A Arábia Saudita e a Rússia concordaram em congelar os níveis de produção de petróleo, num esforço coordenado dos dois maiores produtores mundiais de “ouro negro” para tentar conter a descida de preços que tem agitado economias, mercados e empresas, revelou a Bloomberg.
O negócio, que deixa de fora o Irão, é a primeira iniciativa coordenada entre países produtores da OPEC e não-alinhados em mais de 15 anos. A Arábia Saudita já disse, entretanto, estar aberta a novas operações conjuntas.
O acordo para fixar a produção em níveis de Janeiro inclui o Qatar e a Venezuela e é o “início de um processo” que pode implicar “outros passos para estabilizar e melhorar o mercado”, disse o ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Ali Al-Naimi, hoje, em Doha, capital do Qatar, após conversações com o ministro russo da Energia, Alexander Novak.
A Arábia Saudita tem resistido a fazer cortes na produção para elevar os preços do petróleo, argumentando que iria perder quota de mercado, a menos que os seus concorrentes concordassem em fazer o mesmo.
Naimi, afirmou à Bloomberg, que “a razão porque concordámos num potencial congelamento da produção é o início de um processo” que vai desenrolar-se nos próximos meses. “Não queremos variações significativas nos preços, nem uma redução da produção, queremos ir ao encontro da procura e estabilizar o preço do petróleo”, acrescentou.
Irão e Iraque “devem fazer parte da solução”
Para Eugen Weinberg, director de pesquisa de “commodities” do Commerzbank, “este anúncio implica o congelamento da produção em países em que a produção nem sequer cresceu recentemente”. Para o responsável, “se o Irão e o Iraque não fizerem parte do acordo, não vai valer de muito, e há ainda a questão do cumprimento das regras internacionais”.
Entretanto, segundo a agência financeira, o Irão tenta reconquistar quota de mercado, independentemente dos preços. O Iraque, por seu turno, continua a aumentar a produção, à medida que vai recuperando de anos de conflitos e falta de investimento. A produção do país atingiu um recorde de 4,35 milhões de barris por dia, em Janeiro, e pode aumentá-la ainda mais nos próximos tempos, segundo a Agência Internacional de Energia.
“Um congelamento pode não criar uma reversão imediata dos preços, mas cria melhores condições para a sua recuperação no segundo semestre”, disse Olivier Jakob, director-geral da Petromatrix GmBh.
O Qatar vai liderar a monitorização do congelamento da produção, adiantou Mohammad bin Saleh al-Sada, ministro da Energia daquele país do Médio Oriente. “Os preços baixos do petróleo não têm sido positivos para o mundo”, defendeu.