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João de Sousa

Terça-feira, Março 19, 2024

Arte contra o fascismo. Arte contra a barbárie.

“Quanto mais Arte mais pontes entre as pessoas, mais pessoas melhores como pessoas, mais visão ampla (menos egoísmo), mais contemplação, mais reflexão, mais sabedoria”.

Da nossa vida, em meio da jornada,
Achei-me numa selva tenebrosa,
Tendo perdido a verdadeira estrada”.[1]


“Dante e Virgílio no inferno”, William-Alphonse Bouguereau, 1850

Dia 28 de outubro de 2018, guardemos esta data. O Brasil: um terço dos eleitores aptos a votar escolheram a figura de Jair Bolsonaro para presidente do nosso país.

Ainda sob estado de choque, retomo meus textos como um movimento em direção a meu amor pela Arte, antídoto para me proteger contra barbáries e absurdos que tomam já conta da vida da gente.

O futuro? Incerto. O meu futuro? Vivo o presente sob suspensão…

Sou pintora e, como tal, uma pessoa profundamente preocupada com os acontecimentos do meu tempo. Os percalços e assombros destes últimos meses, por certo suspenderam meus pincéis, mas também os suspendi com a mão em punho. Resistir, como pintora e como pessoa.

Evoé, meus mestres do passado e do presente! Que a Musa nos salve do desastre!

Passados os primeiros sintomas de pânico, passados os primeiros dias derramando lágrimas da mais profunda tristeza e desalento, me ergo, volto aos livros, volto aos pincéis, volto à poesia, volto às Belas Artes, volto a Dionísio, aquele que nos inebria e acalenta…

Diminuir frequência nas redes sociais é preciso.

Ler mais poesia, mais Fernando Pessoa, mais Walt Whitman, mais Drummond, mais Vinícius… Ouvir mais música clássica, mais música popular brasileira, mais blues, mais rock-and-roll raiz… Ver mais filmes, ir mais ao teatro, mais aos museus! Ler mais, muito mais! Livros de Literatura, livros de Arte, de Filosofia, de História, de biografias de pessoas grandes, como os grandes mestres! Tudo isso para que eu não enlouqueça de vez, que eu não desanime de vez, que eu não me acabe de vez!

Tudo isso para que eu possa seguir gritando, criando, cantando, louvando, pintando!

Tudo isso para que eu possa seguir conversando com meus amigos, bebendo com meus amigos, sonhando com meus amigos, nossos sonhos os mais belos sobre o futuro de todos!

Ninguém solta a mão de ninguém!

Usarei este espaço como resistência, falando de arte. Quanto mais Arte mais pontes entre as pessoas, mais pessoas melhores como pessoas, mais visão ampla (menos egoísmo), mais contemplação, mais reflexão, mais sabedoria. Mais construção, mais criação, mais elevação, mais civilização.

O futuro – o brilhante – chega mais perto!

E sairemos (como Dante, como dantes…) para retornar a ver as Estrelas!

“Então o assombro um tanto se aquieta,
Que do peito no lago perdurava,
Naquela noite atribulada, inquieta.”[1]

 

[1] primeiros versos da Divina Comédia, trechos do Inferno, de Dante Alighieri

 

Por Mazé Leite, Artista plástica, bacharel em Letras-USP, membro do Ateliê Contraponto de Arte Figurativa  |  Texto em português do Brasil

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