Poemas de Delmar Maia Gonçalves
XX
Quando a perdiz canta
acorda
toda a floresta.
XIII
Corvo de mau agoiro
traz mensagens
de morte.
V
A esperança
repousa inquieta
na pedra do mundo.
“Poeta solitário”
Cantemos
a beleza
e o espanto
Pois
solitários
permaneceremos.
“Rosto da vergonha”
Entro num templo
entro na casa de Deus na terra
e vorazes , os homens
vão devorando
as sagradas escrituras
com estridentes
e convincentes
“Pai(s) nosso(s)
que estais nos céus…”
Entretanto,
junto à porta
na escadaria majestosa
frontal
uma criança desnuda
vocifera
tremelicando faminta:
– Patrão, estó pidir…!
E tem 9 anos apenas.
(interessa o nome?)
Claro que não!
Isso é importante?
Definitivamente, não!
Este mundo mundo belo, estranho e hostil
rejeita-o
É mais um pária da sociedade
que o gerou
mais um entre muitos!
Neste mundo brutal
que o acolheu
nunca teve um simples
aceno de ternura ou um simples abraço afectuoso
Esta alma virgem e impoluta quer desesperadamente viver,
Viver!!!Viver!!!
Só pode sobreviver!!! É a lei dos sem lei!
Mas quem se preocupa
em plantar nela
a semente da esperança?
-Patrão, estó pidir…!
E nós quase sempre arrogantes, civilizados, altivos,
orgulhosos, pretensiosos e indiferentes
afastamo-nos!!!
Terminado o sermão
do senhor Cónego de serviço e missão
retiramo-nos felizes
e aliviados da consciência pecadora
No vôo passageiro do vento
depusemos o que de mais puro e generoso há em nós!
Onde pára então o vento?
Em que casulo repousa?
Que tempestades causa dentro de nós?
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