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João de Sousa

Domingo, Outubro 6, 2024

Mediocracia e “oráculo-comentadores”

João de Sousa
João de Sousa
Jornalista, Director do Jornal Tornado

Mediocracia e oráculo-comentadores | órgãos de informação

Trata-se, em termos gerais, do controlo dos órgãos de Comunicação Social por um pequeno grupo de capitalistas que, por sua vez, contratam uma série de pessoas para formarem a opinião pública e, dessa forma, terem absoluto controlo sobre a suposta Democracia em que vivemos. Em todas as áreas: política, desporto, cultura, sociedade, etc.

Difícil de entender? Então eu explico:

Os grandes órgãos de Comunicação Social existentes em Portugal são a RTP, SIC e TVI, a TSF, Renascença, Comercial e RDPs, Correio da Manhã, JN/DN, Público, Expresso e revistas TV7Dias, VIP, TvGuia e TVMais, com todo o respeito que os outros órgãos de informação me merecem, alguns deles controlados por capitais angolanos de proveniência duvidosa.

Estamos a falar de televisões, rádios e jornais controlados, além do Estado, ou seja pelo Governo, por quatro ou cinco empresários: Pinto Balsemão, Belmiro de Azevedo, Jacques Rodrigues e Paulo Fernandes.

Portugal perdeu órgãos de informação

Nos últimos anos Portugal perdeu, entre outros órgãos de informação importantes, os semanários Tal&Qual, Independente, Crime, bem como os diários Comércio do Porto, 24horas e Capital, para falar só dos que me lembro. O Diário de Notícias, Público e “i” estão pelas ruas da amargura. Rádios fechadas foram aos montes. Televisões apareceu apenas a CMTV controlada pela Cofina. Mais do mesmo.

Face a este quadro, é óbvio que a independência propalada pelos nossos órgãos de Comunicação Social não passa de mera fantasia. Pura ilusão. Os nossos profissionais de informação – recuso-me a tratá-los por jornalistas – mais não passam do que de caixas de ressonância dos seus empregadores. A sua notoriedade fica a dever-se mais à visibilidade que lhes é proporcionada pelos seus patrões do que ao cultivo de um verdadeiro talento.

Os que sobrevivem às alternâncias políticas

E depois chegamos aos nossos “oráculo-comentadores”.

Permitam que me ria. Mas de oráculo pouco têm. Na maioria dos casos são mais taberneiros. Falamos de cerca de 50 “tasqueiros” que, graças ao seu “sim, senhor patrão ou ministro”, sobrevivem a todas as alternâncias políticas e empresariais. Dividem entre eles as senhas de presença em rádios, jornais e televisões. Outras 50 pessoas fariam o mesmo trabalho tão bem ou melhor que eles. Mas estes cerca de 50 escolhidos, longe de fazerem concorrência uns aos outros, não param de trocar cumplicidades. Bajulam-se até uns aos outros. Encontram-se, jantam e até, se for preciso, beijam-se. Estão de acordo em quase tudo.

Todos eles sabem que têm um poder sem legitimidade e que só são conhecidos e têm influência na vida dos portugueses porque aparecem frequentemente nos órgãos de Comunicação Social.

Conclusão: como escreveu em tempos Serge Halimi, no livro “Os cães de Guarda”: “Media cada vez mais presentes, jornalistas cada vez mais dóceis, informação cada vez mais medíocre.”

Mas é disto que o povo gosta!

Ah pois é!

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