Grande devoto de uma nova Era prometida (diz-se), o pintor construiu sete versões da sua “Anunciação”.
O que é que caracteriza este tema central da proposta divina que El Greco dava como certa? A virgem que assume a maternidade (em moldes até hoje desconhecidos) e com ela a salvação. Gabriel, o correio plenipotenciário, que trás consigo a divina curiosidade. A pomba consta, obrigatoriamente, da leitura iconográfica, embora não se lhe conheça, à vista, papel de muita relevância. Depois é que foram elas…
A Maria é-lhe atribuída a cor vermelha (paixão) para o vestido e o azul (fidelidade) para o manto, que pode, também, atribuir-se-lhe ao contrário. A existência do véu mostra uma marca inconfundível de uma mulher da igreja, modesta e virtuosa, como se deverá traduzir este elemento.
O angelical príncipe do céu, é um ser andrógino como convém à purificação da espécie, veste de amarelo porque é à eternidade que aponta. A intensidade da luz central indica-nos o lugar de excelência de onde provém o emissário. Parece haver uma conflitualidade intencional do pacato mundo “cá de baixo” e o imaginário onírico dos rios de mel “lá de cima”.
Nota da Edição:
El Greco (Doménicos Theotocópoulos, 1541 – 1614)
Pintor espanhol nascido em Creta, ilha que à época pertencia à República Veneziana, desenvolveu o seu estilo peculiar e a maior parte da sua trajectória artística em Espanha. Formou-se, na sua ilha natal como pintor de ícones antes da sua mudança para Veneza, onde conheceu as obras de Ticiano e Tintoretto, dois dos artistas que, a par de Miguel Ângelo, mais influenciaram a sua pintura.
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