O velhote pedia ao bombeiro — Precisava que vocês me viessem cortar a nogueira…— Isso arranja-se…
— Mas olha que as nozes são para os meus netos! E a lenha fica para a minha família… Mas deixa lá, e sorriu malandro, o trabalho fica para os pretos!
O bombeiro mudou de cor. Ao chico-esperto só conseguiu responder: — Bom, mas há custos…
— Custos? Que custos? Vocês têm as escadas, as serras…
E o bombeiro, a desviar a conversa: — Porque é que vossemecê quer cortar a árvore?
— Toda as manhãs, quando abro a porta da cozinha, vejo-a à frente!
— Sorte a sua, eu, de manhã, quando abro a porta da cozinha, vejo logo a minha sogra…
— Bom, mas cortam a nogueira, não é?
— Já lhe disse, há custos… Tem de falar com o comandante.
— Assim, corto-a eu! E não tenho custos.
Pois teve, mas os custos foram repartidos: ao avarento, a proeza custou a vida; aos bombeiros, retirar-lhe o corpo, esmagado pela árvore gigantesca.
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