreza e completamente dependentes da ajuda externa.

Não será, pois, de estranhar que próprio Banco Mundial afirme no seu relatório Económico de Monitorização que, «o cenário de base, espera-se que a economia palestiniana continue a definhar sob o sistema multifacetado de restrições israelitas ao acesso à circulação e ao comércio na Cisjordânia, o quase bloqueio de Gaza…», restrições que «…continuarão a condicionar a actividade económica e a desencorajar o desenvolvimento do sector privado, impedindo a economia palestiniana de atingir o seu potencial», cenário para o qual não vê solução, pois «té que as restrições sejam removidas, prevê-se que a economia palestiniana persista em operar abaixo do seu pleno potencial».

Em resumo, o ambiente económico numa sobrepovoada e sitiada Faixa de Gaza e numa Cisjordânia onde persiste a instalação de colonatos judaicos (nos últimos 20 anos, a população de colonos israelitas mais que duplicou, ultrapassando já o meio milhão de pessoas), que se traduzem no confisco de terras e recursos naturais palestinianos, além das restrições de acesso a cerca de 60% do território dos palestinianos que custam anualmente 3,4 mil milhões de dólares, apenas pode gerar elevadas taxas de pobreza entre estes. Além da falta de recursos naturais e das limitações à circulação, os territórios palestinianos dependem da vizinha Israel para o fornecimento de água, de 2/3 da electricidade que consomem e para a circulação de combustíveis e alimentos…

…o que, ainda assim, não tem impedido alguma melhoria no PIB daqueles territórios, mas insuficiente por apresentar taxas de crescimento do produto inferiores às do crescimento populacional.

 

A economia Palestiniana | Dados

A economia Palestiniana | Finanças e Ajudas

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