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Quinta-feira, Março 28, 2024

Artista turco expõe horror da guerra em fotomontagens impactantes

País historicamente pacífico, o Brasil vem assistindo, nos últimos dias, aos porta-vozes da extrema-direita aumentarem os decidéis do discurso pró-guerra. Neste cenário, a obra do artista gráfico turco Ugur Gallen nos ajuda a sacudir consciências para desnudar as tragédias, a violência e o sofrimento trazidos pelos conflitos armados.

No última quinta-feira (17), o Instituto Datafolha divulgou pesquisa de opinião com a resposta dos brasileiros para a seguinte pergunta: “Você estaria disposto a lutar pelo Brasil caso o país se envolvesse em uma guerra?” Para 62% dos que foram ouvidos pelo Datafolha, a resposta foi sim. Outros 37% afirmaram que não estariam dispostos a entrar em combate, enquanto 1% disse não saber.

O Brasil não toma parte em um grande conflito armado internacional desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando atuou ao lado dos Aliados contra a aliança formada por Alemanha, Itália e Japão.

A pesquisa incomum do Datafolha, abordando tema tão estranho aos brasileiros, se justifica pela crescente verborragia bélica de integrantes do governo Bolsonaro e expoentes da extrema-direita tupiniquinim. A paranoia discursiva desta gente tem como alvo preferencial um país vizinho, a Venezuela.

Diplomata de carreira entre 1961 e 2004, o ex-ministro Rubens Ricupero disse em entrevista ao jornal Valor que o tom adotado pelo Ministério das Relações Exteriores em comunicado recente sobre a Venezuela, se tivesse sido escrito em outra época, poderia levar a uma guerra contra o país vizinho; “Esse tipo de linguagem que se usou é uma linguagem desabrida, ofensiva, de acusações de crime… Isso, em outra época da história, levaria a uma guerra. Há cem anos, haveria um choque armado”, afirmou Ricupero.

Nas redes sociais, a militância da nova direita brasileira se “diverte” com agressões verbais contra países vizinhos e insulfla o discurso pró-guerra. Enquanto os internautas moderados alertam que só quem nunca viveu num país em guerra pode ser estúpido o suficiente para defender qualquer tipo de conflito.

Guerra e paz

Foi no meio desta disputa de narrativas que ganhou visibilidade por aqui, nos últimos dias, o trabalho do artista gráfico turco Uğur Gallen. Seu trabalho recente é chocante e se espalhou amplamente pela Internet. Sua proximidade com a Síria, como ele mesmo diz “uma das regiões mais perigosas do mundo moderno”, levou-o a criar uma série de obras que ele chamou de “universos paralelos”. Segundo ele, “o contraste entre esses territórios reflete dois mundos diferentes para mim, e é isso que me inspirou a retratá-los em meu trabalho”.

Uğur usa montagens fotográficas engenhosas para mostrar o contraste entre a vida normal da maioria dos cidadãos pelo mundo e a dura realidade dos que convivem com a violência da guerra. O artista turco associa fotos de cenas comuns e felizes do cotidiano com imagens de tragédia e sofrimento, algumas delas clássicas como a foto da bomba de Hiroshima, as crianças vítimas de napalm durante a Guerra do Vietnã e os presos torturados por soldados americanos em prisões de Abu Ghraib. Além dos conflitos bélicos, a obra de Uğur aborda também dramas humanos recorrentes como a fome em países africanos, a jornada dramática dos refugiados em busca de uma vida nova e a violência urbana em grandes cidades. Segundo ele, esses conflitos cotidianos são nada mais do que o menu diário de notícias, esquecidos minutos depois de ser consumido. O artista sacode-nos colocando-nos diante desta realidade dual através de uma imagem com continuidade, mostrando que aquele sofrimento é real e muitas vezes visível só para quem os vive. 

“A mensagem que quero passar com o meu trabalho é que não é uma questão de se ser muçulmano, cristão, judeu, do Ocidente ou do Oriente. O problema do Mundo é ser injusto e ganancioso e, enquanto uns vivem em luxo, em paz e em desperdício, outros lutam por sobreviver”, disse Uğur , por e-mail, para a reportagem da revista Vice. Ele quer fazer as pessoas sentir, tocá-las com a verdade. E acrescenta:

Podemos ensinar-nos uns aos outros. Uns a valorizar a vida e a humanidade, outros a mostrar que faz falta ter melhores governos, melhor educação e melhor ciência” (…) “Eu gostaria que o mundo inteiro vivesse de acordo com a frase de Mustafa Kemal Atatürk “Paz no Lar, Paz no Mundo ”.

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Para conferir mais imagens no Instagran de Uğur Gallen: https://www.instagram.com/ugurgallen/


por Cláudio Gonzalez | Texto em português do Brasil

Exclusivo Editorial PV / Tornado


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