A demissão de João Wengorovius (ven-gu-ró-vi’ús) Meneses da secretaria de Estado da Juventude e Desporto acontece, segundo comunicado oficial, por razões pessoais. Mas para saber o que se passa os portugueses têm de deitar olho ao Facebook, esse verdadeiro órgão oficial do Executivo.
À noitinha, já o nome do sucessor tinha sido anunciado, o demissionário explica ao povo porque bate com a porta: “(…) em profundo desacordo com o Sr. Ministro da Educação no que diz respeito à política para a juventude e o desporto, e ao modo de estar no exercício de cargos públicos”.
É melhor assim. Moscovo dizia que os líderes estavam muito doentes depois de os derrubar politicamente. Agora, a mesa do café de que Costa falava dá cabo dos comunicados oficiais. As contas socialistas fazem-se no Facebook. As duas bofetadas de João Soares, com o tempo, voltam a ser quase nada perante um secretário de Estado que arreia uma paulada no ministro que até há duas horas o tutelava.
Fica por saber o que é o “modo de estar no exercício de cargos públicos” que João Wengorovius vê em Tiago Brandão Rodrigues e tanto lhe desagrada.
Sobrinho de um dos fundadores do MES (Vítor Wengorovius), autor e responsável na Câmara de Lisboa pela Direcção Municipal de Acção Social, Educação, Juventude e Desporto, era um dos delfins de Costa. O azedume público não é pessoal, é político. A frase no Facebook é assassina para Brandão Rodrigues.
O que está por detrás da frase “modo de estar no exercício de cargos públicos” tem de ser explicado.
Fica-nos a dúvida de que o ministro da Educação se porta mal, abusa do poder, sabe-se lá o que é aquele “modo de estar”. Gritará? Terá uma agenda oculta? É ditador? Não tem opinião? Cede a tudo? É uma marioneta?
O primeiro-ministro já proibiu os seus ministros (e, por arrasto, todos os nomeados por ele em exercício de poder político) de usarem as redes sociais para desabafar.
Mas Costa não pode dizer, em público, que depois de sair do Governo os seus antigos subordinados têm de se calar. Não tem autoridade para isso.
Há, assim, um problema de coordenação política no Executivo. O número dois de Costa não está a funcionar. Mariana Vieira da Silva e Ana Catarina Mendes, as mulheres em quem Costa confia para, no Governo e no PS, acalmar os clamores internos, devem ter trabalho de sobra e precisam de ajuda.
Santos Silva, ministro político e dos Estrangeiros, também deve andar sobrecarregado. E já nem Pedro Nuno Santos consegue calar o Bloco de Esquerda por causa de Lacerda Machado, o “amigo” negociador de Costa que, afinal, ganha mil e tal euros para defender os interesses da República (por mim podem pagar condignamente ao senhor, se faz falta).
O que está a acontecer na Defesa é igualmente preocupante. Segundo o DN ” Ministro da Defesa diz que chefe militar não lhe obedeceu”. Não pode. Nem pode admitir em público, que os militares ficam a rir-se nem, antes ainda, pode dar a hipótese aos militares de desobedecerem. Sem força política o ministro é nada.
Mas pensemos ao contrário: que isto é passageiro e que os Joões é que estão a mais. Vá, não custa imaginar uma onda cósmica que esteja de passagem e apenas apanhe os daquele nome que se afirma serem os “amados por deus”. Por isso, atenção a estes senhores nas próximas semanas. Se os Joões se safarem, era só má onda.
- João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente
- João Leão, Secretário de Estado do Orçamento
- João Costa, Secretário de Estado da Educação
- João Vasconcelos, Secretário de Estado da Indústria
P.S. – Aqui fica o tutorial para acabar de vez com uma conta no Facebook. Pode dar jeito…