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João de Sousa

Quinta-feira, Abril 25, 2024

Lírios

Delmar Gonçalves, de Moçambique
Delmar Gonçalves, de Moçambique
De Quelimane, República de Moçambique. Presidente do Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora (CEMD) e Coordenador Literário da Editorial Minerva. Venceu o Prémio de Literatura Juvenil Ferreira de Castro em 1987; o Galardão África Today em 2006; e o Prémio Lusofonia 2017.

Poemas de Delmar Maia Gonçalves

I

“Natal enjaulado”

O Natal
está preso
na jaula do Deus cifrão
Por isso lamento
estas labaredas
Consomem-me
os ventos poluentes
deste fogo
do cifrão ardente.

II

“Lírios”

Colhi lírios
no teu corpo
que é meu
Mas não me cansei
de evocar
rosas perfumadas.

III

“Definição”

Divagação:
Mestre do nada.
Reflexão:
Pai do todo.

IV

Agora que te olho
nos olhos
agora que me olhas
nos olhos
todas as barreiras
foram quebradas.

V

“Mãe”

Olha-te no espelho e sorri
sorri para essa vida
que é parte de ti!

VI

“Mãe VI”

A alegria
do canto das cigarras
e a fragrância das flores
que sentes
também as sinto, mãe!

VII

Criei raízes
em ti
que nem o trevo
da separação nos distancia.

VIII

“Mãe III”

Nada é comparável
ao teu porto de abrigo
Mãe!
Nem mesmo
esta luz que me invade.

IX

“Ch -O primo mais velho do X”

Aprendi na escola e em casa
que sem ele não me CHamariam pelo meu nome
não CHegaria cedo
não tomaria CHá todos os dias
não pisaria o CHão que piso
jamais ouviria a história
do capuCHinho Vermelho
não poderia lanCHar
e não usaria nunca CHapéu!

X

Envenenada por abutres de agoiro
e hienas sorridentes e sem alma
guarda tua alma
sem a colocar em leilão
que a vida é urgente!

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