Poemas de Delmar Maia Gonçalves
I
“O campo e Eu”
Entre o campo e Eu
há uma ponte
segura e larga
Sobre ela
Estrelas-do-mar
me enredam.
II
Poeta…!
Não te esqueças nunca
que amanhã
podem
o sol e a lua
nascer
aguardando em vão
teu despertar!
III
Antigamente
quando não era gente
e era infeliz
porque era gente
e me sentava na esteira
porque era gente
e era humilhada
porque era gente
e era massacrada
porque era gente
e era presa
porque era gente
e era xambocada
porque era gente
e era espancada
porque era gente
e era insultada
porque era gente
e era morta
porque era gente…!E agora já não sou mais!
E agora já não sou mais!!!
Agora
que sou gente
porque sou gente
ausentei-me
de ser gente
para ser número
para ser cifrão
para ser laboratório
para ser gente
que não é!
E perdi a voz
que tive
quando não era gente
porque era gente
Mesmo quando
tive de cantar
serenatas
com cheiro e carícias
de balas
de chumbo e pólvora!
IV
“Não entendo…”
Não entendo
a obscuridade plantada
no sentido das coisas
nos dias que se perfilam.Longa tem sido
a sombra obscura
que cobre os diasApesar de tudo
ainda amanhece.
XLV
Há palavras
que são como os seixos do caminho
Há palavras
que são como o mar
E o mar companheiros,
o mar chega ao infinito!
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