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Quinta-feira, Março 28, 2024

José Casanova

Helena Pato
Helena Pato
Antifascistas da Resistência

(1939 – 2014)

Militante antifascista desde a adolescência, esteve preso em várias cadeias fascistas e teve de se exilar na Bélgica. Com uma vida marcada pela inteira dedicação à luta pela Liberdade e a Democracia, pelo socialismo e o comunismo, foi um destacado dirigente do Partido Comunista Português. Era um homem culto, considerado pela abertura à discussão das ideias, mas intransigente na defesa da linha política do seu partido.

Jovem comunista do Couço

José Nogueira da Silva Casanova nasceu no Couço (Coruche) em 4 de Março de 1939, filho de Conceição Nogueira e de Joaquim Casanova. Ainda criança, começou a viver de perto acontecimentos da luta antifascista na sua terra, conhecida como «baluarte da resistência dos trabalhadores contra o fascismo a exploração e a opressão».

Aderiu ao Partido Comunista Português em 1958, com 19 anos, e as suas primeiras actividades políticas foram desenvolvidas no MUD juvenil[1]. Jovem comunista, assumiu então um papel destacado nas candidaturas da Oposição democrática de Arlindo Vicente e Humberto Delgado. Depois, desempenhou tarefas partidárias (PCP) em vários pontos do país nas décadas de 50 e 60 do século XX.

Preso político e exílio na Bélgica

Foi detido pela polícia política, pela primeira vez em 1959, e ficou alguns dias na cadeia do Aljube. Em Fevereiro de 1960 foi novamente preso pela PIDE, permanecendo no Aljube até Julho, data em que foi enviado para Caxias para aguardar julgamento. Em Dezembro desse ano (1960) foi julgado em Tribunal Plenário e condenado a dois anos de prisão, acrescidos de “medida de segurança” de internamento indeterminado (6 meses a 3 anos, medida prorrogável), e à suspensão de direitos políticos durante 15 anos. Em Agosto de 1962 foi enviado de Caxias para a prisão do Porto e daí para o Forte de Peniche, onde iria cumprir a “medida de segurança” a que fora condenado. E aí ficou desde Agosto de 1962 até 23 de Dezembro de 1964, data em que foi libertado.

Entre 1971 e 1974, José Casanova esteve exilado na Bélgica, prosseguindo então a sua actividade partidária, quer junto dos emigrantes portugueses – foi Presidente da Associação dos Portugueses Emigrados na Bélgica – quer em contactos com os movimentos de libertação das ex-colónias: MPLA, PAIGC e FRELIMO.

Regresso a Portugal no 25 de Abril

Em 1976 entra para o Comité Central e irá, depois, fazer parte da Comissão Política, entre 1979 e 2008. Foi responsável pela Organização Regional de Lisboa do PCP de 1989 a 1996 e pela Organização Regional de Santarém do PCP entre 1997 e 1998. Teve ainda, no início dos anos 2000, a responsabilidade do acompanhamento da organização nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira.

Foi director do «Avante!»[2], órgão central do PCP entre 1997 e Fevereiro de 2014. Presidiu à Assembleia Municipal de Coruche no mandato autárquico de 1997-2001.

Em representação do PCP, integrou a Comissão Promotora das Comemorações Populares do 25 de Abril (desde o seu início na década de 70), e fez parte da Comissão Coordenadora da FEPU e da APU.

José Casanova faleceu, após doença oncológica grave, no dia 15 de Novembro de 2014. Era então membro do Comité Central. O seu funeral realizou-se para o Cemitério do Alto de São João, em Lisboa. Nas cerimónias fúnebres estiveram presentes milhares de pessoas: familiares, amigos e camaradas – a grande maioria – mas também representantes de organizações sindicais e políticas, autarquias, clubes e colectividades.

Além da sua actividade como militante comunista, era um benfiquista entusiasta, que assistia aos jogos no Estádio da Luz sempre que a agenda pessoal e política o permitia. (O Presidente do Sport Lisboa e Benfica esteve presente no seu funeral).

Obras de José Casanova

Romances

Foi autor de vários romances:

  • O Caminho das Aves. Lisboa: Caminho, 2002.
  • Aquela noite de Natal. Lisboa: Caminho, 2005.
  • O Tempo das Giestas. Lisboa: Caminho, 2007.
  • Catarina Eufémia – Militante comunista. Mulher de Abril. Companheira de Luta. Lisboa: Edições Avante!, 2014.

Prefácio

Escreveu o prefácio de várias obras:

  • Cartas da Clandestinidade de José Magro. Lisboa: Edições Avante!, 2007;
  • A Questão do Estado, Questão Central de Cada Revolução de Álvaro Cunhal. 2ª edição. Lisboa: Edições Avante!, 2007;
  • Poemas – Maio, trabalho, luta. Lisboa: Edições Avante!, 2010;
  • Álvaro Cunhal: O culto de um ideal, de Nuno Martins. Lisboa: Fonte da Palavra, 2014.

Vídeo

Intervenção de José Casanova, Director do Jornal “Avante”

Festa do Avante! 2011

 

José Casanova, na sede do PCP, em Lisboa

 

O dirigente comunista José Casanova, foi director do jornal Avante! desde 1997 até ao início de 2014.

 

«Fanga» Obra de Manuel Ribeiro de Pavia, in Servos da Gleba

 

[1] Apesar da brutal repressão, houve ao longo dos 48 anos, diversos focos de luta dos jovens contra o fascismo: nas escolas (liceus, escolas industriais e comerciais, universidades), e nas empresas. Entre as várias estruturas, destacou-se o Movimento de Unidade Democrática Juvenil (MUD Juvenil) que foi criado para dar expressão a essa luta, aproveitando todas as possibilidades de actuação política legal, em articulação com a acção clandestina e semilegal.

Na década de 50, o MUD Juvenil teve grande importância no Movimento associativo estudantil e na eleição de dirigentes associativos comprometidos com os valores democráticos. A mobilização e acção do MUD Juvenil foi ainda determinante para contrariar a influência da organização paramilitar criada pelo regime fascista, a Mocidade Portuguesa, de participação obrigatória para crianças e jovens.

[2] O jornal Avante! – órgão oficial do Partido Comunista Português – é publicado desde 15 de Fevereiro de 1931, primeiro na clandestinidade e com saída irregular, mas a partir de 1941 foi editado, sem interrupções, com mais regularidade, pelo menos uma vez por mês. Em 17 de Maio de 1974 foi publicado o primeiro número fora da clandestinidade, e desde então passou a ser um semanário.


Dados biográficos:

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